O Primeiro Congresso Anarquista no México foi realizado durante a última semana de abril, no auditório “Che Guevara”, um edifício histórico no campus universitário, expropriado pelos estudantes na Cidade do México. Concluiu-se com uma avaliação produtiva, embora esta avaliação não fosse compartilhada por alguns dos grupos ali presentes ou mesas de trabalho que não puderam/souberam concluir os trabalhos, mas que, de qualquer maneira, foram mínimas.
Este Congresso foi uma reunião de diálogo e ação para a prática do apoio mútuo, compartilhar experiências, organizar atividades e ações conjuntas contra a dominação, exploração e a favor do comunismo libertário. O atual evento poderia ser um reflexo dos primeiros congressos da Federação Anarquista do México, realizados em 1941 e 1945, em León Gto. e o último realizado em 1953 em Nayarit. Agora convergem novas propostas para anarquistas para o México do século XXI, a ser realizado contra a ordem do sistema político e econômico vigente do México, que refletem as condições de pobreza que estão submersos mais de sessenta milhões de pessoas, e como os governos de esquerda e direita têm vindo a implementar uma política de repressão de grupos e indivíduos anarquistas, contra a sociedade em geral e, finalmente, a possibilidade de consolidar um movimento anarquista no México apto a lidar com esta situação.
Uma projeção de vídeo do anarquismo mexicano que fazia menção ao passado e presente, levou à declaração de abertura do 1º Congresso Anarquista do México, onde destacava as finalidades e propósitos para a realidade atual. Minutos mais tarde, as delegações da CNT-AIT (Confederação Nacional do Trabalho – Espanha), a Federação Anarquista Francófona, a FORA-AIT (Federação Trabalhista Regional da Argentina), Cruz Negra Anarquista da Colômbia, enviam os sinceros cumprimentos ao Congresso. Posteriormente, foram lidas cartas enviadas pela Internacional de Federações Anarquistas, o Movimento Libertário Cubano, a Federação Libertária Argentina, a Federação Anarquista de Berlim, e também, apoio e saudações de editoras, publicações e personalidades (Edições Malatesta, Grilo Libertário, O Libertário da Venezuela, Edições Tocha, Octavio Alberola…)
Depois começaram as oficinas que enfatizam a difusão do ideário anarquista em organizações estudantis; a criação de um grupo anarco-sindicalista, que continue o trabalho que, em outros tempos, estava ligado à AIT e com o objetivo de fortalecer as relações e esforços novamente com a Internacional; a promoção da pedagogia libertária (Blog da Confederação dos Pedagogos Anarquistas, projetos de docência…); o desenvolvimento de campanhas contra a opressão e a exploração de todos os seres vivos; o agendamento uma Primeira Reunião de Ocupas no México e organizar reuniões com os bairros, contra a especulação e propriedade privada; a realização de manobras concretas de solidariedade com os prisioneiros (diretório de presos anarquistas, manuais de defesa contra as detenções); a criação de laços estreitos e tangíveis entre grupos anarquistas com o povo e a criação da literatura anarquista virtual… entre outros.
No sábado, último dia de deliberações, juntaram-se os companheiros por afinidade aos grupos de trabalho que não já eram temáticos. Consistia em apresentar suas experiências de organização e de luta em diferentes áreas, para aumentar e amadurecer um processo organizacional anarquista em todo o México, como um preâmbulo para a discussão e conferência. Além disso, as decisões finais foram discutidas em uma plenária final informativa. Fechando o dia, mulheres anarquistas atacam o estrado em protesto, segurando faixas e cartazes denunciando a violência de gênero e a opressão contra as mulheres, um problema que ocorre até mesmo dentro do nosso movimento. Casos como da companheira Salí, assassinada por um “companheiro” em Oaxaca em 2008, e outros semelhantes em nosso meio são a prova disso.
Cabe destacar a presença de estudantes, professores, trabalhadores, ex barricadeiros do movimento social de Oaxaca 2006, que refletem outra realidade de um anarquismo que está começando a ressurgir no México. No final do congresso, foi anunciada a assistência de cerca de 600 participantes de todo o México e de 10 países e, portanto, se dá por encerrado e é dado por um ato que excedeu as expectativas de quase todos.
A noite de sexta-feira, foi anunciado que o prisioneiro indígena Abraham Ramírez Vázquez, lutador pela autonomia dos povos indígenas e defensor dos recursos naturais do seu povo, foi liberado após ser preso por mais de seis anos, havendo uma ovação de pé da platéia.
Para fechar o dia, os esforços foram depositados na grande Marcha Anarquista do 1º de Maio. Os anarquistas tomaram as ruas e nenhum governo de esquerda ou direita poderiam parar com suas táticas repressivas de encapsulamento ao contingente libertário. Tanto os companheiros de dentro como de fora do cerco, mostraram pressão sobre o seqüestro de pessoas e de idéias, que tanto incomodam ao poder. Além disso, tornou-se algo evidente que certifica a ação social dos anarquistas, a solidariedade de pessoas e organizações fora do movimento libertário que ficaram indignados ao ver o assédio da polícia de que foram vítimas.
É assim que termina o que pode muito bem ser um bom sinal de um ressurgimento anarquista.
Mais informações: congresolibertario.blogspot.com
Secretaria de Relações Exteriores, Comitê Confederal da CNT [espanhola]
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!