Foi formada há alguns dias uma coalizão de três partidos. Este governo foi instalado sob as ordens dos bancos transnacionais e da Soberania global, sem ter a mínima legitimidade burguesa para governar, já que não surgiu a partir das sagradas eleições gerais. Quando a classe dominante e seu Regime correm um risco mínimo de ser derrubados, não escondem as aparências. É então quando se unem todos os agentes da normalidade burguesa e desaparecem as linhas divisórias artificiais entre Direita, extrema Direita, Centro e Esquerda. E é quando se esquecem os “processos democráticos”. É então que todos esses parasitas se agrupam para realizar um projeto de “salvar o país” ou “resgate econômico”, ou salvar a pele e salvaguardar a integridade de seu Regime. O ultradireitista Voridis, atualmente ministro dos Transportes e Infra-estrutura, bem como os de sua condição, fazem parte deste projeto.
Foi escrito pela primeira vez após a ditadura (1967-1974) e a transição, que o governo grego tem um membro ultradireitista (na verdade, os ultradireitistas patenteados do governo são quatro). Isso, no entanto, não é verdade. Primeiro, porque a ditadura não acabou em 1974… Segundo, porque muitos membros de vários governos são partidários e implementaram a ideologia do neoliberalismo, do corporativismo fascista, do totalitarismo, do nacionalismo. É que Voridis e os outros três membros do partido ultradireitista que participam do governo são patenteados como tal, por mais que os meios de desinformação tenham se esforçado para preparar o terreno para a aceitação regular por parte da sociedade grega. A seguir publicamos um breve relato dos “trabalhos e dias” deste senhor.
Εm 1979, foi um dos fundadores do grupo de estudantes nacionalista-fascista, chamado Estudantes Livres. A fundação deste grupo teve lugar na “Escola de Atenas”, uma das escolas privadas mais caras na Grécia. Voridis, sendo descendente de uma família de peixes grandes, estudou junto com outras crianças mimadas da classe rica nesta escola. Este grupo estabeleceu relações com grupos neonazistas de ultras e outras facções nacionalistas, dos quais recrutavam membros.
Em 1984, visita o preso Papadopoulos, chefe da ditadura dos coronéis (1967-1974), que lhe dá a sua bênção e a nomeação como líder da Juventude do partido ultradireitista, um defensor da ditadura, fundada pelo mesmo ditador preso. No mesmo ano, a Assembléia Geral dos estudantes da Faculdade de Direito lhes dá baixa da Associação de Estudantes, por sua ação fascista. A favor da sua baixa como membro da Associação de Estudantes votou até a Juventude do partido direitista (Nova Democracia).
Em 1985, um grande grupo se manifesta no centro de Atenas contra a repressão generalizada e a violência policial. Voridis, brandindo um machado, lidera o ataque de um grupo de fascistas e paraestatais armados contra os manifestantes, que conseguiram repelir os fascistas. Estes últimos se refugiaram nos escritórios do seu partido, onde permaneceram por algumas horas bem guardados, protegidos pelas forças de repressão.
Em 1986, Voridis liderou um grupo de fascistas armados, que invadiu a Faculdade de Direito, enquanto dentro dela estava acontecendo uma reunião do Conselho Central dos Estudantes, a fim de pôr uma demanda contra a ação terrorista. Poucos dias antes, Voridis havia participado em outro ataque contra os alunos. Vários estudantes ficaram feridos na carga dos fascistas. Além disso, a invasão de Voridis e sua gangue causaram graves danos ao edifício da Faculdade de Direito. Muitos anos depois, ele mesmo “argumentou” em favor da eliminação do direito de asilo universitário, sustentando que durante as ocupações de universidades são causados danos à propriedade pública…
Em 1994, fundou o partido neofascista e nacionalista Frente Nacional. Na sua fundação participaram todos os resíduos da ditadura dos coronéis, as escórias da extrema-direita grega e vários paraestatais. O partido fascista de Voridis será nomeado por Le Pen seu representante oficial e porta-voz na Grécia. No mesmo ano, fascistas de um grupo terrorista (Mavi) que tinha relações íntimas com o partido de Voridis, invadiram o território da Albânia e mataram dois soldados albaneses. Nos folhetos divulgados na Albânia e na Grécia, consideraram que o atentado foi feito para libertar a minoria grega do sul da Albânia. Nos dias seguintes ao ataque, o Regime albanês realizou um verdadeiro pogrom contra os gregos da Albânia. O mesmo Voridis deu um álibi para um dos presos e acusado pelo atentado, afirmando que no dia do ataque terrorista o réu participava do congresso de fundação do seu partido. Dois dos protagonistas do atentado, amigos e membros do partido de Voridis, serão detidos poucos dias depois, com um verdadeiro arsenal em seu carro e apartamento.
Em 1997, o partido nacionalista de Voridis Frente Nacional organizou a Reunião Nacionalista Européia, da qual participaram, entre outros fascistas, o partido de Le Pen Frente Nacional e as escórias da Frente Nacional da Espanha.
Em 2000, a Frente Nacional de Voridis colaborou com o partido neonazista Proti Grammi (Primeira Fila).
Em 2005, o Comitê Central do partido fascista-nacionalista de Voridis, a Frente Nacional, decidiu incorporar todo o partido de extrema-direita Laos. Este último partido tem presença no parlamento grego nos últimos anos.
Em 2011, o governo de “salvação nacional”, composto pelo partido governante Pasok, o direitista Nova Democracia e o ultradireitista Laos, nomeia Voridis como Ministro dos Transportes e Infra-estrutura.
• Em anexo imagens de Voridis em sua juventude, carregando um machado durante um ataque contra uma manifestação de estudantes universitários.
agência de notícias anarquistas-ana
o dia abre a mão
três nuvens
e estas poucas palavras
Octavio Paz
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!