Para os jovens, a vida dos velhos é tão distante como a vida em outro país. Para as pessoas saudáveis, as enfermidades só afetam as demais.
Faz falta o tempo e o acaso para ensinar-nos que todas e todos estamos unidos na roda da vida, e se completamos suficientes anos, entraremos na casa dos adultos mais velhos.
O fato de adoecer há pouco foi um choque até maior que os sintomas. Ainda durante os quase 30 anos que passei no corredor da morte, quase nunca sofri uma enfermidade. De fato, poderia contar as vezes com os dedos de uma mão e raras vezes um mal estar durou mais de um dia.
Logo a enfermidade me atingiu como um trovão, provocada em parte por uma droga mal administrada pelos médicos da prisão.
Os resultados, incluindo uma debilidade sistemática, me deixaram cabeceando em uma cadeira de rodas porque não pude caminhar.
Já não tenho que usar a cadeira, mas a experiência me ensinou mais do que jamais queria saber.
Agora não posso ver alguém em uma cadeira de rodas sem pelo menos saudar-lhe com a cabeça porque eu sou ele e ele é eu. Já sei por amarga experiência que pode ser doloroso sentar-se em uma dessas durante muitas horas.
Quem o saberia? Agora eu sei.
A enfermidade, como o envelhecimento, é parte do ciclo de vida dos seres vivos. Todos estamos na roda do tempo, esperando nosso turno para aprender algo novo.
Desde a nação encarcerada, sou Mumia Abu-Jamal.
Domingo, 11 de outubro de 2015
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