SE QUEREMOS A PAZ, QUE NÃO NOS PREPARAREM A GUERRA. PELA JUSTIÇA SOCIAL E A PAZ MUNDIAL. NÃO A OTAN e suas supermanobras militares “Trident Juncture 2015” em nosso território.
Durante o mês de outubro até 6 de novembro de 2015 terão lugar as manobras “Trident Juncture” da OTAN, principalmente na Itália, Portugal e no Estado espanhol. Com a participação de mais de 36.000 soldados de 30 Estados, as manobras serão “o exercício mais importante da OTAN durante 2015” e “a maior dispersão de tropas da Aliança Atlântica após a “Guerra Fria” e na última década, de acordo com o próprio Ministério da Defesa Espanhol. Mais da metade da força militar, 20.000 soldados, estão dispersos em oito pontos no Estado espanhol: Centros Nacionais de Treinamento de San Gregorio (Zaragoza), e Chinchila (Albacete), no Campo de Manobras e Tiro Álvarez de Sotomayor (Almeria) e no Campo De Treinamento Anfíbios de Sierra de Retin (Cádis), assim como nas bases aéreas de Albacete San Son Joan (Palma de Mallorca), Torrejón e Zaragoza. Além disso, participarão das “supermanobras” os marines americanos de Morón de la Frontera.
As manobras terão duas fases distintas: uma do posto de comando e “guerra simulada” (Command Post Exercise, CPX, de 3 a 16 de outubro), que serão desenvolvidas dentro do quartel dos Estados participantes, e outra fase real (Live Exercise, LIVEX, de 21 de outubro a 6 de novembro de 2015), em que serão ensaiadas diferentes operações navais, aéreas, ofensivas terrestres, desembarques anfíbios, paraquedismo, ações em ambientes urbanos, intervenções em ambiente NRBQ [nuclear, radiológico, bacteriológico e químico] e atuação de forças de operações especiais, entre outras. No Estado espanhol a maioria das forças armadas se implantou em San Gregorio (Zaragoza), embora a Andaluzia também tenha um papel importante durante as manobras. No momento, já estão construindo um grande acampamento na Base Aérea de Zaragoza com capacidade para 1.600 soldados.
Com tais manobras a OTAN colocará em prática as lições aprendidas na guerra de ocupação do Afeganistão, praticará como intervir militarmente na África do Norte com um enorme potencial, de caráter invasivo. Ensaiará ainda como obter o controle dos recursos naturais – água, minerais e hidrocarbonetos – num contexto de profunda escassez de energia e degradação ambiental. A OTAN está interessada na África pelo potencial conflitivo ocasionado pela mudança climática e porque tem uma abundante riqueza de recursos naturais: minerais (platina, cromo, manganês e cobalto, entre outros) e hidrocarbonetos, que representam uma grande parte das reservas mundiais.
No jogo do poder sobre África o Estado espanhol tem um papel importante, como manter a segurança do transporte dos recursos naturais (Mar Vermelho e Chipre da África), além de seus próprios interesses militares e econômicos. Por esta razão a grande maioria das missões militares do Estado espanhol ocorre no continente, ou no Oriente Médio. A Espanha é responsável por controlar a “fronteira sul” da União Europeia, conter a migração de pessoas que fogem da pobreza ou guerra, garantindo que os efeitos das políticas de exploração do continente não repercutam na Fortaleza Europa. O Estado espanhol representa a ponta de lança da OTAN na África.
Mas também as manobras da OTAN são projetadas para enviar uma mensagem de força e pressão para a Rússia em seus territórios limítrofes através da guerra parcial ou indireta. A este respeito, a participação da Ucrânia – que não é formalmente um país membro da Aliança – é significativa. A “Trident Juncture” não só serve para mostrar para a Rússia a capacidade (e vontade) militar da OTAN, como também para treinar a cooperação com as Forças Armadas da Ucrânia. No entanto, a principal mensagem não é para a Rússia e muito menos para o Estado Islâmico, Al Qaeda e outros, cuja existência e ações armadas são usadas como a justificação e a propaganda de guerra. É mais provável que a mensagem principal seja para a China, um país que tem fortes interesses econômicos e geoestratégicos na África. A China está investindo em muitos países africanos, construindo infraestrutura para garantir recursos naturais – especialmente minerais – do Continente. Parar a expansão chinesa na África, principal concorrente dos Estados-membros da Aliança Atlântica, é um dos motivos ocultos para estas “supermanobras”. Tudo isso integra a competição imperialista entre as potências militares e sua dependência dos interesses comerciais das corporações transnacionais.
CHAMAMENTO À AÇÃO
As manobras da “Trident Juncture” protegem exclusivamente a uma minoria privilegiada, aumentando a despesa militar global em detrimento das necessidades de investimento essenciais em ações sociais e humanitárias, como combater as consequências trágicas da crise capitalista, a degradação do meio-ambiente, promover o comércio justo, a solidariedade econômica ou cooperação para o desenvolvimento global do planeta. Só em 2014 os gastos militares do mundo foram de US $ 1,8 trilhões, enquanto que em 2016 o Estado espanhol vai consumir 24.489,96 milhões na preparação da guerra e do controle social. Atualmente os 5 países com maiores gastos militares na Europa Ocidental são França, Alemanha, Itália, Reino Unido e o reino de Espanha.
Suas “supermanobras” aumentam a insegurança do planeta e, particularmente, a nossa, por situar-nos como o palco principal de suas operações de guerra. Trazem-nos a guerra “em casa”, nos convertem em colaboradores diretos da violência da OTAN e, portanto, em objetivo de guerra para os seus oponentes, incentivando o terrorismo, o racismo, divisão social e medo…
Para os exércitos, essas manobras representam uma carga sangrenta para o progresso global, são um meio de destruição irracional, dominação econômica, ideológica e de “conquista do poder”, que temos de nos libertar para o bem da humanidade e a Terra. Por esta razão e por causa de sua alta relevância, fazemos uma chamada à solidariedade global e cooperação das sociedades na luta da não-violência ativa e para a verdadeira democracia real, justiça social, ambiental e sustentável, redistribuição sustentável da riqueza e dos recursos do planeta. Chamamos à desobediência civil e ação direta não-violenta contra as manobras “Trident Juncture 2015” da OTAN.
Vários coletivos preparam atos de protesto e resistência civil durante a realização das “supermanobras” e pedimos o seu apoio e cooperação. Também convidamos para a descentralização e a autogestão do protesto (organiza a sua própria ação desobediente e coordena-a com as demais). Desde o movimento pacifista e antimilitarista na Andaluzia existem iniciativas para organizar a desobediência civil em Barbate, de 30 de outubro a 2 de novembro (em frente ao Campo de Treinamento Anfíbio de Sierra de Retin) com apoio da Rede Europeia Antimilitarista e da Alternativa Antimilitarista.MOC. Em Zaragoza estão se organizando protestos em 3-6 de novembro (o Campo de San Gregorio novamente vai estrelar a barbárie militarista). É urgente demonstrar nossa rejeição à guerra e a nova ameaça da OTAN. As pessoas têm o poder e a responsabilidade de parar a ganância e a violência, melhorar o nosso mundo frágil e pequeno.
Zaragoza, Planeta Terra, 1 de setembro de 2015.
Contato: mambrú@nodo50.org
Mais informações no site “Insumissia” (antimilitaristas.org), seção “Maniobras OTAN “Trident Juncture” 2015”. Atalho para a seção: http://j.mp/AntimilOTAN
Tradução > Liberto
Conteúdo relacionado:
http://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2015/09/05/espanha-90-milhoes-de-pessoas-em-guerra/
agência de notícias anarquistas-ana
vento transparente
nu
vens
Alexandre Brito
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!