Em 12 de novembro, Noelia Cotelo Riveiro iniciou uma greve de fome em protesto porque não lhe entregam seus pertences que ficaram no cárcere de Brieva quando foi transladada ao de Topas onde se encontra agora. Pedem-lhe 300 euros pelo transporte quando deveriam ter viajado com ela na condução.
Esse mesmo dia sofreu maus-tratos nas mãos dos carcereiros de Topas. Um carcereiro abriu a porta de sua cela enquanto estava urinando e iniciaram uma discussão. O carcereiro saiu e voltou com outros quatro, todos munidos de porretes e luvas. Começaram a golpear Noelia que ficou com o lábio partido, o ouvido esquerdo lesionado e hematomas por todo o corpo. Enquanto a levavam a enfermaria, voltaram a agredi-la. Ao voltar à cela onde fica enclausurada, haviam desaparecido as poucas coisas pessoais que lhe restaram. Noelia continua em greve de fome, isolada à mercê das feridas, em regime FIES 1, o mais duro de todos. Necessita apoio.
Para escrever-lhe:
Noelia Cotelo Riveriro
Centro Penitenciário de Topas
Ctra. N-630 Km. 313,4
37799 Topas – Salamanca
Espanha
• Carta de Noelia Cotelo denunciando novas torturas no cárcere e confirmando que está em greve de fome como protesto
Olá! Saúde e anarquia companheiro!
Sou eu, Noelia, te mando esta carta através de uma amiga de confiança que veio cumprir uma pena de isolamento aqui no “Búnker” e vai amanhã para seu módulo, para que lhe faça chegar a carta que te envio.
Leia e assim já saberás como vão as coisas comigo aqui. Sinto dizer-te que desta vez contêm muito más notícias: Tive problemas com os carrascos e me partiram um lábio, tenho arranhões no pescoço, hematomas em todo o corpo e creio que me perfuraram um tímpano de tantos golpes a mão aberta na orelha, porque desde que isso aconteceu, perdi a audição do ouvido esquerdo e ainda não a recuperei. No princípio além de ter uma dor insuportável também tinha zumbido, mas já nem o zumbido sinto e aqui se negam a levar-me ao médico da rua e a dar uma queixa de lesões porque sabem o que aconteceu e não tem forma de justificar tantas lesões.
Quando leres a carta já saberás que tudo foi sem motivo e por filha da putice! O bom é que a moça que vai te mandar esta carta estava de testemunha da brutal surra que me deram e diz que se precisar vem de testemunha ao julgamento.
Eu agora estou de greve de fome desde a terça-feira, 10 (quando aconteceu isso) e quero que difundas na Internet o que aconteceu, para que se faça pressão desde o exterior e eu seja vista por um médico legista. Se não ainda por cima vão me prejudicar! Assim que tente também convocar alguma manifestação na porta do cárcere como protesto de repulsa para com os maus-tratos e as torturas que nos fazem neste cárcere.
Venha companheiro, me despeço já. Um beijo.
Na próxima semana te mando o comunicado com minhas reivindicações para que também as torne públicas.
Mil beijões.
Transcrição da carta difundida pelo Comitê Pró-Presos CNT-AIT
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