[Por ocasião da conferência do clima da Nações Unidas, a COP21, autoridades francesas anunciaram nesta quarta-feira que manifestações estão proibidas de 29 de novembro a 12 de dezembro e que as medidas de segurança serão reforçadas. Apesar da proibição policial, grupos anticop21 prometem ir às ruas de Paris.]
Desde que o Estado de Emergência foi declarado na França, foram efetuadas mais de 1600 buscas e cerca de 300 detenções domiciliárias. Em nome da luta contra o terrorismo, o Estado francês está a desencadear uma guerra contra os movimentos sociais.
O Ministério do Interior proibiu todas as manifestações na via pública das 00h de sábado à meia-noite de segunda-feira, com exceção das homenagens às vítimas dos atentados de Paris. O Governo francês tenta assim definitivamente pôr um ponto final às manifestações contra a COP21 esperadas este domingo na capital francesa. Não será certamente bem-sucedido, pois inúmeros grupos já deixaram claro que não vão respeitar o Estado de Emergência.
O Estado de Emergência, que permite às autoridades fazerem buscas domiciliárias sem autorização judicial, tem entretanto sido usado como desculpa para fazerem estas buscas de forma aleatória e injustificável, perturbando a vida de centenas de pessoas inocentes. Foi o que aconteceu em Nice, quando uma criança de 6 anos ficou ferida durante uma forte intervenção policial às 4h30 da manhã. É um de dezenas e dezenas de casos publicados em jornais franceses, que vão de buscas violentas de domicílios e restaurantes árabes até a intervenções arrasadoras em mesquitas.
Para além disso, o Estado de Emergência dá cobertura também a ações repressivas e injustificáveis contra ativistas e militantes por todo o estado francês. Listamos algumas:
• Um membro da equipe legal da Coligação Clima (de que fazem parte 130 organizações da sociedade civil) foi colocado em prisão domiciliária até 12 de dezembro, com obrigação de se apresentar três vezes ao dia na delegacia, por “fazer parte da extrema-esquerda parisiense” e estar ligado ao grupo de apoio à ZAD de Notre Dame Des Landes.
• Um cortejo de mais de 200 ciclistas e 4 tratores saiu no sábado da ZAD de NDDL, onde desde 2007 se luta contra a construção de um aeroporto, para se juntar às manifestações do próximo domingo. Durante o caminho, teve de enfrentar diversas proibições administrativas e bloqueios por parte da polícia. Cortejos semelhantes vindos do sul e este da França juntaram-se hoje pela manhã, já nos arredores de Paris.
• Esta terça-feira, uma chácara em Dordogne foi invadida por uma dezenas de robocops à procura de “pessoas, armas ou objetos suscetíveis de estarem ligados a atividades de caráter terrorista”, segundo o documento assinado pelo Prefeito. Na chácara vive um jovem casal que planta legumes biológicos e, por acaso, se considera de extrema-esquerda.
• Quarta-feira de manhã na região de Périgueux, várias residências de companheiras e companheiros anarquistas foram invadidas. Todos os dados informáticos foram registrados e as residências fotografadas. Esta operação foi também ordenada pelo Prefeito de Dordogne.
• 4 dias depois dos atentados, uma okupa em Lille foi despejada de forma bastante violenta por uma unidade de elite da polícia francesa, a RAID.
Fonte: facebook.com/guilhotina.info/posts/847477828702028:0
Mais infos: anticop21.org
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