Há alguns dias, uns altos executivos da empresa multinacional Eldorado Gold visitaram o arcebispo da Grécia (foto). Trata-se do diretor executivo e do vice-presidente da empresa, assim como do diretor executivo de sua empresa filial na Grécia, Elinikós Jrisós (Ouro Grego). Dita empresa é a encarregada das obras desastrosas de extração de ouro no noroeste de Calcídica, as quais causaram uma onda de protestos por parte dos habitantes da província e de milhares de solidários em toda Grécia.
Segundo lemos nos meios desinformativos, os altos executivos da multinacional informaram ao arcebispo, “do estado de saúde dos mineiros” que estavam há vinte dias nas minas protestando pela decisão ministerial que anulava as obras de extração no bosque de Skuriés. Os meios desinformativos querem fazer com que acreditemos que os títeres engravatados da multinacional que cobram 18 milhões de dólares ao ano, ou seja, uns 75.000 dólares por cada dia de trabalho, se preocuparam com a saúde dos mineiros, e cruzaram o Atlântico para informar ao… chefe da Igreja grega… Como veremos mais adiante a coisa não é exatamente assim.
Nos mesmos meios lemos que o arcebispo “manifestou sua preocupação pelo estado de saúde dos mineiros”, mencionando que “apoia sua luta”. Trata-se da mesma pessoa que jamais manifestou sua preocupação pelo estado de saúde dos milhares de habitantes da província que estão sofrendo as desastrosas consequências do processamento com cianeto de milhões de toneladas de terra, pela contaminação dos aquíferos ou pela destruição total dos ecossistemas da zona, por não falar da repressão brutal que há anos estão sofrendo por parte das forças repressivas do Regime. O arcebispo apoia (com uns anos de atraso) a “luta” de um punhado de mercenários, mas não se inteirou da luta antimineradora dos habitantes dos povoados da província e do movimento antimineiro em toda Grécia.
Para nós, a parte mais importante da notícia se acha na afirmação dos peixes grandes da multinacional que “expressaram sua intenção de apoiar a obra social da Igreja”. Já se entende porque a igreja demorou tanto em apoiar, ainda que seja verbalmente, aos mercenários da multinacional. Esperava um apoio material direto em troca de seu “apoio” verbal. No entanto, este apoio não foi somente verbal.
Não é a primeira vez que se mostra evidente a inter-relação entre a Igreja e o Capital transnacional. Desde que começaram as obras de extração de ouro em Calcídica, a empresa mineradora que tem sob sua responsabilidade as obras é a patrocinadora do bispado local. O monastério de Iviron, um dos vinte monastérios do monte Athos, um estado teocrático-protetorado do patriarcado de Constantinopla, acedeu ao arrendamento a longo prazo de um bosque em Skuriés, de uns 93 hectares de superfície, o qual será usado pela empresa mineradora para o armazenamento de resíduos tóxicos. Logo após o armazenamento destes resíduos perigosos nunca manifestou sua preocupação nem o arcebispo nem algum outro executivo ou alto dignatário da Igreja. É de esperar: A Igreja recebeu uma doação de 1,4 milhões de euros por parte dos investidores devotos. Assinalamos que este dinheiro é tão só um adiantamento do que receberá a Igreja pelos serviços prestados ao Capital.
Fonte: http://antigoldgr.org/.
O texto em castelhano:
Tradução > Sol de Abril
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