“Onde antes havia armas para matar, agora existe a consciência de que se arma, firme, frente ao Capitalismo e a Autoridade”. Com estas palavras apresenta-se no bairro o coletivo que liberou a antiga delegacia de polícia da central rua de San Martín, junto ao centro antigo de Lleida. Batizaram-na como a Delegacia okupada Rebelde do Bairro (CORB) e pretendem convertê-la do edifício “que abrigava o braço executor da máxima autoridade do regime democrático” em um espaço aberto às pessoas e que sirva como ponto de encontro de coletivos anticapitalistas.
Uma quinzena de pessoas trabalha para reabilitar um espaço de 1.500 metros quadrados, em um projeto que conta com o apoio da vizinhança.
Em 6 de novembro passado, umas setenta pessoas se manifestaram pelo centro da cidade sob o lema “varremos políticos e banqueiros”, protesto que terminou com a okupação da antiga delegacia para liberá-la, dizem, de seu abandono e da especulação. Em seu interior, uma quinzena de pessoas faz dias que trabalha para reabilitar um espaço de 1.500 metros quadrados e recuperá-lo para o bairro. De fato, a vizinhança já mostrou seu apoio e defendem a CORB porque supõe dar utilidade a um edifício em desuso e que havia sido “o alvo de muitos roubos e saques”, segundo explicam as vizinhas. Seu interior – com o cabeamento e os canos de cobre arrancados – o demonstra.
O edifício, inaugurado em 1954, é propriedade do Ministério do Interior espanhol e até esta quarta-feira não foi interposta nenhuma denúncia, ainda que a subdelegada do governo em Lleida, Inma Manso, informou sobre a okupação dois dias depois que aconteceu. Segundo explicam membros da CORB, as advertências de desalojo foram repetidas desde o dia da okupação, mas até o dia de hoje foram só alarmes falsos e o projeto segue adiante.
Trata-se de uma ação que começou a gestar faz dois meses, depois que o Ateneu Libertário de Lleida foi desalojado. Então, reforçou-se a necessidade imperiosa de dispor de um espaço autogestionado em Lleida para poder construir uma rede de apoio mútuo baseada no assembleiarismo e na horizontalidade.
Define-se como um coletivo feminista, antiautoritário e contra o patriarcado, que pretende manter-se à margem das instituições e longe da linha da Paeria (prefeitura de Lleida). Criar uma rede de autogestão de alimentos e da saúde, uma oficina semanal de intercâmbio de conhecimentos de circo, salas de estudo, uma sala de concertos ou um comedor vegano são alguns dos projetos que estão sendo realizados. Além disso, a CORB já acolhe as reuniões do coletivo feminista Niebla Violeta, e também as assembleias semanais próprias que acontecem toda segunda-feira às 20h.
Os “falsos projetos” de Àngel Ros
“Com nossa ação, este emblemático edifício fica liberado de outros possíveis sete anos de falsos projetos que enchem programas eleitorais e da interessada e inútil gestão burocrática”, explicam no manifesto. É que o prefeito de Lleida, Àngel Ros, se comprometeu em março de 2013 a permutar o edifício por uma parcela municipal de um valor similar para destiná-lo “a equipamentos de caráter social”. Até duas semanas, no entanto, o edifício estava em desuso após sete anos e fechado com chave.
A delegacia deixou de utilizá-lo em 2008, quando a Polícia Nacional espanhola transferiu o serviço de expedição de documentos às atuais instalações de Cappont, na rua Jaime II. Mas a bandeira espanhola ondulou na fachada até 2 de outubro de 2011, dia da festa patronal do corpo policial, quando foi efetivado o fechamento do centro, 57 anos depois de sua inauguração.
Desde então, as associações de moradores do bairro antigo continuaram reivindicando o uso social do edifício, já que se encontra em uma localização estratégica de entrada do bairro com a sede do Orfeó Lleidatà ao lado, a paróquia de San Martín, o museu de La Panera e a Seu Vella a poucos metros. Agora é a primeira vez que graças à iniciativa de um grupo de pessoas a título individual começou-se a dar um uso social ao edifício, muito diferente do que havia tido desde o franquismo e até sete anos atrás.
Tradução > Sol de Abril
agência de notícias anarquistas-ana
Muda
na terra úmida
aterra muda
Luciana Bortoletto
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!