Por Signe Brewster
[Desde sua formação em 2007, Noisebridge cresceu de pequenos encontros em cafeterias para um espaço transbordante na Rua Mission, onde os membros podem buscar projetos que o mais louco cientista aprovaria.]
Quando o Noisebridge abriu as portas de seu primeiro espaço hackerativista no distrito Mission em San Francisco’s em 2008, não havia nada além de uma grande mesa e algumas cadeiras encontradas na rua.
Hoje, parece que um cientista maluco tem acumulado metodicamente ferramentas, invenções, arte, suprimentos e um pouco de tudo por cinco anos. As 350 pessoas que passam pelo Noisebridge toda a semana tem o hábito de deixar uma marca, através de doações de ferramentas ou construindo alguma coisa que outros visitantes possam intervir pouco a pouco. Qualquer um pode ser um membro pagante ou usuário livre do espaço, e ao longo dos anos transformaram o local em um ambiente onde é possível codificar, costurar, hackear hardwares, cozinhar, construir robôs, talhar madeira, aprender, ensinar, e muito mais.
Os membros realmente são cientistas loucos. Qualquer coisa deixada no espaço comunitário pode ser utilizada para “construir um robô gigante”, de acordo com o co-fundador Mitch Altman. Certa vez, alguns membros pegaram uma cadeira de rodas quebrada e a transformaram em um robô controlado por ondas cerebrais chamado M.C. Hawking. Outra pessoa fez calças com um teclado embutido. O grupo “The Spacebridge” (A Ponte Espacial) enviou balões de alta altitude próximos do espaço sidereal, onde capturaram lindos vídeos do Planeta Terra. E uma vez por mês, os Hackers Veganos ensinam seus pupilos a fazer pratos como Sushi e massas através de ingredientes veganos.
Altman disse que o poder do Espaço Hacker se faz evidente quando você observa projetos que se constroem baseados uns nos outros. Um membro uma vez construiu uma tornozeleira que apitava exatamente quando apontava para o norte. Após algumas semanas, quem a utilizasse desenvolvia um senso inato de direção. Então, outro membro construiu um vestido coberto por linhas verticais de luz LED. As linhas apontadas para o norte brilhavam.
“Indivíduos acrescem às coisas que outras pessoas estão fazendo aqui. Isso é mais legal pra mim do que qualquer projeto específico”, disse Altman. “Você olha ao redor, e não existem paredes divisórias. É tudo aberto. Costurar, soldar e cozinhar, tudo acontece junto. Quando as pessoas estão expostas a isso, não existem barreiras (não importa o pouco que você saiba) para vir aprender com o que outras pessoas estão fazendo. Essa é a cultura do Noisebridge e no geral de todos os Espaços Hackerativistas; não importa o pouco que você saiba, você sabe algo que outros não sabem, e pode mostrar à outras pessoas que ficarão agradecidas”.
Altman, que é considerado pioneiro da realidade virtual e co-fundador da companhia de eletrônicos 3ware, fundou o espaço com o pesquisador de segurança de computador Jacob Appelbaum após anos de conferências hacker. Ele sempre se sentiu como um forasteiro, mas as conferências finalmente o deixaram confortável. Ele compareceu à uma palestra no Acampamento de Comunicação Caótica de 2007 (Chaos Communication Camp) onde um grupo de alemães descreveram o processo de começar um Espaço Hackerativista e de repente descobriu que seu senso de pertencimento não precisava acabar no fim de cada conferência.
Noisebridge começou. Um pequeno grupo se encontrava em cafeterias toda semana, mas logo se tornou muito grande. Eles adotaram um depósito como ponto de encontro informal, e então em 2008 fundaram seu primeiro espaço em Mission. Este espaço também cresceu muito, e em 2009 mudaram para a localização atual, um bloco e meio mais longe.
Appelbaum não mais participa do Noisebridge. Enquanto porta-voz original do Wikileaks e porta-voz e desenvolvedor do Tor, uma rede que torna anônimo qualquer usuário da internet, ele se tornou um alvo frequente para o governo dos Estados Unidos. No momento, ele mora em Berlim. Seus ideais vivem no acolhimento de um nó de rede do Tor no Noisebridge, que é uma parte visível necessária da rede que permite que outras pessoas permaneçam no anonimato. Trouxe o FBI à nossa porta duas vezes.
Altman também está frequentemente ausente, visto que visita constantemente outros Espaços Hackerativistas ao redor do mundo. Mas ele está suficientemente ativo na Noisebridge para saber quem é regular e para inspirar aos recém-chegados. Durante uma tour ao redor do espaço, ele distribuiu conselhos, abraços e conversas com inabalável paciência para dezenas de pessoas que se aproximaram dele. As 19h, ele começou a preparar um circuito de aulas de hackerativismo que estava ensinando aquela noite.
Ser um lugar livre para todos tem seus problemas. Sem-teto são livres para usar as ferramentas e recursos, e o fizeram no passado para começar uma nova fonte de renda sustentável, mas alguns encaram o espaço apenas como um lugar quente pra dormir. Caixas de dinheiro e ferramentas desaparecem ocasionalmente.
Noisebridge é também anarquista, o que significa que não existem líderes. Há apenas uma regra: seja excelente com o outro. Membros debatem várias perspectivas sobre o significado de excelência para resolver problemas. Às vezes ínfimas grosserias aparecem na lista de e-mails. Muitas pessoas foram banidas das premissas por seu comportamento.
Mas as coisas se ajeitam, como fica evidente pela calma colaboração e os numerosos projetos ocorrendo em qualquer noite. Mesmo a terrível situação financeira que o Noisebridge se encontrava em março se resolveu. Ao redor de dois terços da verba do espaço vem da mensalidade de U$80 por mês que os membros oficiais pagam (ou os U$40 que pagam na percentagem do “hacker faminto”). A terça parte remanescente é feita de doações, seja de U$5 de um visitante regular ou U$1000 de um estrangeiro gentil. Um declínio de dois meses nas doações deixou o Noisebridge em perigo de não conseguir pagar os U$5000 que precisa todos os meses para sobreviver. Uma arrecadação de fundos e um pedido do tesoureiro por dinheiro conseguiu trazer grana suficiente para continuarmos.
No futuro, Altman quer ver muito mais espaços hackerativistas trazidos à vida; um milhão deles. Cada novo espaço traz novas oportunidades para as pessoas viverem e também para encontrar o que amam fazer.
“Muitos de nós em nosso planeta estão perdendo muito, muito, muito tempo fazendo coisas que não gostamos, e definitivamente muito tempo fazendo coisas que não amamos”, disse Altman. “Se não estamos passando nosso tempo fazendo o que amamos, então a vida passa e você vai morrer sem ter feito nada que ama. E isso é um desperdício. [No Noisebridge], as pessoas podem explorar e fazer o que amam”.
Tradução > Malobeo
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agência de notícias anarquistas-ana
outubro
no teto passos pássaros
gotas de chuva
Paulo Leminski
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!