[Neste post publicamos um texto informativo e um comunicado da Assembleia Aberta de Visitantes, Habitantes e Trabalhadores de Gavdos (uma ilhota ao sul da ilha de Creta) contra a hidrólise das armas químicas da Síria no Mediterrâneo, a oeste de Creta.]
No final de semana de 19 a 20 de julho de 2014, desde Gavdos nos informamos do bloqueio de dois dias da base da OTAN em Suda, Creta, comunicando com amigos e companheiros que participaram no bloqueio. No domingo, 20 de julho, pela noite decidimos pregar cartazes em todas as lojas, restaurantes e cafeterias de Gavdos, com um chamado aberto para a segunda-feira, 21 de julho, com o fim de debater e organizar as formas da continuação da luta.
Na segunda-feira, 21 de julho, e na terça-feira, 22 de julho, realizaram-se as primeiras reuniões da Assembleia Aberta, e foram tomadas as seguintes decisões:
1. Distribuir um texto de contrainformação em Gavdos;
2. Colocar cartazes no porto contra os produtos químicos, e combinar esta ação com ações de contrainformação;
3. Organizar e realizar ações, e divulgá-las, assim que se faça pública nossa oposição ao experimento da hidrólise¹, e nossa solidariedade ativa com os que participam desta mesma luta;
4. Salvaguardar o caráter antihierárquico desta reunião espontânea, e assinar os textos e as ações dela como “Assembleia Aberta de Visitantes, Habitantes e trabalhadores de Gavdos”;
5. Traduzir o texto que segue para os idiomas principais que falam os turistas, para que assim se informem da hidrólise e a luta contra ela.
Na segunda-feira, 21 de julho, e na terça-feira, 22 de julho, foi adotado pela Assembleia o texto que segue. Desde a quarta-feira, 23 de julho, é distribuído aos visitantes da ilha.
No sábado, 26 de julho, celebrou-se em Gavdos, na localidade Faros, um concerto com a participação de músicos que se encontravam na ilha, sob o título demanda principal “Notas do Sul – Não aos produtos químicos” (foto em anexo).
Continuamos!
O comunicado da Assembleia Aberta:
Não aos produtos químicos da guerra
“Acaso a canção do mar se acaba na costa ou nos corações dos que a escutam?”
Kahlil Gibran
Esta vez os centros de Poder político, militar e econômico globais decidiram desfazer-se de suas armas químicas na bacia do Mediterrâneo Oriental.
Os meios de desinformação de massa, as supostas ONGs ambientalistas e os representantes governamentais silenciam sistematicamente o fato da hidrólise das armas químicas e os perigos que ela tem, utilizando (publicando) exclusivamente investigações científicas manipuladas.
Na atualidade o governo grego contribui com a nova divisão geopolítica da riqueza do mundo. Apoia militar e economicamente a operação da destruição das armas químicas da guerra da Síria, produzidas e vendidas pelos países capitalistas poderosos. E tudo isto ocorre no interior do país, em meio de uma austeridade econômica com relação aos bens públicos sociais, demostrando que a submissão do governo à nova ordem das desigualdades e da exploração constitui uma decisão política tomada com conhecimento de causa. A água, a saúde, a energia, a terra, a educação, e tudo o que é bem público, está no ponto de mira da gestão depredadora dos governantes e de seus aliados.
Assim, a água, um bem natural público, essencial para toda forma de vida, se converte em objeto de exploração ímpia (nefasta), com consequências incalculáveis para tudo o que está vivo. O Mediterrâneo, um mar fechado que conecta três continentes e dezenas de povos e culturas, se converteu na tumba dos refugiados de suas guerras, na tumba da riqueza marinha, enquanto que agora está se convertendo em um depósito de resíduos e armas químicas perigosos.
Faz vários meses se ouvem vozes de protesto, se realizam ações de resistência, se escrevem textos informativos e se coloca em marcha medidas institucionais para a prevenção do experimento da hidrólise.
Ante o silêncio ensurdecedor dos soberanos, e o silenciamento de nossas vozes, declaramos que vamos resistir por todos os meios, de uma maneira ativa e em solidariedade com os que apreciam a vida e lutam por sua proteção.
“A canção do mar não vai acabar…”.
Não a suas guerras. Não aos produtos químicos de suas guerras. Não aos experimentos do Capital, que semeiam a morte para que se enriqueçam os poucos. Não à venda dos bens públicos. Não ao absolutismo econômico que promove o saque da natureza, ao sacrifício e a destruição da riqueza natural do planeta com a colaboração dos Estados, o paraestatal e as indústrias. Não à indigência e a escravização da natureza e do homem.
Vamos estar frente a vós!
Assembleia Aberta de Visitantes, Habitantes e Trabalhadores de Gavdos
O texto em castelhano:
[1] A chamada pelos meios de desinformação “neutralização” das armas químicas da Síria. Se trata de um processo sumamente perigoso e nada “neutro”.
Tradução > Sol de Abril
agência de notícias anarquistas-ana
na primavera
com os galhos entrelaçados—
árvores gêmeas
Geralda Caetano Gonçalves
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!