Em 9, 10 e 11 de maio de 2014 foi realizada em Medellín a segunda feira do livro anarquista e fanzine. Durante esses três dias aconteceram atividades como palestras, debates e exposições que refletiram parte das experiências de trabalho, especialmente as que estão sendo desenvolvidas em torno das letras e da escrita. Houve uma exposição permanente de material escrito por editoras, livrarias e distribuidores, bem como uma oficina de encadernação caseira, tudo acompanhado por teatro, bazares, comida, cafés e uma assistência significativa não apenas dos indivíduos e coletivos libertários, mas de muitas outras pessoas ligadas e apreciadores da literatura antiautoritária.
Cabe ressaltar a importante relação que o pensamento e as práticas anarquistas tiveram com os livros, com a escrita e com a publicação. Desde sempre, a escrita tem sido essa ferramenta de difusão, de propaganda, de diálogo aberto, de desabafo, de incitação e de reflexão política que os anarquistas têm usado e usam como arsenal disposto sempre a questionar as relações autoritárias e suas instituições: a igreja, a educação, o Estado e o Capital. E, embora no presente local, a produção deste tipo de literatura – de jornais e fanzines – não sofre a perseguição e a criminalização que uma vez teve; nada contra a corrente frente ao tsunami das indústrias culturais que dispõem de grande quantidade de exemplares, de espaços de distribuição, de autores que produzem obras apenas seduzidos por contratos lucrativos e pela ambição de ser reconhecidos em um ambiente cada vez mais homogêneo e alienante.
Separados também do formato acadêmico, a literatura e a imprensa libertária não pretende estabelecer verdades absolutas e incontestáveis em suas páginas, linhas e parágrafos. Questiona, mas não impõe uma única forma de pensar a sociedade e seus problemas; intriga, mas não fabrica ou distorce os fatos para ganhar seguidores ou disseminar uma visão única do mundo; seduz, mas não compra público e leitores com os temas da moda e apela à ação, em contrapartida ao leitor preguiçoso que amplamente divulgam as redes sociais, noticiários e a literatura expressa para leitores esforçados.
“Como a não violência protege o Estado”, “Contos contra a autoridade”, “Canções do meio-dia”, “Táticas e Estratégia nas práticas anarquistas”, ou os fanzines “Mulher e Prisão”, ” Delírios compartilhados”, os jornais ” El Aguijón 26″, “Mecha cerebral 1 e 2”, entre outros títulos, foram amostras dessa estreita relação do anarquismo e literatura em seus muitos formatos. Apesar de ser uma continuação da primeira feira, devemos seguir incentivando a escrita e a produção em si, claro, a par da reedição de obras já publicadas, mas pouco conhecidas e difundidas características de nosso presente local.
Com grande participação, entusiasmo e compromisso, terminou a segunda versão da feira anarquista do livro e fanzine de Medellín 2014. Esperamos que se consolide e se mantenha como um espaço que incentive a produção, difusão e diálogo da multiplicidade de formas em que pode ser concebido o ideário libertário, a recuperação da memória histórica anarquista, a literatura antiautoritária e as análises e reflexões sociais.
El Aguijón. 12 de Maio de 2014
agência de notícias anarquistas-ana
Na geada do amanhecer
os gatos
Pisam devagar
Jack Kerouac
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!