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[Espanha] Refugiados: nem Deus, nem Amo, nem Estado

By A.N.A. on 18 de Setembro de 2015

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La Varanda de Rafa Rius

 

Nem Deus, nem Amo, nem Estado. A velha bandeira anarquista resume perfeitamente a sensação de estupor e vergonha frente ao que está ocorrendo na Europa com os imigrantes e refugiados.

Quando buscamos as causas últimas deste longo e profundo desastre, nos topamos inevitavelmente com a maldita trilogia:

Nem Deus: Estamos vendo nestes dias infelizes, imagens de pessoas perambulando entre o barro dos bosques balcânicos, famélicas e desidratadas, pessoas que tiveram que abandonar seu lugar, suas casas, suas vidas, seus projetos… que, chegada a hora da oração, estendem seu tapete e rezam voltadas à Meca. Quê mais necessitam sofrer para aceitar que seu deus permanece surdo e mudo frente a suas desventuras, simplesmente porque não existe? ISIS, Al-Qaeda e ao fundo, escondido, o sionismo… A religião segue enchendo a história de ódio e sangue, segue representando seu sempiterno papel de atiçadora necessária de todo tipo de penúrias e conflitos.

Nem Amo: Como costuma suceder, o Amo, ou o que é o mesmo, o sistema capitalista, é qualquer coisa menos inocente no tema que nos ocupa. Detrás da grande onda de refugiados, que não começou este verão, ainda que assim queiram fazer-nos crer os grandes meios de desinformação, estão os interesses do capitalismo global, especialmente os relacionados com a indústria da guerra, os negócios do petróleo e os chamados “minerais estratégicos”. O capitalismo é por sua própria essência amoral, a ética não cotiza na bolsa e portanto é totalmente alheia a seus centros de interesse. Seu caráter depredador não sabe nada de emergências humanitárias nem de nada que não tenha que ver com seus objetivos de negócio.

Nem Estado: Nestes tempos revoltos estamos comprovando até a náusea para que servem os Estados. Brutalidade policial e militar contra os refugiados indefesos, muros e cercas para impedir o livre trânsito das pessoas, comércio indecente sobre as quotas de imigrantes que correspondam a cada qual, campos de concentração que recordam épocas ainda mais obscuras e que acreditávamos superadas… As fronteiras entre Estados estão fazendo valer sua função repressora e criando grandes congestionamentos humanos que se justificam com a necessidade falsa e bastarda de não abrir a mão para não provocar um “efeito chamada”, como se fizesse falta chamar a ninguém quando a opção é esquivar uma morte provável ou enfrentar uma morte certa. Os Estados estão cumprindo com perfeição o papel para o qual foram criados. O que parecem ignorar é que é impossível colocar portas no campo. Agora parecem surpreendidos de sua incapacidade para deter e gerir as sucessivas e crescentes avalanches, quando são suas próprias políticas de rapina que as provocaram. Entretanto, seguem ocultando-nos que, a partir da invasão soviética do Afeganistão, a CIA e o MOSAD, com a colaboração entusiasta dos Serviços Secretos europeus, estiveram por trás da criação e do patrocínio do Al-Qaeda e posteriormente do ISIS, enquanto agora os porta vozes dos governos da Europa, EUA e Israel se lamentam com cinismo inaudito de que os ovos dessas serpentes que eles mesmos incubaram lhes estalaram entre as mãos.

Analisar a situação desde um ponto de vista libertário, pode nos ajudar, mas além da inanidade de uma conjuntura feita de nacionalismos estreitos e eleições lampedusianas, a entender de maneira integral as razões últimas desta abominável catástrofe humana que em nenhum caso é fruto da fatalidade senão da conjunção nefasta dos interesses dessas três grandes pragas: a Religião, o Capitalismo e o Estado.

Fonte: radioklara.org/radioklara/?p=5166

Tradução > Sol de Abril

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Estrela cadente.
No seu rastro luminoso
um desejo meu.

Fanny Luiza Dupré

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