Comunicado do Centro Social Ocupado do bairro ateniense Nea Filadelfia “Centauro”, intitulado “Algumas palavras sobre a ocupação de “Centauro” e a guerra suja que fazem as autoridades municipais”. O comunicado foi emitido pelo CSO ante o perigo de sua demolição pelas autoridades municipais.
Como era de se esperar, a realização da ocupação do espaço abandonado “Centauro” dentro do parque do bairro de Nea Filadelfia, com o fim de convertê-lo em um centro social aberto, tem inimigos entre os membros da autoridade municipal e outros além dela.
Desde as primeiras horas após a ocupação, o próprio prefeito em pessoa e voluntariamente (sem que sequer tenha se realizado uma reunião do Conselho Municipal), chamou as forças policiais, que nos notificou o pedido de evacuação do edifício dos okupas. Após desavenças e desacordos que houve dentro da facção municipal “Força Cidadã”, decidiu-se a retirada das forças de repressão.
Com certeza, qualquer que tivesse sido sua decisão (seja a tolerância ou o desalojo violento), nossa decisão seguirá sendo a mesma: Ficaremos no espaço da okupa e defenderemos nossa decisão política que nos conduziu à ocupação do edifício.
E já que o prefeito não conseguiu evacuar o centro social com a chamada Polícia antidistúrbios, na manhã de segunda-feira 20 de abril de 2015 tratou de fazer com que os trabalhadores municipais se voltassem contra o espaço social, atuando como protetores da autoridade municipal, enviando-os para cortar o fornecimento de eletricidade.
Há uma diferença a nível de princípios entre as pessoas que ocuparam “Centauro” e os da autoridade municipal, com respeito a como percebem o limite do espaço público. Para nós, espaço público significa um espaço aberto a todos aqueles que respeitam os princípios fundamentais da igualdade, da liberdade e da solidariedade, funcionando com estruturas anti-hierárquicas e com projetos que atendem às necessidades sociais “dos de baixo”. Um lugar aberto que opere fora das lógicas da delegação e da mediação, e no qual cada um de nós e juntos tomemos a vida em nossas mãos. Um lugar que esteja longe de atitudes (percepções) racistas, sexistas e homofóbicas. Para o Município significa um espaço alugado a um indivíduo em forma de cafeteria municipal, para que sirva a interesses privados, rendendo benefícios aos empresários, e para que eles por sua vez devolvam uma pequena parte ao Município.
Deste modo, o prefeito, apesar de que no passado andava pregando que apoia aos projetos públicos (seja por motivos eleitoreiros ou por razões estratégicas), ao tratarmos de abrir um espaço público abandonado durante anos, iniciou-se um ciclo de difamações, identificando-nos com os interesses privados que cobiçam este espaço público. É evidente que não esperávamos que aplaudissem esta nossa ação, confirmando assim o que a história demostrou, ou seja, que o de todos juntos é uma utopia.
Quanto aos edifícios ilegalmente construídos dentro do parque, queremos mencionar que não houve nenhuma demolição, nem durante o funcionamento do espaço como uma cafeteria, para o benefício do Capital, nem enquanto este estava em ruínas. Tampouco se fez alguma referência à demolição dos demais edifícios de concreto dentro do parque (instalações meteorológicas, igreja, instalações do serviço municipal de limpeza, jardim zoológico, restaurante da residência de idosos, cine ao ar livre). Então, a repressão não concerne à construção ilegal de um edifício, mas ao confronto político entre o Estado-Capital e os segmentos da sociedade que resistem. É um confronto que já se iniciou, e nós, de nossa parte não vamos retroceder e deixar nossa vida em suas mãos. Quanto ao falso dilema sobre as árvores e o cimento, responderão os habitantes de Nea Filadelfia. Isto é algo que para nós só pode ser feito através de processos horizontais nos quais todos decidam juntos (em comum).
Do Município e dos outros esbirros (jornalistas locais-reprodutores da voz do Poder) não aceitamos críticas sobre a forma de nossa luta, já que suas ações não se realizam no âmbito do movimento, e porque eles se dedicam à ”guerra de comunicados” em relação com a gestão da ofensiva do Capital.
O Centro Social Centauro está frente a todas as instituições, e a causa de sua índole política está contra qualquer lei que imponha a privatização e o saque dos espaços públicos.
O Centro Social Ocupado Centauro é o espaço no qual se albergarão assembleias políticas, culturais, sociais e de outra índole, assim como estruturas de solidariedade. Nossa preocupação principal, portanto, é abrir o espaço para convertê-lo em um lugar operativo, e logo, quando as assembleias o queiram, sem chantagens políticas se tomará uma posição política sobre qualquer assunto.
Não criamos ilusões sobre qualquer tipo de tolerância por parte de uma autoridade municipal “esquerdista”. De toda forma, isto foi demonstrado desde as primeiras horas da ocupação do espaço. O que incomoda a qualquer autoridade municipal é perder o domínio dos lugares públicos, quando eles passam às mãos dos explorados. O enfrentamento foi, é e será entre o Estado/Capital e o mundo da luta. É óbvio quem está em cada lado (grupo)… Nós não vamos sair até que não se vejam forçados a levantar-nos pela força.
Por último, expressamos nossa solidariedade com o amplo movimento das ocupações, que neste momento está sendo atacado pelo Estado, e a justa luta dos grevistas de fome e dos solidários com sua luta levada em todo período anterior. De qualquer modo, muitos de nós participamos no movimento contestatório, e temos a intenção de fazê-lo também (em questões de solidariedade com as ocupações) como projeto. Também assinalamos a importância da massividade dos solidários no dia que chegou a Polícia antidistúrbios, a qual, junto com nossa determinação de defender o espaço, impediu qualquer tentativa de evacuação (desalojo).
Diariamente no espaço realizam-se obras e assembleias abertas.
CSO Centauro
O texto em grego:
https://athens.indymedia.org/post/1543274/
O texto em castelhano:
Fotos das obras que foram realizadas no edifício abandonado, aqui:
https://athens.indymedia.org/post/1543421/
Tradução > Sol de Abril
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tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!
Um puta exemplo! E que se foda o Estado espanhol e do mundo todo!
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Eu queria levar minha banquinha de materiais, esse semestre tudo que tenho é com a temática Edson Passeti - tenho…