DJ Pangburn
Desde tempos imemoráveis, os anarquistas têm um problema com suas Relações Públicas (RP). Suas tendências ideológicas nunca controlaram sua respectiva imagem e condições de debate na consciência pública. Pelo contrário, por mais de um século este fundamento cedeu a políticos, meios massivos e grandes negócios, que individualmente e coletivamente declararam o anarquismo como “demolidor da civilização”.
Isto, no entanto, pode mudar agora que o anarquismo tem um coletivo de RP. Fundado por Jen Angel e Ryan Only em outubro de 2014, a adequadamente chamada “Agency” (anarchistagency.com; em inglês) tem como meta inserir a perspectiva anarquista às notícias massivas e o diálogo público, para comunicar mais efetivamente suas ideias às massas. Dar ao anarquismo, relações públicas efetivas será uma tarefa hercúlea. Mas, na opinião anarquista, é uma ambição vital, dados os ataques econômicos e sócio-políticos do capitalismo (e a “civilização ocidental” a seu serviço).
Silenciosamente, o anarquismo tem explorado estilos de vida, economia e organização social alternativa, com conquistas e fracassos como qualquer ideologia. Ver por exemplo os esforços do Colectivo Common Ground em Nova Orleans (http://en.wikipedia.org/wiki/Common_Ground_Collective; em inglês) depois do furacão Sandy. Mas muitos nunca saberiam das conquistas, posto que os desordeiros violentos anarquistas tendem a ser a notícia que se difunde.
Recentemente falamos com Angel sobre o esforço de RP da Agency. Diferentemente do mundo astucioso das RP capitalistas, o método da Agency é restrito e modesto, o qual é totalmente contrário aos esforços tradicionais de relações públicas. Conversando, Angel foi diretamente ao começo da Agency e onde planeja ir no futuro próximo. “Ryan e eu temos sido anarquistas por muito tempo, e ambos somos profissionais de RP assim que lá pela época da Occupy [em 2011] Ryan e eu tivemos uma conversa muito séria sobre como usar nossas habilidades para influenciar a maneira na qual os meios massivos e o público falavam do anarquismo”, disse Angel. “Os meios falariam do anarquismo e não o entenderiam e uma das razões é que as pessoas não lhes estão dando melhor informação ou entrevistam às mesmas pessoas todo o tempo como David Graeber”.
Angel crê que parte da razão por que os meios entrevistam tanto a David Graeber — autor de Dívida, os primeiros cinco mil anos e The Utopia Rules (A Utopia das Regras) – é que não sabem a quem mais entrevistar. Angel e Only não tinham ilusões de que os meios sempre o entendam, mas pensaram que valeria a pena tratar de influenciar os meios para “uma representação mais exata do anarquismo”. Destas discussões os dois começaram a fazer estratégias sob a sombra da Agency. Logo promoveram um conselho assessor que inclui o notável anarquista e organizador comunitário Scott Crow.
“Queremos mais pessoas expostas à ideias anarquistas e uma maneira de fazê-lo que não seja só falar aos convertidos é usando meios massivos”, disse Angel. “Há maneiras diferentes de chamar a atenção dos meios massivos e aí é onde vem nossa estratégia. Acabamos de começar, então não temos grandes conquistas, mas Ryan e eu temos experiência em fazer que os meios deem atenção a várias causas e campanhas”. Angel disse que uma de suas estratégias é reativa: quando um membro dos meios – seja impresso, rádio, televisão ou online – disse algo inexato sobre o anarquismo, a Agency lhes chama para falar disso. Também manda cartas ao editor acerca de inexatidões em reportagens.
Agency também persegue uma estratégia pró-ativa, onde se põe em contato com meios facilitando-lhes informação sobre o que pensam os anarquistas acerca de temas, tanto domésticos como globais. Mas com todas as vertentes do anarquismo – desde anarquismo individualista a ajuda mútua – O enfoque da Agency requererá várias táticas? Angel certamente pensa que sim. “Nossa meta não é depurar o anarquismo e fazer uma só versão tolerável”, disse Angel, “nossa meta é fazer que todas as ideias diferentes dentro do anarquismo sejam mais acessíveis. Isso significa que às vezes haverá contradições: alguns anarquistas pensam uma coisa, e alguns anarquistas outras”.
Agency, por exemplo, publicou um texto acerca do que opinam os anarquistas sobre o matrimônio gay. Angel diz que alguns anarquistas se opõem totalmente de falar acerca do envolvimento do Estado nas relações íntimas. Outros anarquistas, no entanto, reconhecem que há ganhos materiais reais envolvidas no proceso político e que valeria a pena trabalhar para isso. “Então, dentro da comunidade anarquista há divergência sobre o matrimônio gay, mas há muitas críticas plausíveis acerca do matrimônio desde a perspectiva anarquista pese às contradições”, disse Angel. “Questionar que os serviços de saúde ou migração se achem atados ao estado civil é uma crítica amplamente compartilhada, portanto Agency se sente cômoda em promover uma diversidade de perspectivas [anarquistas]”.
Este coletivo de RP difundiu um editorial acerca da crise do ebola, usando-o como uma plataforma para falar acerca de como deve ser manejada uma crise de saúde pública em um mundo sem estados. Agency também tem tido uma seção de “Anarquistas nas notícias” que é uma “lista atualizada de anarquismo e anarquistas discutidos ou mencionados em meios massivos”, onde motivam a anarquistas a responder a reportagens com comentários e cartas aos editores. O sítio da Agency conta também com uma seção de “Vozes Críticas“, que oferece análise sobre notícias e perspectivas. E quiçá mais importante, Agency oferece informação à imprensa para dar aos meios um acervo de fontes anarquistas, citações e entrevistas.
Será suficiente tudo isto para influenciar aos meios massivos e a consciência pública? O anarquismo enfrenta-se com uma árdua batalha e quiçá uma tarefa impossível. Mas Agency crê que é uma batalha que vale a pena lutar. Se nós anarquistas não controlamos a mensagem, os meios massivos – que nem sempre são adversários do governo e o capitalismo – o farão por nós.
Fonte: http://www.konbini.com/us/lifestyle/introducing-agency-worlds-first-anarchist-pr-collective/
Tradução > Sol de Abril
agência de notícias anarquistas-ana
Flauta,
cascata de pássaros
entornando cantos úmidos.
Yeda Prates Bernis
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!