[Grécia] Um policial secreto admite que estava vigiando ativistas contra os pedágios

[Não estamos surpresos com a notícia. Não tínhamos falsas ilusões do papel da polícia. No entanto, vale registrar e divulgar a notícia da aceitação, por escrito, da vigilância de alguns cidadãos por forças repressivas, a fim de fichá-los e depois chantageá-los, silenciar a luta contra o totalitarismo, reprimir a resistência aos tributos que nos tem impostos, tornando a vida impossível. Além disso, intimidar a sociedade. Abaixo está a história e explica brevemente algumas reflexões sobre o papel de todos os agentes do poder que participam neste jogo sujo.]

As forças de “Segurança” na cidade de Volos reconhecem e admitem que estavam monitorando os membros da comunidade “Não pagaremos sua crise”. Um dos policiais que havia sido ordenado para acompanhar essas pessoas testemunhou sob juramento que, em 9 de janeiro, um dia de ação nacional contra os pedágios, ele esteve nos pedágios de Mosjojori “a fim de realizar uma busca ordenada por seus superiores e identificar algumas pessoas entre os manifestantes”. Seu testemunho não foi negado por seus superiores. Trata-se de um sujeito chamado Vasilis Ikonomu, que tem se dedicado, pessoalmente ou com seu bando, à vigilância e registro de ativistas sociais em Volos e em outras cidades.

Este policial, agindo disfarçado, contou cerca de 60 manifestantes, enquanto o próprio diretor-geral da rodovia havia contado uns 100. Entre os manifestantes argumenta que reconheceu três pessoas. Além disso, o mesmo policial tão inteligente, não pode registrar e anotar corretamente as palavras de ordem das faixas desfraldadas. Em vez disso, registrou algo que nunca tinha visto, mas deveria estar entre os lemas: “Que sejam eliminados todos os pedágios”.

O testemunho de um policial, peão das forças repressivas, demonstra mais uma vez que os terroristas das chamadas forças “segurança” garantem a segurança dos interesses da classe abastada, dos patrões, banqueiros, empreiteiros, capitalistas.

No caso dos pedágios, em cada mobilização ou ação contra os pedágios, a polícia registra a placa dos carros das pessoas que delas participam, para em seguida escolher um deles e chamá-los para depor em delegacias de polícia. Ditadura pura. A última lei tornou a recusa em pagar os altíssimos pedágios em uma infração ao Código de Circulação. O terrorismo é completado com as demandas, as ameaças de confisco de casas, e, claro, com os cães do Regime, a Polícia Rodoviária, que detêm veículos que passam sem pagar os pedágios, a poucos quilômetros de distância deles, para cobrar de seus condutores com a violação da metade das cláusulas do Código de Circulação.

Todas essas escórias estão trabalhando juntos. Os diretores da empresa que detêm os pedágios de um trecho da rodovia pediram proteção policial para ficarem mais tranqüilos, cobrando valores penosos ao povo, que já nem ousa passar um fim de semana em alguma cidade com tantos pedágios espalhados pelas auto-estradas, rodovias e estradas nacionais de única pista em cada direção.

As grandes empresas de construção e consórcios que estão nos sugando o sangue nas estradas foram feitas para a exploração delas, investindo uma mínima parte do capital que foram investidos, tomando um empréstimo para o restante capital (por vezes para todo o capital) e nunca apenas com os seus próprios fundos. O dinheiro restante está pagando e vai continuar pagando o povo grego, com juros altos. Além disso, estará pagando os benefícios enormes de tal consórcio, por décadas ou mesmo séculos. O Estado cobra e ao mesmo tempo aterroriza e pune aqueles que resistem a este roubo descarado e impiedoso do povo grego.

Os banqueiros e todos os burocratas e outros parasitas que o cercam estão fortemente envolvidos neste jogo sujo, embora isso não seja claro à primeira vista. São responsáveis pelo financiamento das obras, se é que essas obras são feitas… São os que oferecem empréstimos a várias empreiteiras, que depois cobram juros altíssimos ao povo chamado a pagar esses empréstimos. São os que estão se beneficiando com os confiscos. São as ligações entre a autoridade política e econômica. Eles constituem a elite mais podre e asquerosa.

A chamada “Justiça” aprova qualquer lei que é dirigida contra aqueles que resistem ao Regime, ao mesmo tempo colocando multas, penalidades e aplicando todos os tipos de medida que poderia exterminar economicamente ou de outra forma.

Os políticos são os que concedem a exploração de estradas para os empreiteiros e em geral ao capital privado. Eles são responsáveis por montar a legislação adequada para que o capital possa fazer o que quiser. São responsáveis pela preparação e aprovação de leis que intimidam e reprimem o povo, para ele seguir submetido e obediente, e, no caso dos pedágios, continuem a pagar este imposto absurdo ao capital e ao Estado.

Os diversos órgãos das forças de repressão, polícias estatais e privadas, são os cães do Regime, os valentões mais odiosos deste sistema podre. De acordo com seus mestres e, por vezes com eles, ameaçam, chantageiam, reprimem, controlam. Eles realizam o trabalho sujo de um negócio igualmente sujo.

Os meios de desinformação e manipulação de massa, com a sua propaganda e lavagem cerebral constante, são os que preparam o terreno para que a sociedade seja convencida de que deve pagar o pedágio, para o bem comum. São os que difamam descaradamente aqueles que resistem coletivamente a este tributo, aqueles que se recusam a pagar e incitam a desobediência para recuperar o que estão nos roubando todos os dias. Na Grécia, muitos dos proprietários de canais de televisão, rádios e jornais estão envolvidos no roubo das pessoas através dos pedágios.

Os empregados dessas empresas não são inteiramente inocentes. Muitos deles apóiam os interesses de seus patrões, às vezes com mais fervor do que eles. Assimilaram a propaganda deles, esperando algumas migalhas em troca de seus serviços.

São muito precisos com as palavras de ordem que conclui o comunicado do Comitê de Luta de Tessália “Não pagaremos sua crise”:

Que todos se vão!

Por uma sociedade sem exploração, serviços encomendados e vidas destruídas.

Para a elaboração deste texto foram usados dados do comunicado do Comitê de Luta de Tessália “Não pagaremos sua crise”.

agência de notícias anarquistas-ana

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cactus florescem
enquanto a lua não vem
Nenpuku Sato