Durante os últimos meses, várias okupas abriram e fecharam em Amsterdam e nos arredores. Ainda assim, o procedimento de desalojo está se tornando cada vez mais fácil para os policiais. Recentemente, a polícia veio com um antigo truque, o desalojo relâmpago: apesar das okupas serem ilegais, os okupantes ainda possuem o direito à paz doméstica, serem notificados com 8 semanas de antecedência e ser possível abrir um caso jurídico para defenderem-se. Entretanto, nas últimas semanas, dois prédios comerciais okupados nos arredores de Amsterdam foram desalojados por policiais comuns sem nenhum aviso prévio, já alguns dias após a okupação. Os okupantes foram presos e rapidamente liberados sem acusações.
Desalojos sem aviso prévio e sem apresentação de mandado judicial são ilegais, visto que violam o direito a privacidade doméstica dos moradores. Os policiais sabem disso muito bem, mas muito frequentemente se colocam “acima da lei” para servir aos interesses dos proprietários.
Para parar a nova moda dos desalojos relâmpago, os grupos de okupas de Amsterdam estão prestes a processar o Estado, e fazer uma chamada a outros grupos de okupas, para coletar casos de desalojos relâmpago.
Um destes prédios, o Stammerhove 13, em Diemen, foi okupado no domingo, dia 19 de janeiro, e sofreu desalojo relâmpago após 5 dias pela polícia regular. Quatro pessoas foram presas e liberadas sem acusações, visto que a polícia sabia da ilegalidade de sua ação. A mesma tática foi empregada para o prédio comercial na rua Ellermanstraat 31.
Duivendrecht, okupada no sábado, dia 25 de janeiro, sofreu desalojo relâmpago 10 dias depois. Mais uma vez, dois okupantes foram presos e liberados sem acusações. A empresa anti-okupa “Ad Hoc” imediamente alojou uma pessoa para prevenir a re-okupação. Em ambos os casos, a polícia contratou serviços da Seon, uma empresa privada de cadeados – técnica bem mais barata do que dispor de unidades antimotim e BRA-TRA.
Apesar dos desalojos relâmpago, desde o último verão não houveram “ondas de desalojo” reais na cidade: unidades antimotim não foram vistas durante os desalojos enquanto a polícia regular é enviada para recuperar casas-okupa.
Nos últimos meses alguns edifícios foram deixados vagos pelos okupantes, algumas semanas após receberem seu aviso de desalojo com 8 semanas de antecedência: Karspeldreef 2, em Bijlmer, foi retornada para Rochdale no início de fevereiro; “O Banco” na rua Oosteinde 15-17, okupada no dia 13 de outubro, propriedade da família Luske, foi desokupada no fim de janeiro; Madurastraat 16, já okupada por 12 anos, foi devolvida para o dono após a segunda semana de janeiro.
A Plantage Middenlaan 64, propriedade do Rei do Marrocos, e okupada no início de setembro, permaneceu okupada até o fim de outubro. Após 8 meses de okupação, no dia 22 de janeiro a okupa Plano B na rua Nieuwe Looiersstraat 84h, foi desalojada por policiais regulares.
Estes fáceis desalojos não conseguiram derrubar os okupantes. Enquanto Rochdale, Eigen Haard e outros especuladores tentarem continuamente transformar cada rua em uma máquina de dinheiro, os piratas urbanos de Amsterdam continuarão capturando casas vazias e transformando-as em espaços vividos e habitáveis.
Okupada pela primeira vez em outubro de 1995, Zeeburgerpad 22 foi re-okupada por uma terceira vez no dia 17 de novembro de 2013. Desde março de 2013, os okupantes não mais estão lá. Um novo proprietário apareceu mas nada aconteceu com a construção, como para muitas outras propriedades na área de Zeeburgpad/Cruquiusweg. Okupas desalojadas, construções anti-okupações e lotes vazios são numerosos nesta vizinhança sombria.
O grupo “Nós Estamos Aqui” em Vluchtkantoor, na rua Weteringschans 109, foi desalojado no dia 1º de dezembro. O prefeito realocou metade do grupo em um abrigo temporário, que originalmente era uma prisão na Havenstraat, enquanto a outra metade foi deixada nas ruas. Após encontrar hospitalidade em vários centros sociais e igrejas, no dia 13 de dezembro o grupo okupou uma antiga garagem em Amsterdam Zuidoost (Kralenbeek 100), pertencente à Cidade de Amsterdam. Eles estão utilizando atualmente o espaço não apenas para viver, mas também para avançar em sua luta política. Visite-os e apoie a causa!
No dia 5 de janeiro o piso térreo e o primeiro piso da Plantage Middenlaan 72 foram okupados com sucesso.
No sábado, dia 18 de janeiro, uma nova okupa surgiu em Bellamybuurt, no piso térreo da Van Effenstraat 2. O novo projeto da casa chamado “eFFi” foi criado sob o mote de “Melhor renovar através das okupas, do que destruir através da propriedade”. O apartamento é posse da Imobiliária Rochdale e é parte de 5 blocos de casa originais que agora estão sendo transformados em apartamentos de luxo, para serem vendidos no mercado. Os okupantes receberam muito apoio da vizinhança.
Próximo à Ellermanstraat 31, que sofreu desalojo-relâmpago, o prédio comercial na rua Ellermanstraat 33 também foi okupado no dia 1º de fevereiro. No dia seguinte, o primeiro piso da Klaprozenweg 48, em Amsterdam Noord, foi okupado com sucesso. No sábado, dia 8 de fevereiro, dois apartamentos na rua Sumatraplantsoen 66 e 68-1 foram okupados. Os dois são propriedade da Imobiliária Eigen Haard. Este bloco de casas sociais está planejado para demolição e privatização, e a imobiliária já começou a relocar os moradores. Os residentes locais estão protestando contra estes planos de gentrificação. Dois dias após a okupação, os okupantes receberam a carta de desalojo, em conjunto com seus vizinhos do Pântano, Sumatrastraat 232, okupada no dia 15 de dezembro, e também propriedade da Eigen Haard.
A maioria dos espaços que estão sofrendo processos de desalojo não recebem uso depois. Ou permanecem vazios, ou anti-okupas o ocupam. A lei das “ocupações e vacância” parece não fazer nada além de criar um vazio: com certeza é um bom negócio para donos de imóveis e empresas anti-okupas estão lucrando altíssimo. Enquanto aqueles que lutam contra a gentrificação são tratados como criminosos, a erosão dos direitos a moradia, a escassez de espaços rentáveis está no fim da agenda dos políticos.
Nos últimos meses, a Joe’s Garage sediou múltiplos eventos e coletivos, entre as Conferências das Insurreições Globais (“Global Uprisings Conference”), com ativistas do Ocupe Gezi e Floresta Hambacher, o coletivo Grego Re-Informe, e o Solidariedade ao Imigrante Calais.
Enquanto um espaço autônomo okupado, a Garagem de Joe está sempre aberta para novos eventos, subsídios e participantes. Se envolva e atue com os grupos de okupas do seu bairro!
Joe’s Garage
Pretoriusstraat 43, Amsterdam
Tradução > Malobeo
agência de notícias anarquistas-ana
vento a derrubar
—bem antes da tempestade
cigarras avisam…
Haruko
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!