Por Amig@s de Mumia no México
No México, velhos e novos amigos e amigas do preso político Mumia Abu-Jamal participaram de um evento solidário em seu apoio em 4 de julho, no 77 Centro Cultural Autogestionado, a convite da Jungla S[7]aba tianguis artesanal que oferece produtos de saúde, arte e informação.
Em uma conferência de imprensa, apresentou-se uma carta que denuncia o atentado por negligência médica contra a vida de Mumia e exige sua liberdade imediata. Também foi anunciada a publicação por City Lights Books de um novo livro seu, Writing on the Wall: Selected Prison Writings of Mumia Abu-Jamal (A escrita na parede: escritos carcerários seletos de Mumia Abu-Jamal). Um excelente documentário representou a vida e luta de Mumia de maneira dramática, e mais tarde os sons de Batallones Femeninos, Son de Maíz, Black Fury–Ft. MasIrie, e de surpresa, Karen Pastrana, animaram a todas e todos e levaram força e amor a nosso companheiro Mumia, que necessita de muito apoio para sair vivo da prisão.
Por que o 4 de julho? – esse dia quando “a liberdade” é celebrada com fogos de artifícios nos Estados Unidos para marcar sua independência da Grã Bretanha conquistada na chamada “Revolução Americana”, explicada por Mumia Abu-Jamal em seu livro We Want Freedom, como “uma revolução pela liberdade de decidir quem iria manter aos africanos como escravos. Os americanos? ou os britânicos?”
Para Mumia, a data tem um sentido muito particular. Em 3 de julho de 1982, depois que um jurado o considerou culpado do assassinato, sete meses antes do policial Daniel Faulkner na Filadélfia – um crime que não cometeu –, o “juiz da forca” Albert Sabo, membro vitalício da Ordem Fraternal da Polícia, utilizou sua anterior filiação nos Panteras Negras e a presença dos integrantes do MOVE na sala do tribunal para espantar o jurado e convencê-lo a dar-lhe a pena de morte. Ademais, animou o jurado a tomar uma rápida decisão para que todos pudessem ir para casa festejar o fim de semana do 4 de julho. Fizeram-no.
Na conferência de imprensa, uma representante de Amig@s de Mumia no México leu um boletim que diz, em parte:
“Escritor, jornalista, ex-Pantera Negra, lutador pelos direitos dos Negros e contra as injustiças do mundo… tudo isto levou Mumia Abu Jamal à prisão política durante mais de 33 anos, no entanto tudo aquilo também o manteve vivo na morte do encarceramento. Apesar de que durante quase 30 anos teve pena de morte e, a partir de 2011, convertem sua sentença em prisão perpétua, ele não foi indiferente às injustiças e lutas sociais do mundo, fez mais de 2.000 rádio ensaios e escrito 9 livros. Mumia nunca deveria ter passado um só dia na prisão. Agora está gravemente enfermo e sua imediata libertação é mais urgente que nunca…”
O boletim de imprensa destaca algumas das muitas injustiças no processo de Mumia Abu-Jamal e também o constante terror policial punitivo exercido contra ele. Este é ressaltado no contexto atual de terror policial nos Estados Unidos contra jovens africano-americanos como Michael Brown, Eric Garner, Tamir Rice e Walter Scott, assim como o recente massacre em Charleston de nove devotos negros motivada pela supremacia branca.
“Neste contexto se torna mais clara a atual brutalidade contra Mumia disfarçada de enfermidade acidental, o qual é consequência da negligência médica que sofre nosso companheiro dentro da prisão. Em 30 de março passado, quase morre ao apresentar um choque diabético. Havia perdido 30 quilos, respirava com dificuldade, tinha uma cor negra azeviche e sentia muita dor, apesar disso quando o levaram ao hospital, duas vezes e sem avisar a sua família, o acorrentaram a sua cama e não deixaram que ninguém o visitasse, ademais de que não deram informes de sua saúde nem para seus familiares, nem para seus amigos, nem para seus advogados. Ainda que já esteja mais estável em seus níveis de sangue sente muita dor e está em cadeira de rodas¹. Os médicos da prisão lhe deram um medicamento que lhe causava muitos problemas e só pela pressão pública o suspenderam, no entanto não lhe dão uma dieta própria para um diabético, ademais de que não deixam que seus médicos de confiança o examinem e diagnostiquem”.
[1] Depois do evento recebemos a boa notícia de que Mumia agora pode caminhar bem e só usa a cadeira de rodas para ir à sala de visita. No entanto, teve uma febre durante oito dias, seus níveis de glicose se tornaram instáveis e a lesão da pele aumentou de novo, indicando que estes problemas não se resolveram, segundo Suzanne Ross, que o visitou em 30 de junho com o irmão de Mumia, Keith Cook.]
Está claro que Mumia Abu-Jamal só terá a possibilidade de recuperar-se plenamente estando fora da prisão.
Este é o ponto central da carta enviada por Amig@s de Mumia no México e respaldado pela ICFFMAJ e a Organização MOVE desde Filadélfia, com as assinaturas de centenas de indivíduos e coletivos, incluindo as de intelectuais e grupos de direitos humanos e anti-carcerários do México, Brasil, Colômbia, Estados Unidos e Alemanha, como Enrique Dussel, Noam Chomsky, Carlos Fazio, Jesus Serna, José Arturo Saavedra Casco, Claudio Albertani, Carlos Aguirre Rojas, Ricardo Montejano, Mark Lewis Taylor, Michael Schiffman, Centro de Derechos Humanos “Fray Francisco de Vitoria”, Adrian Ramírez Presidente Limeddh, Wilner Metelus Comité Ciudadano en Defensa de los Naturalizados y Afromexicanos (CCDNAM), Camilo Pérez-Bustillo Secretaría, Tribunal Internacional de Conciencia de los Pueblos en Movimiento-TICPM, Colectivo Contra la Tortura y la Impunidad CCTI, Cruz Negra Anarquista México, VOCAL, 1DMX, GASPA, Comité de Mujeres #NestoraLibre, La voz de los Zapotecos Xiches en prisión e o Movimiento por la Libertad de los Defensores del Agua y de la Vida de San Pedro Tlanixco; mais de 60 artistas, incluindo Fermin Muguruza, Cayo Vicente, o cineasta Salvador Díaz Sánchez, o pintor Gustavo Chávez Pavon ‘Gauchepe’, o artista gráfico Santiago Mazatl, Los Cojolites, Lengua Alerta, Gerardo Pimentel (Zopi), Mare Advertencia Lírika, Van-T, Olinka Gil, Facto MC, Crismo; vários coletivos solidários nos Estados Unidos, Francia, País Vasco, Catalunya, Brasil, Colombia, Costa Rica e Cuba; mais de 30 mídias livres e jornalistas independentes do México; grupos em luta como a Frente de Pueblos en Defensa de la Tierra en San Salvador Atenco, Black Lives Matter em Charleston, SC, el Tribu Yaqui, Movimiento Magisterial de Tixtla Guerrero, y la Base Activa Magisterial Región Cañada Oaxaca Sección 22; e uma coisa inusual em cartas de este tipo, mas que se destaca aqui: as assinaturas de presas e presos políticos, incluindo “los 9 de MOVE”, Leonard Peltier, Álvaro Sebastián Ramírez, Nestora Salgado, Pedro Peralta, Miguel Ángel Peralta, Jacqueline Santana López, Bryan Reyes Rodríguez, Colectivo de Presas Políticas Policarpa Salavarrieta em Colômbia e o Coletivo de Presos Políticos José Antonio Galán em Colômbia; e também as assinaturas de ex-presas e políticos e perseguidos, como Ignacio del Valle, América del Valle, Mario González García, David Venegas, Ericka Zamora, Ana Lilia Yépez, Regina López, Obed Palagot; Abraham Antonio Alonso Reyes, Judith Gómez, Dr. Guillermo Selvas e as ex-presas políticas e denunciantes de tortura sexual Mariana Selvas, Norma Jiménez Osorio, Italia Méndez y Edith Rosales.
Responsabilizamos aos destinatários desta carta – Presidente Barack Obama, Governador Tom Wolf e Diretor de Correções John Wetzel – da vida e saúde de Mumia Abu-Jamal.
As ações seguem para ganhar sua liberdade imediata em um momento quando o surgimento de movimentos como Black Lives Matter contra o terror policial nos Estados Unidos trazem uma nova esperança para Mumia e muitos outros presos e presas políticas e sociais encerrados no sistema carcerário mais letal do mundo.
Liberdade para Mumia Abu-Jamal! Presas e presos políticos liberdade! Morte ao cárcere!
Fonte e mais fotos:
Tradução > Sol de Abril
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