[Em 27 de outubro de 2014, a polícia desalojou o Centro Social Okupado Autogestionado La Gatonera, localizado no bairro de Carabanchel, em Madri. Uma dezena de agentes e quatro vans da polícia se deslocaram para a área às 7h30 para a operação de despejo de um local que estava funcionando há quase uma década. A seguir, um comunicado do La Gatonera.]
O Estado ordena, a imprensa anota e a polícia desaloja o Gatonera: assim começa a história mais uma vez, que, longe de ser uma novidade, está começando a se tornar uma rotina pra lá de suspeita. Uma rotina sórdida que, a golpe de repressão e medo, faz pouco a pouco um movimento e toda uma história de luta anarquista se acostumar a ter essa sensação já muito normalizada no seu interior. A importância de gerações e gerações que partiram a cada ano para demonstrar que outra vida é possível, que existe uma opção fora do sistema em que vivemos. Que nos apontam porque nós não queremos fazer parte mais uma vez de suas misérias e porque aspiramos gerir as nossas vidas.
Desalojando os centros sociais, pretendem que a única saída seja a do medo, a paralização das lutas que vão à raiz do problema, a normalização da repressão e a assimilação por aqueles que lutam, proporcionando assim uma opção recuperadora e totalmente controlada como é a de institucionalizar todos os tipos de lutas que escapam de suas mãos, seja com a formação de novos partidos políticos de esquerda, como a cessão de espaços ou a negociação com qualquer tipo de instituição. A partir disso, tiramos uma única conclusão: se a luta é legal, não surge efeito porque se não, não seria legal.
Mas eles não se dão conta que ainda há pessoas dispostas a dar um passo adiante, não deixar que isso permaneça assim, quer pela dignidade pessoal ou solidariedade coletiva. O desalojo do Gatonera não resultou mais do que o fechamento e demolição de um edifício, mas dito edifício foi construído por pessoas que fizeram dele um espaço de ferramenta anarquista, de luta, de cumplicidade, de encontro, de reunião, e de criação de novas relações.
Nos desalojaram do edifício da rua amizade, mas nem de longe conseguiram o que queriam: nos assustar.
Queremos ser claros sobre isso e assim nos fazemos entender: Este não é o fim de nada, é a continuação de um projeto de sete anos que será realizado onde, como e quando nós decidirmos.
Embora acreditemos que tudo isso seja parte de uma trama contra os centros sociais em geral, estamos conscientes de que o despejo do Gatonera não ocorreu por acaso. Temos nos mantido firmes no passado não cedendo à chantagem e tentando ser o mais fiel possível às nossas ideias. Temos sido ameaçados de despejo pessoalmente, nos boicotaram em várias ocasiões e tivemos algum que outro incidente com a polícia em algum momento. Nós não recorremos a denúncias, vitimização ou formalismos. Nosso modo de enfrentá-los foi continuar com a nossa linha, que, afinal, é o que nos trouxe para esse fim. E orgulhosxs disso, assumimos as consequências e, portanto, acreditamos que estamos no caminho certo.
Isso está apenas começando. Eles acenderam uma faísca que nos servirá para dar um impulso para a nova etapa da luta, com mais vontade do que nunca e muito mais força e raiva.
Para quem se solidarizou com a gente quando foi necessário, dizemos que estamos muito orgulhosxs de todxs. Para todxs xs camaradas que fizeram que o Gatonera fosse possível, aos que mantiveram a essência do espaço e aos que seriamente trabalharam conosco.
A resposta que acreditamos que seja coerente é continuar a luta, conceber dita resposta como cada um vê conveniente, mantendo a ideia original que o Gatonera sempre tentou levar: descentralização dos bairros e ação direta.
A vocês: mafiosxs, políticxs, policiais, empresárixs, exploradorxs, mercenárixs, assassinxs, traidorxs, torturadorxs…
…Isso está apenas começando.
A luta continua.
Morte ao Estado, Viva a Anarquia!
agência de notícias anarquistas-ana
calma dormideira
relaxa em seu verdor:
tocada, se fecha
Otávio Coral
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!