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[Espanha] A Europa que semeou ventos e agora colhe tempestade

By A.N.A. on 3 de Setembro de 2015

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Declaração sobre a onda de refugiados que vive a Europa

Ao longo deste verão, a Europa começou a ser consciente dos problemas secundários das guerras imperialistas que está instigando. Ondas de refugiados, centenas de milhares, cruzaram o Mediterrâneo desde a Turquia e Líbia, seguindo perigosas rotas em embarcações que carecem frequentemente de medidas de segurança. Em sua busca de um lugar seguro percorrem vários países com destino a Alemanha, onde serão acolhidas e desde onde, presumivelmente, serão distribuídas entre vários estados europeus.

A extrema direita em vários países reage de forma oportunista exigindo o fechamento das fronteiras e a negação da solidariedade e o refúgio aos que chegam a suas terras em situações de extremo esgotamento. Seguindo esta tônica alguns governos conservadores como o da Hungria, da Eslováquia ou do Reino Unido adotam os discursos da discriminação que evocam o ódio. Este ódio, que cresce com a crise econômica e a cínica “guerra contra o terrorismo”, ameaça ampliar-se sem controle.

Embat, organização política libertária da Catalunha, denuncia a hipocrisia com que a União Europeia está enfrentando a insustentável situação das pessoas refugiadas, que é gente que escapa das guerras e dos chamados “estados falidos” provocados pela política internacional que promove a própria UE. Assim, as guerras do Iraque, Síria, Líbia e Afeganistão são consequência da política militarista dos Estados Unidos, secundada pelos membros da União Europeia e o colapso de Eritréia, Sudão do Sul, Somália, Nigéria ou Iêmen são resultado das políticas depredadoras do neoliberalismo: por um lado expoliam seus recursos naturais e por outro se promovem tanto os exércitos nacionais, que oprimem a seus próprios povos, como os exércitos privados, os senhores da guerra ou os mercenários.

A globalização do capitalismo, impulsionada paulatinamente desde os anos 70, se viu retroalimentada pela luta contra o comunismo do chamado bloco oriental. Isto provocou o financiamento e o armamento de todo tipo de fanáticos sob a condição de que lutassem contra o inimigo do Ocidente. As políticas incondicionalmente colaboracionistas com os interesses dos Estados Unidos realizadas pela Europa, agora se voltam contra ela. A reação hipócrita e cínica da União Europeia a estes efeitos não desejados de sua própria incompetência é acusar as “máfias” de estar por trás de parte da atual “crise migratória”. A política de fronteiras da UE (FRONTEX) é responsável direta de que morra tanta gente nos processos migratórios. Deste modo a Europa se blinda contra a migração. A “Europa-Fortaleza” chega a financiar países para que sirvam de polícia fronteiriça sem restrição quando trata-se de migrantes.

A única solução ao problema dos refugiados é que não haja guerras. Desta forma entendemos que os movimentos contra a guerra da década passada são hoje continuados pelo movimento europeu de solidariedade com as pessoas refugiadas. A situação deste verão nos confirma que lutar contra as guerras imperialistas, e paralisá-las é uma necessidade de nossa sociedade. Cada guerra, cedo ou tarde, provoca a ruptura da sociedade, a miséria de pessoas e povos e a destruição material e econômica dos países.

Se queremos que o problema se resolva, devemos atuar sobre sua raiz: devem deter-se imediatamente os conflitos e guerras no Afeganistão, Síria, Iraque, Iêmen, Líbia, Somália, Nigéria, e um longo etcetera, nos quais um dos fatores de sua existência é o imperialismo capitalista europeu. Portanto, as responsabilidades e prioridades a longo prazo do Movimento Popular devem ser:

• evitar que nunca mais um estado europeu participe em uma guerra de agressão contra outro estado.

• exigir a retirada das tropas dos estados europeus em todo o mundo.

• exigir a ruptura dos estados da União Europeia com a OTAN, o TTIP, e outros tratados que instauram as políticas imperialistas em todo o mundo.

• estabelecer mecanismos de controle sobre as empresas europeias que atuam em todo o mundo.

E quanto a medidas imediatas:

• exigir aos governos europeus a acolhida sem condições dos refugiados que chegam a nosso país fugindo dos problemas criados pelo imperialismo e o neoliberalismo. Catalunha tem a obrigação moral de receber refugiados.

• preparar-nos para impedir as expulsões, os ataques da extrema direita contra refugiados e migrantes e a propaganda xenófoba.

Sabemos que os problemas atuais são por causa do imperialismo e do capitalismo. São eles a autêntica ameaça contra a humanidade. Pela fraternidade entre os povos fazemos nossa a mensagem solidária: Refugees are welcome!

Embat

embat.info

Tradução > Sol de Abril

agencia de noticias anarquistas-ana

alta madrugada,
vaga-lumes no jardim
brincam de ciranda

Zemaria Pinto

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