Texto da “Assembleia autônoma de estudantes das universidades de Atenas” sobre o papel das universidades e seu pessoal acadêmico na guerra contra os imigrantes nas fronteiras.
Podemos imaginar a fronteira como um imenso laboratório? Podemos imaginar a maioria dos/das mil imigrantes mortos/as como os resíduos estatísticos das negociações entre as formações sociais/estatais europeias, o complexo industrial da segurança e a Polícia-Exército da Frontex [agência europeia de controle das fronteiras]? Trata-se do cinismo do Poder. Trata-se dos pequenos e grandes fascismos que fazem derrubar as barcas e se enriquecem, já que o fluxo do dinheiro dos fundos europeus passa por seus bolsos. As fronteiras são um negócio interessante, não é verdade? E isto é algo que sabem não só os patrões do complexo da segurança.
Este conceito é compartilhado por vários departamentos das comunidades acadêmicas das universidades e os institutos politécnicos da Europa. Todas essas relações/infraestruturas que estavam sob a vigilância direta ou discreta da OTAN, agora parecem nadar a gosto nas águas turvas das tecnologias da segurança fronteiriça. O conhecimento acumulado nos níveis superiores dos programas de pós-graduação e de investigação, paulatinamente vai encontrando um novo limite. Mais especificamente, o complexo industrial da segurança está obcecado por promover o uso dos aviões não tripulados e de controle remoto, e dos sistemas de identificação digital de qualquer movimento nas fronteiras. Frontex o deseja, os Estados o desejam, os policiais da autoridade portuária o desejam (lhes parece algo como PlayStation), mas todavia há dificuldades técnicas.
Que quer dizer isto? As universidades, as escolas politécnicas, os professores, os investigadores e seus laboratórios, são aliados indispensáveis, e as indústrias da segurança e os Estados não são ingratos. O programa Horizon 2020 (o programa da UE para a investigação e o desenvolvimento) proporciona 42.170.000 de euros para as tecnologias associadas com as fronteiras, enquanto que o setor que em geral concerne à segurança tem um pressuposto de 80 mil milhões de euros. Pensar nestes dados junto com o maior fortalecimento da EUROSUR e da Frontex. Desta maneira criam-se postos de trabalho para os investigadores/professores das universidades gregas. A experiência tecnológica dos últimos anos, os programas Jason e Poseidon, as turbinas, a participação na construção da barreira no rio Evros, as câmaras térmicas, os aviões não tripulados e as conferências nas quais participam junto com a Frontex e os policiais da autoridade portuária, constituem o passado bom que garantirá seu acesso no fluxo de dinheiro dos programas.
Todos estes, as universidades, as escolas politécnicas, os professores, os investigadores e seus laboratórios, na mesma medida que os moradores fascistas e os empresários que tem negócios associados com as fronteiras e os campos de concentração, participam na guerra contra o proletariado multinacional. A era da inocência está acabando ao mesmo tempo que a guerra está emergindo no campo da publicidade.
Não houve e não há mostra de ciência que não tenha rasgos de barbárie.
Assembleia autônoma de estudantes das universidades de Atenas
O texto em grego:
https://diarriktes.wordpress.com/2015/05/14/horizon-2020/
O texto em castelhano:
Tradução > Sol de Abril
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Carlos Seabra
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!