Os anarquistas sempre consideraram a educação como um instrumento fundamental para a libertação individual e coletiva do ser humano, em contraponto com a escola considerada como um lugar de reprodução dos saberes e dos valores do sistema capitalista e autoritário que diariamente combatemos.
Nada mais esperamos da escola, enquanto instituição autoritária e reprodutora do sistema social em que estamos inseridos, do que uma mera transmissão de conhecimentos, muitos deles, é verdade, totalmente inúteis ou completamente desatualizados. A escola ensina o passado às gerações que vão construir o futuro.
Apesar disso, todos os anos, muitos milhões de jovens estudantes ingressam nas escolas, num sistema de ensino que, na maior parte dos países desenvolvidos, se foi tornando obrigatório.
Se não se espera muito da escola nem dos professores (tirando alguns casos isolados de útil transmissão de saberes e conhecimentos), espera-se que, no mínimo, o corpo docente tenha alguma preparação para não ser apenas a “voz do dono” – que regra geral é – e que saiba articular alguns conceitos e ideias com um mínimo de correção.
Muitas vezes não é isso que acontece. E um desses casos passou-se hoje numa das escolas de Évora, numa turma de 7º ano, com a generalidade dos alunos na casa dos 12 anos.
A professora de História do alto da sua “sabedoria”, e falando de regimes políticos, disse, a certa altura, que em todos os sistemas políticos conhecidos havia sempre “alguém que mandava nos outros”.
Um dos alunos, habituado a ouvir falar das ideias libertárias e conhecedor do tema, depressa interrompeu a “mestra” e disse que não era bem assim – que “o anarquismo assentava na igualdade entre todos e que, por isso, não havia uns a mandarem nos outros”. Respondeu a professora: “isso é a selva, é não haver ordem, se um anarquista quiser cortar o braço de outra pessoa e não lhe acontece nada. Isso é o anarquismo…”
O jovem estudante não desarmou e disse: “ó professora, não é assim. Os anarquistas defendem a cooperação e as cooperativas…”.
Mas para a docente, caminhando ainda mais pela vereda da ignorância, “as cooperativas foram criadas pelos socialistas, não tendo os anarquistas nada a ver com isso…”, esquecendo anos e anos de trabalho e labor cooperativos levados a cabo por dezenas de milhar de trabalhadores anarquistas, também eles socialistas, mas libertários.
A conversa terá ficado por aqui. Mas, perante todos, ficou evidente que logo no primeiro dia de aulas um jovem de 12 anos conseguiu pôr em sentido uma professora (de História!!!) inculta e arrogante, cuja ignorância ficou bem demonstrada. E, talvez, este jovem aluno lhe possa e deva dar algumas “lições”, a ela professora, durante o ano que agora começa. Pelos vistos, bem precisa. E poderia começar por lhe explicar que as bases essenciais do anarquismo são a igualdade, a solidariedade e a ordem sem autoridade. Tudo muito longe e diferente do que se vive na selva capitalista de que esta professora, no campo das ideias, é tão servil reprodutora.
a.
colectivolibertarioevora.wordpress.com
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Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!