Na noite da quarta-feira passada (19 de outubro) atacamos o gabinete de Jenny Macklin, membro do Partido Trabalhista Australiano e Ministra de Assuntos Indígenas. Fizemos isso porque o governo australiano é um governo de ocupação e colonização continua dos povos indígenas deste país. Nossas ações são ações de solidariedade com os povos indígenas que foram invadidos, cujas terras foram roubadas, que foram expulsos a força de suas terras, de suas famílias, cujas culturas e línguas tenham sofrido danos irreversíveis, e ainda estão sofrendo as contínuas ondas de ataque por nosso governo colonial, neste mesmo gabinete de “Assuntos Indígenas”.
Também realizamos esse ataque porque, como cidadãos não-indígenas deste país, nos colocamos em uma situação em que beneficiamos materialmente a colonização dos povos indígenas. Aprendemos a negar a realidade das origens da nossa riqueza material – somos o “país afortunado”. O mito da sorte oculta a realidade da guerra e de ocupação, com base em nossas vidas. Nascemos em uma sociedade que nos diz que esta atividade colonial é uma coisa boa, que é “para nós”, que é “para eles”. Que a cultura materialista e capitalista é “boa” e “benéfica”.
Aprendemos que todos merecem o “grande sonho australiano”, construído sobre as ruínas da guerra colonial. Mas o sonho é um mito. Agimos porque queremos romper a monotonia de sua existência. Não acreditamos que a comodidade material é a única qualidade que faz a vida “boa”. Agimos porque não acreditamos na superioridade cultural do capitalismo, e rejeitamos a lógica missionária de assimilação dos povos indígenas para dar-lhes uma vida “melhor”. Não acreditamos que uma vida baseada exclusivamente no consumo, vazia de verdadeira emoção, de comunidade, de individualidade e de alegria é a “melhor” forma de vida. Esta sociedade é tediosa. É vazia e insatisfatória. Está construída sobre uma rede de mentiras, dor e sofrimento, perseguida por memórias quase apagadas de formas de vida que perdemos.
Rejeitamos essa cultura de negação. Rejeitamos esta sociedade que está nos dizendo que devemos aceitar o papel que nos foi dado, seja de “oprimidos” ou “opressores”, “colonizados” ou “colonizadores”. Estamos contra a colonização. Estamos contra a assimilação do mundo na cultura capitalista de supremacia branca. Todo mundo está resistindo a este sistema todos os dias em muitas formas diferentes – desde os aparentemente insignificantes, como cada vez que alguém rouba algo da loja Woolworths, sempre que não compra um bilhete no trem, cada vez que desliga a televisão porque está farto de tanta merda sem sentido, até as greves comunitárias e lutas urbanas. Esta é uma forma que optamos não apenas para resistir, mas para intensificar nossa resistência e nossas vidas. Através desta ação estamos recuperando a nossa dignidade e declaramos que nos recusamos a ser cidadãos “obedientes” da Austrália colonial.
Unaustralians
agência de notícias anarquistas-ana
No entardecer
O azul celeste
Manchado é pelo arranha-céu
Dalva Sanae Baba
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!
Um puta exemplo! E que se foda o Estado espanhol e do mundo todo!