[Quando: 12 de dezembro de 2015; Horário: 15 horas; Onde: UECE – Universidade Estadual do Ceará (Av. Dr. Silas Munguba, 1700 – Campus do Itaperi – Fortaleza; Organização: Arquivo Bakunin.]
Historicamente a burguesia temeu o socialismo.
Mas atualmente algumas correntes socialistas pequeno burguesas trabalham para criminalizar as correntes do socialismo de característica revolucionária.
Arthur Bernardes criou a Clevelândia, uma colônia penal no Oiapoque para enviar os agitadores sindicalistas e anarquistas durante a primeira república.
Trotsky caluniou, criminalizou, perseguiu e fuzilou anarquistas e socialistas que visavam aprofundar a revolução russa dando mais poder aos Sovietes.
Dilma propôs a lei antiterrorismo temendo um novo levante de junho que vai criminalizar todos os que ousarem se rebelar por direitos.
Em todos esses momentos históricos o anarquismo sofreu criminalização, como foi no levante de junho. A mídia burguesa acusava os black blocs de anarquistas, e o socialismo burguês republicano (PSOL/PSTU/PCB/PCO) mordeu a isca, e fez coro com a mídia burguesa, acusando os black blocs, ajudando as forças de repressão como o caso do PSTU que fez um B.O. contra a FIP no Rio de Janeiro. O B.O. serviu para o processo que criminalizou os #23 lutadores que por hora, estão respondendo em liberdade.
Recentemente, após a ocupação da reitoria da UFC [Universidade Federal do Ceará], em uma assembleia de professores, uma docente da UFC ousou defender a “responsabilização de um pequeno setor ligado ao anarquismo”. A assembleia calou. Mas nós não nos calaremos!
Participe do debate!
agência de notícias anarquistas-ana
aqui também essa desconhecida
e ansiosa e breve coisa
que é a vida
Jorge Luis Borges
O texto de apresentação do evento lembra que historicamente os anarquismos sempre foram criminalizados: p. ex., Artur Bernardes, presidente do Brasil na Primeira República, criou um campo de concentração no Norte do Brasil (Clevelândia), para escravizar líderes anarquistas sindicalistas; durante a Revolução Russa, Lênin e Trotsky perseguiram, caluniaram, aprisionaram e fuzilaram anarquistas que lutavam pelo empoderamento real das assembleias de trabalhadores (os “Sovietes”), contra a centralização do poder nas mãos do Estado Bolchevique; atualmente, o Governo Dilma Roussef propôs a Lei Antiterrorismo do Brasil, com vistas a encarcerar sumariamente (sob a acusação de terrorismo) todo e qualquer movimento social que não se comporte como crianças obedientes que fazem “pedidos” aos seus grandes “pais” e “mães” governantes, ao invés de fazerem exigências veementes; enquanto que, por outro lado, a “esquerda” da “esquerda” – o PSSTU – registrou um B.O. contra integrantes de uma organização anarquista do RJ, documento este que serviu para “engrossar” o processo juducial aberto contra os 23 ativistas anti-copa (boa parte deles anarquistas).
Ao encerrar a lista de exemplos com a citação do caso de uma professora da UFRJ (certamente uma “esquerdista” de partido) que, recentemente, propôs em uma assembleia de professores que uma “certa facção” anarquista seja responsabilizada pela recente ocupação da reitoria da UFCE, o texto esquece de comentar que, na véspera da maior de todas as repressões contra as manifestações anti copa do RS, a juventude do PSOL resolveu abandonar aqueles que até então tinham sido seus “companheiros” de protestos (organizações anarquistas como a FAG) e, como se não bastasse, entendeu de dar uma entrevista para um dos maiores jornais do Estado, alegando que não iria participar do protesto do dia seguinte (durante o qual a polícia cercou os manifestantes e os deixou presos em plena rua durante horas, sob salvas de bombas de gás e moral), porque, segundo os “aqueles evadidos”, os anarquistas seriam muito violentos… Huummm… Prato cheio para justificar a cruel repressão policial!
Então, eis minha resposta à questão lançada pelo ciclo de debates em pauta:
A quem interessa a criminalização dos anarquismos?! Minha resposta curta e grossa: a todos as ideologias políticas a quem interessa a manutenção das estruturas do poder que permitem que alguns continuem decidindo sobre as vidas da maioria, mesmo que proponham que essa maioria possa levantar um pouco a cabeça acima do poço de merda em que está atolada, só para ter a leve sensação de as coisas parecem estar cheirando um pouco melhor (como é o caso das esquerdas, que não se sabe mais nem se são do centro ou dos fundos…).