O momento histórico que significou a declaração do último pré-acordo que obteve as FARC junto o Estado, faz-nos refletir sobre os desafios que vêm para o movimento social em geral e especificamente para o movimento anarquista na Colômbia. Vamos tentar delinear alguns pontos frente a este acordo e a situação da luta social nesses momentos.
A primeira coisa a esclarecer é que nós sabemos que o Estado e a Oligarquia não dão ponto sem nó, reconhecemos que tiveram as FARC na sua luta, como também muitas expressões da luta armada na Colômbia, a ousadia de se atrever a sentar para negociar pontos específicos com o Estado encabeçando a oligarquia e isso foi bem-sucedido desde o primeiro pacto de cessar-fogo da insurgência em 1984 sob o Governo de Belisario Betancur.
31 anos mais tarde, com a experiência de várias mesas de conversação, estes dois atores do conflito chegam a um acordo inédito, o pré-acordo geral sobre Justiça restaurativa, que determina que o Estado em mãos de uma jurisdição especial será responsável por identificar e punir os atores que em 50 anos cometeram crimes no âmbito do conflito social e armado.
Como toda resistência Social neste pedaço de terra não só conforma as FARC, vemos que outros atores que ainda estão resistindo e lutando contra o modelo capitalista neoliberal sofreram golpes pelo Estado, como as 13 companheiras presas em 8 de junho que se opõem a privatização da educação na Colômbia, o caso de Feliciano Valencia, e as centenas de povos indígenas que foram mortos por combater o modelo extrativista e latifundista impulsionado pelo Governo Santos, os 100 jovens populares que através do mais vil engano foram executados para mudar suas vidas por férias e benefícios para os membros das forças armadas. (Não nos esqueçamos de que Santos está na Presidência graças a esses falsos positivos), os diferentes prisioneiros e camponeses mortos, que se enfrentaram no rebote da luta social no segundo semestre de 2013 na Greve Nacional Agrária, milhares de afros que foram deslocados pelo conflito e que em cidades como Buenaventura, principal porto da Colômbia, sofreram as mais cruas histórias do conflito por parte de Organizações Paramilitares ainda em operação e os milhões de pessoas que sofrem todos os dias nos campos e cidades as arremetidas do sistema encabeçado pela Oligarquia que arrebata nossas vidas minuto a minuto.
Esperamos também que esse entrelaçamento de mãos com a oligarquia não se torne uma boa vinda por parte do estamento para que se dispute um punhado de cargos oficiais e privilégios territoriais, e sim que isto possa fortalecer a luta dos oprimidos pela transformação radical das condições de opressão e miséria que nos fizeram naturalizada. Não ficaria bem depois de 50 anos de luta armada colocar sua foto em um cartão para ser simplesmente parte do circo eleitoral periódico.
Por isso que acreditamos que o movimento social e o anarquismo em geral devem aumentar seu encorajamento para organizar as suas forças para uma nova e forte arremetida contra o Estado, bastando para revisar algumas recentes histórias da Colômbia e as consequências para o movimento social que significou o acordo último de paz entre o Estado e as expressões insurgentes (M-19, EPL, PRT) para entender o que vai significar um total desmantelamento da expressão armada da resistência social na Colômbia, contando com a desmobilização subsequente do ELN. O que segue igual nesses anos posteriores é uma campanha brutal e sem censura contra os atores que vão continuar resistindo e organizando suas forças transformadoras para combater o modelo imperante.
A análise com o anarquismo é semelhante aos outros atores do movimento social, a menos que este não se configure como um representante na luta Social, já que se envolveu nos últimos anos em discussões que também são importantes, mas que de alguma forma tornaram-se um impedimento para transmitir as suas ideias para o resto do povo que ombro a ombro vem propondo um mundo diferente, com relações mais horizontais e fraternas.
Nós acreditamos que ainda existe tempo de desenvolver uma estratégia coletiva no movimento anarquista para propor novas alternativas (mas também velhas) presentes nas jornadas de trabalho e unidade que vimos realizando desde diferentes pontos, sempre e quando, podemos nos enfocar no objetivo principal que desde séculos atrás temos colocado, a saber, pôr fim ao Estado e suas formas de relacionamento social para construir um mundo novo que nos possibilite e nos potencie a liberdade como coletivo.
Fonte:
https://ccsubversion.WordPress.com/2015/09/28/VA-siendo-hora-de-organizarnos/
Tradução > Liberto
agência de notícias anarquistas-ana
A Rosa cresce
A chuva desce
Primavera floresce
Silvio Feitosa
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!