Para grande parte do mundo do ativismo, ela era Goldii, uma rapeira e ativista, cuja voz doce atingia como tijolos quando ela criava um rap ou cantava uma canção.
Para nós, ela era Sami, nome curto para Samiya, uma garota brilhante e resplandecente, que nunca deixou de nos surpreender.
Ela tinha muitos papéis – filha, mãe, estudante, ativista, rapper, palestrante, artista, licenciada – e muito mais!
Para nós, era a bebê, a mais nova, e, portanto, tinha um brilho especial.
É curioso. Para um pai ou mãe, uma criança é sempre uma criança. Embora já não seja, em nossa imaginação, ainda é uma criança apesar do rosto e forma de um adulto.
Durante os últimos três ou quatro anos, Samiya estava muito doente do câncer nos ossos que se espalhou por todo o corpo.
Durante anos teve dor nas suas costas, mas ela suportou com grande bravura, pensando que iria se curar.
Em 2011, finalmente fez um exame em que encontrou o que ninguém esperava encontrar – o câncer.
Samiya fez o que sempre fazia. Apesar do diagnóstico, ela lutou pela vida.
Na verdade, terminou seus estudos em psicologia em sua cama de hospital, obrigando-se a conseguir o diploma. Sua classe inteira admirava sua força de vontade.
Ela lutou durante anos contra a invasão do câncer, contra a malvada quimioterapia, contra a dor insuportável. Apesar de tudo isso, ela lutou.
Que força tinha esta pequena mulher!
Vem-me à mente uma canção, inspirada pela nossa garota quando ela me visitou na prisão.
Enquanto respirar, recordarei a cena.
Seus punhos atacando como martelos.
Batendo no vidro, para quebrá-lo.
Lágrimas caindo como chuva.
Pequena, oh minha pequena,
Como poderia esquecer esse dia?
Gritaste quebrá-lo! Quebrá-lo!
Soou como uma campainha durante todo o dia.
Já passou muito tempo desde que golpeaste o vidro.
Você não é mais uma menina pequena.
Gritaste quebrá-lo! Quebrá-lo!
Como poderia esquecer esse dia?
Gritaste quebrá-lo! Quebrá-lo!
Soa como uma campainha durante todo o dia.
Sei que o tempo passou.
Você não é mais um bebê.
Mas enquanto respirar, recordarei esta cena.
Seus punhos atacando como martelos.
Batendo no vidro para quebrá-lo.
Lágrimas caindo como chuva.
Pequena, oh minha pequena,
Como poderia esquecer esse dia?
Gritaste quebrá-lo! Quebrá-lo!
Soa como uma campainha durante todo o dia.
Soa como uma campainha durante todo o dia.
Samiya e eu nunca terminamos essa música. Quando ela dava seu último suspiro, sentou no colo de sua mãe, como sempre fazia quando criança. Não era mais uma criança, mas tinha voltado à infância.
A canção de Samiya Abdullah acabou, mas como a música mais doce, fica conosco, repetindo ritmos e refrões. Permanece conosco, ecoando nas nossas almas.
Ela é uma canção que sempre vamos cantar.
Desde a nação encarcerada, sou Mumia Abu-Jamal.
Sexta-feira, 19 de dezembro de 2014
Notícia relacionada:
agência de notícias anarquistas-ana
Uma árvore nua
aponta o céu. Numa ponta
brota um fruto. A lua?
Guilherme de Almeida
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!