A seguir, declaração de Noelia Cotelo Riveiro, anarquista sequestrada nos centros de extermínio do Estado espanhol.
Comunicado:
Antes de tudo me parece de lei dizer que por desgraça, “não sou uma presa torturada”. Sou Outra Presa Torturada neste suposto país de direito e democrático. Desde a masmorra onde estou no bunker de isolamento, onde estou a 6 anos encerrada, simplesmente pelo fato de rebelar-me contra as injustiças e as atrocidades que aqui dentro nos fazem os verdugos, a quem temos sangue nas veias para reivindicarmos, para sublevarmos, e os fazemos ganhar o sustento que recebem do Estado por maltratar-nos, violar nossos direitos, torturar-nos física e mentalmente e inclusive assassinar com total impunidade.
Valendo-se do termo abstrato “reinserção”, me mantêm 23 horas por dia encerrada numa masmorra de 3 metros quadrados. Devendo sair a um pátio semelhante a uma jaula, onde há apenas sol, e supostamente só, pois o ilegalizado regime FIES [regime de exceção aplicado por Instituição Penais a presos “mui conflitivos ou inadaptados”]. continua existindo. Dispersa da minha família, dispersa da minha terra, longe dos meus entes queridos. O submundo carcerário do qual ninguém fala por temor de não acreditarem.
Fazendo um rápido resumo da minha estada nestes centros de extermínio, quero relatar minha passagem por aqui e denunciar publicamente o que aqui acontece. Centro Penitenciário (C.P.) Brieva: a prisão onde reina a submissão por parte das internas e impera a palavra dos verdugos. Nesta prisão me torturaram, me quebraram um osso do punho que ficou 30 dias engessado, fruto das habituais surras diárias. Me mantêm totalmente incomunicável (telefone, locutório, cara a cara e correio) de forma habitual, chegando inclusive, os verdugos, a denunciar minha mãe, para manter a incomunicabilidade. Me algemaram e fizeram a contenção mecânica em várias ocasiões, após ser torturada, e na noite de 23 de outubro de 2012, após ser algemada, acordei ao sentir as mãos de um lacaio do Estado, tocando meu corpo. Como não se faz nada? Por que este podre sistema opressor ajuda a que os verdugos gozem de impunidade? Continuo viva, mas muitos irmãos e camaradas têm sido assassinados abominavelmente quando “teoricamente” cumpriam pena. Indução ao suicídio pelo regime opressor restringente, agressões em suas mãos, e nos matam (logo aparecem evidências como se nos suicidasse-mos), nos alteram a medicação para anular-nos (e para assassinar de forma branca, ou seja, “super-dosagem”), nos humilham, nos vexam e até os compas doentes morrem nas prisões por não aplicar-lhes o artigo de liberação por doença terminal.
C. P. Brieva, C. P. Picassent, C. P. Albalote… campos de extermínio e matadouros do Estado. Somos 75 mil presos na Espanha, muita dor, tortura e sofrimento (tanto aos presos como às famílias) pelos quais quero que os laços de solidariedade que nos unem façam pressão e se lute pela abolição da tortura, pela abolição dos cárceres e o regime FIES e para que ninguém mais tenha que viver essas experiências que nos marcam por toda vida. Unamos as vozes e com o punho para o alto lutemos a sorte ou a morte pelos nossos direitos e nossa liberdade.
Contra a sociedade carcerária e seus sicários! Pela anarquia!
Noelia Cotelo Riveiro, C. P. Albolote em Granada
Tradução > Sol de Abril
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