Para okupas, reis da caça ao desperdício, a recuperação é ponto nevrálgico da guerra. A equipe intensiva do Transfo, imensa okupa instalada após novembro de 2012 nos antigos espaços abandonados da EDF, saem aos mercados para recuperar o que não foi vendido, para seu próprio consumo e para as cantinas abertas a todos. Se superaram, indo ao maior mercado da França, o Rungis e, “diplomaticamente”, convencendo alguns horticultores orgânicos a lhes abastecer. Uma façanha num universo drasticamente submisso às normas de higiene e rastreabilidade. Eles voltaram com um furgão repleto de comida, a ponto de distribuir um pouco aos passantes para deixar o furgão mais leve. Dali veio a ideia de organizar todos os sábados, a partir do meio dia, uma feira gratuita como um meio irrefreável de luta contra um desperdício alimentar gigantesco.
Em poucas semanas, o Transfo colhe os resultados: centenas de quilos de frutas e legumes orgânicos desaparecem em minutos; as pessoas vêm até mesmo do lado oposto do bairro nos períodos em que os Restos du Coeur [restaurantes com preços simbólicos ou gratuitos] não estão mais abertos – solidariedade e ecologia andam de mãos dadas. A equipe do Transfo decidiu repatriar a feira da rua ao pátio interno da okupa, afim de melhor canalizar a distribuição um tanto caótica e de favorecer o diálogo entre okupantes e amantes dos legumes orgânicos gratuitos.
Tudo se passa num ambiente amigável. Com um outro olhar dos moradores locais sobre a okupa – que num primeiro momento suscita desconfiança – agora se multiplicam as iniciativas: uma quermesse atraiu um bom número de visitantes nesse verão. Uma assistente social, tendo ouvido falar da okupa por algumas pessoas assistidas por ela, veio visitar o local por curiosidade. Até o site do Ministério da Agricultura mencionou o mercado, omitindo a informação de que ele foi organizado por uma okupa. Omissão que permite à prefeitura e as autoridades responsáveis ignorar a iniciativa, mantendo a okupa passível de expulsão a qualquer instante.
O Transfo, espaço okupado
O Transfo é um espaço okupado desde 14 de novembro de 2012.
O lugar, com quase um hectare que pertence ao EDF, estava vazio há alguns anos. O EDF é um negócio sujo que extorque cada casa vendendo energia nuclear que nos envenena a vida. Também é uma especuladora imobiliária.
Face a essa lógica financeira, nós investimos coletivamente nesse lugar com bases não mercantis.
Convidamos os coletivos e todas as pessoas a descobrir, participar das diferentes atividades já vivas, a propor suas ideias, a fazer viver o lugar com gratuidade, partilha de práticas e conhecimentos.
Essas palavras só fazem sentido embasadas na luta contra o Estado, o sistema capitalista, o sexismo, o racismo e todas as formas de dominação.
O lugar é grande. Há espaço para iniciativas, projetos e desejos.
Está aberto e pleno de potencial, então venham!
Le Transfo
57 avenue de la république
Bagnolet – França
Tradução > Tio TAZ
agência de notícias anarquistas-ana
A orquídea –
a cada instante
o silêncio é outro.
Constantin Abaluta
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!