Em um evento organizado pela coletividade “SOS Calcídica”, Nikos Mosjudis, professor de Engenharia Química na Universidade de Tessalônica, e Sarantis Dimitriadis, professor de Geologia na mesma Universidade, explicaram porque a extração de ouro em Calcídica é perigosa para os ecossistemas da província, e por sua vez explicitaram quais são as violações realizadas pela empresa mineradora Elinikós Jrisós (Ouro Grego), filial da multinacional Eldorado Gold, a qual está realizando as obras. Ambos sustentaram seus argumentos e suas conclusões em dados científicos, assim como nas conclusões tiradas pelos inspetores do meio ambiente. Durante o evento comentaram várias vezes que os relatórios com estas conclusões estão em mãos do fiscal designado para o caso da mineradora de ouro em Calcídica.
O professor de Geologia da Universidade de Tessalônica Sarantis Dimitriadis fez referência a uma decisão ministerial recente que anulava temporariamente as obras. A decisão da anulação temporária das obras se baseou no método de soldagem rápida utilizada pela empresa mineradora. Como assinalou, este método não foi utilizado em nenhum país no mundo, exceto com fins experimentais. Ao mesmo tempo, faz três anos que a empresa não realiza nenhuma prova de campo (sobre o terreno) de caráter semi-industrial para demostrar que este método pode aplicar-se ao caso da mina de Skuriés, Calcídica.
Ambos científicos sustentaram que as obras de extração de ouro em Calcídica contaminam as águas superficiais e subterrâneas da zona com substâncias tóxicas, e o meio ambiente com resíduos e dejetos sumamente perigosos. Também, ambos denunciaram que Ouro Grego oculta que os materiais que utiliza na extração são de alto nível de risco para a vida humana e o equilíbrio do meio ambiente. Concluíram dizendo que tudo isto está mencionado também nos relatórios dos inspetores do meio ambiente, os quais estavam a muitas semanas “descansando” fechados nas gavetas do Ministério do Meio Ambiente.
Com respeito às violações cometidas pela empresa mineradora, as conclusões das inspeções de meio ambiente tem registradas em Calcídica 21 violações desde 2012 até 2014. Doze delas foram cometidas em Madém Lakkos e nove em Olimpíada. As violações tem que ver com o transporte ilícito de materiais tóxicos (1,2), a ocultação de dados associados com o alto risco de produtos e dejetos tóxicos, a gestão incontrolada de derramamento de líquidos tóxicos, assim como com a realização de atividades mineradoras ilegais.
Os inspetores do meio ambiente detectaram grandes quantidades de dejetos líquidos tóxicos em vários depósitos de água, entre eles no depósito de Kokkinólakas. Os níveis dos metais pesados detectados e calculados em dito depósito superam em muito os limites máximos permitidos.
Enquanto a Olimpíada, as conclusões dos inspetores fazem referência ao descumprimento dos requisitos que regem as obras de reabilitação da paisagem da zona. Segundo Sarantis Dimitriadis, a empresa mineradora explorou em 80% das jazidas de ouro sem haver realizado a mínima reabilitação da paisagem da zona. Isto tem como resultado o derrame de grandes quantidades de águas ácidas contaminadas nos aquíferos.
Ambos científicos fizeram amplas referências a uma série de “omissões” da empresa mineradora Ouro Grego. De concreto, o modo da construção do depósito de gestão (derrame) dos resíduos tóxicos do processado do ouro é inadequado. Como consequência, há perigo de contaminação dos aquíferos e do mar Egeu. Também, no arroio de Kokkinólakas se despejam todos os dejetos do processado do ouro, entre eles o cianureto. Os dois assinalaram que os danos ao meio ambiente já ocasionados e os que se ocasionarão, se continuar a extração de ouro, são irreparáveis e suas consequências quase irreversíveis.
Por nossa parte queremos esclarecer que para nós o importante é a anulação dos planos desastrosos do Capital transnacional em Calcídica, mediante a luta combativa, auto-organizada e anti-institucional dos habitantes da província que se opõem a estes planos, e dos solidários com sua causa. Não temos ilusões sobre a eficácia dos meios e processos institucionais e jurídicos, porque simplesmente o papel do Estado é claramente classista. As ilegalidades do Capital podem seguir sendo ilegalidades, ou com a modificação adequada da legislação, amanhã podem deixar de ser ilegalidades. Então a empresa mineradora poderá contaminar e destruir o meio ambiente com o selo da legalidade. E não será a primeira vez que sucede algo semelhante.
A razão, no entanto, pela qual publicamos esta notícia é porque o caso das conclusões dos inspetores de meio ambiente coloca claramente a hipocrisia do sistema de interdependência entre o Estado e o Capital. Para servir aos interesses do Capital, o Estado e seus aparatos não tem o menor escrúpulo em violar (ou modificar) suas próprias leis quando elas não são totalmente compatíveis com os interesses dos economicamente poderosos. O caso de Calcídica e das consecutivas violações da legislação por parte da empresa mineradora Ouro Grego (vitrine da multinacional Eldorado Gold) é ilustrativo desta constatação.
Fonte: http://antigoldgr.org/.
O texto em castelhano:
Tradução > Sol de Abril
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