Quito, 15 de agosto de 2014
Depois de quatro décadas de exploração petroleira; de duas décadas e meia de lutas contra a contaminação provocada por esta; do mesmo número de anos de brigar pela preservação do Yasuní; de seis anos de sonhar com a promessa de deixar o petróleo no subsolo; de seis meses de empenho para por em prática nosso direito à participação política recolhendo três quartos de milhões de assinaturas; de trinta dias de ver como arrasaram a vontade de todo um país.
Depois de um ano de existência…
Yasunidos, um coletivo de coletivos comprometidos com a vida, a defesa dos direitos humanos e da natureza, nos declaramos: ecologistas, anticapitalistas, anti-imperialistas, antiextrativistas, apartidários, empenhados em inventar novas formas de fazer política e em resgatar a política mesma das sujas mãos dos “políticos” que manejam e tem manejado nosso país a sua conveniência, com o fim de beneficiar-se e beneficiar a um minúsculo grupo de gente em prejuízo de quem vive neste país.
Uma vez evidenciado que o modelo de democracia representativa que nos impõem não funciona para a “maioria”, quer dizer, a soma das diversas minorias (ficou demostrado quando desapareceram o 60% de nossas assinaturas), convidamos a sociedade a reinventar a democracia, as democracias, que como a biodiversidade do Yasuní são múltiplas, mega diversas, porque diversas são as necessidades da população equatoriana.
A democracia não pode ser uma só, por que o Equador é plurinacional e multicultural, somos diversos, com gente e povos distintos e respondemos a nossas próprias especificidades culturais, urbanas ou rurais, juvenis ou de gênero, de distintas regiões continentais ou insulares. Por isto, demandamos e convidamos a toda a sociedade a participar ativamente, a reinventar nossos espaços de resistência, na cama, nas casas e na rua e vencer os medos e ataduras impostas por essas instituições que habilmente manipulam a seus caprichos e os dos grupos elevados ao poder, o que eles chamam de “governar democraticamente”.
Convocamos a sociedade inteira a repensar nosso país, não cremos em salvadores nem caudilhos, e menos nos que nos mentiram oferecendo-nos “revolução”.
Convidamos a todos os equatorianos e equatorianas a convocar, não a uma consulta, mas a dezenas, centenas de consultas populares, de debates e de ações, que esbocem os novos caminhos pelos quais deverá transitar o Equador; caminhos que vejam nos sonhos e necessidades de todos e todas, porque estamos certos que um país para todos, se constrói entre todos.
Neste caminho de construir e descobrir novas formas de fazer política, continuaremos atentos, vigilantes e críticos do uso e o manejo do poder, seguiremos denunciando os abusos contra a natureza, os povos e demais espécies que a habitam e os riscos a que se são expostos; mas, além disso exigindo e articulando ações contra o consumo que demanda extração, repensando nossas ações cotidianas de forma coletiva e organizada para boicotar as indústrias que vivem do petróleo e seus derivados.
Não temos abandonado a luta pelo Yasuní, estamos mais firmes que nunca, porque o Yasuní já não é apenas o lugar mais biodiverso do planeta, agora, o Yasuní é o lugar da mega diversidade das resistências.
Não celebramos nada, porque nenhum extermínio, de ideias, pessoas, plantas ou animais, deve ser celebrado, mas sim nos sentimos serenamente satisfeitos pelo construído neste primeiro ano e comprometidos com um futuro que é de todos, e o vivemos com alegria e esperança de seguir contribuindo e construindo.
YASunidos
Sítio web da campanha: www.amazoniaporlavida.org.
Tradução > Sol de Abril
agência de notícias anarquistas-ana
As flores na árvore
Esperam de branco
O fruto
Eugénia Tabosa
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!