I.A. / Camille
Um bairro social como muitos outros espalhados pela Europa e pelo mundo. Um bairro como outro qualquer nas periferias das grandes cidades, construído para albergar imigrantes pobres e mantê-los marginalizados e afastados da população local…
Uma diferença deste bairro para os outros bairros sociais europeus é a sua cultura de união e visão única de território do povo Basco, tanto quanto a ação dos universitários, que lutam pela sua independência física, cultural e ideológica. Onde a luta dos okupas do bairro não está separada da luta da resistência popular basca nem difere da luta das outras regiões autônomas em território “Espanhol” e no mundo.
Olham para a sua luta local como mais um elo de resistência no panorama mundial. Quando abrem um bloco de apartamentos, lembram-se da Palestina e, quando falam da história do bairro, sentem as balas de metralhadora que mataram jovens no dia 3 de Março de 1976, na luta contra o fascismo.
Quando falam de casa para todos, falam também de outras raças, de outros povos. Falam também de um lugar para todos; sem sexismo, homofobia, hierarquias rígidas ou “infanticídio cultural”. Quando falam em decidir, agir e criar estão a falar de um grupo criado de baixo para cima, e não criado de cima e trabalhado pelos de baixo, dependendo uns dos outros. O seu lema é “DIY” (Do It Yourself), a sua “tropa” é o povo e os seus companheiros são todos os que lutam pela liberdade.
Quando entramos no bairro, destaca-se uma pintura de intervenção que é o mural em memória do anarquista Salvador Puig Antich, detido em 1973 por pertencer ao Movimiento Ibérico de Liberatión, um grupo armado que assaltava bancos para financiar a luta de classes. Foi detido em 1973 e condenado à morte pelo homicídio de um polícia durante um tiroteio, tendo sido o último “espanhol” a ser executado pelo Garrote Vil (1) em Março de 1974. Na parede de um dos blocos vê-se também um mural de homenagem a Hassana Aalia, um jovem de 26 anos condenado a cadeia perpétua pelo governo de Marrocos, na sua luta pela independência do povo do Saara Ocidental. Outra placa a não esquecer, e não menos reconhecida pelos moradores, é a colocada à entrada do café do bairro, de tributo a Romualdo Barroso Chaparro, que foi abatido a tiro pela polícia no Bairro Zaramaga aquando da Greve Geral de 3 de Março de 1976.
A história do bairro começa então quando este foi construído juntamente com outros três na mesma cidade, para receber os trabalhadores de construção civil que vinham da Andaluzia, da Extremadura e da Galiza. O regime fascista batizou este projeto com o nome de Cooperativa “Mundo Mejor”, sendo que uma das principais forças impulsionadoras destes projetos, aliadas ao regime vigente, era a Igreja, muito pela ideologia do padre Carlos Abaitua, conhecido por ser o impulsionador das habitações sociais em Espanha. A igreja, enquanto “Secretariado Social Diocesano”, necessitava pois do apoio do regime Franquista para poder levar para a frente a sua iniciativa de comunidades cristãs. E assim se criaram bairros como o de Errekaleor (Rio Seco), na cidade de Vitória-Gazteiz. Errekaleor foi o nome dado ao Bairro depois da criação das comunidades autônomas em Espanha, sendo que Euska Autonomia Erkidegoa (País Basco) recebeu o estatuto em 1979.
O bairro foi sempre dos trabalhadores e dos resistentes ao fascismo e foram os moradores que, fora das lutas nas fábricas, iniciaram campanhas e ações para assim melhorar as condições das infraestruturas do bairro, que tem 16 blocos e que abrigava 192 famílias e uma igreja que estava ao abandono por parte do Ayuntamento (2), sendo mantida pelos moradores. Os moradores criam então uma associação de proprietários e iniciaram a construção de espaços que achavam necessários ao bem-estar da comunidade (sala de cinema, Bar, balneários, padaria, etc…). De seguida iniciaram uma pressão “política” local, que levou à construção do centro social e do Ginásio (Fronton) pelas mãos dos próprios moradores com material cedido pelo Ayuntamento.
Estivemos no bairro e quando falamos com as pessoas, cedo percebemos as raízes da sua força e determinação, sendo que algumas dessas raízes são símbolo da luta social basca. No dia da Greve Geral de 1976 foram mortos também Francisco Aznar Clemente de 17 anos, abatido perto da igreja com um tiro na cabeça e Pedro Maria Martinez Ocio de 37 anos, abatido com 3 tiros no peito. Dias mais tarde morrem José Luis Castilho Garcia de 32 anos e Bienvenido Pereda, este último devido aos ferimentos infligidos pela polícia na carga policial na igreja de S. Francisco do bairro de Zaramaga, onde se realizava uma assembleia popular inserida na greve geral de 3 de Março. Estavam mais de 8 mil pessoas, com a polícia a assistir, quando de repente vem uma ordem para evacuar o edifício religioso e começaram a voar, lançadas pela polícia, bombas de gás lacrimogêneo para dentro da igreja. Quando as pessoas, em pânico, começavam a correr para fora da igreja eram atacadas com bastões e baleadas a metralhadora quando tentavam fugir do inferno causado pelas “forças de segurança”. Neste dia mais de cem pessoas foram feridas, sendo muitos dos ferimentos devidos a tiro de balas, mas nunca ninguém foi julgado.
Passados uns dias numa manifestação em Tarragona contra a repressão e contra os assassinatos do jovem Ramualdo Chaparro e seus companheiros, morre Juan G. Rodrigo Knajo, quando cai do telhado ao tentar fugir da polícia e, cinco dias depois, a polícia mata Vicente Anton Ferrero de 18 anos, numa manifestação em Basauri. Já durante outro protesto em frente à embaixada espanhola de Roma, a polícia italiana dispara e mata o manifestante Mario Marotta e é esta repressão que vai dar força aos jovens que querem fazer reviver o bairro e a resistência ao regime político na procura de uma sociedade alternativa. Sobre estes assassinatos, a versão oficial do governo espanhol foi, pela voz do diretor geral de segurança Victor Castro San Marin, a seguinte: “O que passou em Vitória foi nada mais nada menos que uma tentativa de ocupação de uma cidade por uma massa que desde manhã cortou ruas, derrubou barreiras e atacou as forças de segurança da cidade. Em certo momento, quando as forças de segurança se viram encurraladas, tiveram de abrir fogo, precisamente em legítima defesa”.
A dita “legítima defesa” era então a resposta do regime contra a procura de liberdade, do direito à greve, manifestação, reunião e auto-sustentabilidade de um povo, contra a guerra aberta na luta contra o fascismo herdado de Franco. Em Vitória, como em todo o país Basco, crescia, poucos meses depois da morte de Franco, o movimento popular, seguindo as pisadas das assembleias populares que se espalhavam por Espanha, e da guerra civil espanhola dos anos 30. A polícia agiu em “legítima defesa” do patronato, igreja e Estado contra as assembleias populares porque era aqui que se encontravam as Comissões Representativas dos trabalhadores em luta da cidade e arredores.
O Bairro Errekaleor para a classe política é um Ensanche, nome dado a áreas para o desenvolvimento nas periferias das cidades, aquando da explosão demográfica e da revolução industrial do final do séc. XIX. Nos anos 80 alguns habitantes começaram a abandonar o bairro devido às más condições das casas e da distância até à cidade (ainda hoje são 20 minutos de bicicleta desde o centro da cidade), isto muito devido ao processo estatal para esvaziar o bairro. Foi uma empresa com esse nome, Ensanche 21, formada em 2000 como sociedade urbanística municipal que, sob a forma de sociedade anônima, criada para atuar no planejamento e ordenação das áreas de expansão a Este e Oeste da cidade, que iniciou em 2007 um projeto de habitações de luxo para o local do bairro e que em 2010 apresentou o Plan Especial de Ordenación Urban de Errekaleor para “recuperar o carácter urbano na periferia da cidade, dignificando a qualidade de vida em Errekaleor”. como declarou o alcaide Patxi Lazcoz.
O Plano era demolir o que estava construído e construir de raiz um bairro de luxo com parte comercial e 375 habitações, sendo 150 em resorts fechados e 225 como “vivendas libres”. Grande parte dos proprietários das habitações em Errekaleor aceitou trocar os seus andares por outros novos ou receber dinheiro acima do valor real das suas casas. A sociedade Ensanche 21 esperou por respostas concretas dos restantes proprietários até Maio de 2010, pretendendo a empresa chegar a “un acuerdo amistoso” de realojamento para todas as famílias. Ainda em 2010 o Ayuntamento inicia os processos de expropriação forçada de cerca de 30 famílias que ainda habitavam no bairro e que resistiam formando parte de uma plataforma que queria continuar a viver lá. Em 2012 havia ainda 20 proprietários no bairro e em 2015 há 4 famílias residentes “legais”, 3 que aceitaram a oferta e têm poucos meses para sair das casas, e uma família resistente “Gitana”, que não quer vender, nem sair, e vai, talvez, ser a última família legal no bairro… As famílias que saem são realojadas por 20 anos em bairros novos, em casas com elevador, garagem, etc… outras ainda esperam a construção de novos andares, tendo recebido dinheiro. Nesse mesmo ano o grupo EAJ-PNV (3) apresenta um projeto de nome Errehaldea, um parque de horticultura ecológica e convencional com 210.000 m² nos terrenos onde se encontra o bairro. A pressão sobre os moradores que ainda residiam no bairro levou-os a tomar lutas mais radicais. As famílias que não queriam vender e ceder à pressão imobiliária começaram a cortar estradas e a fazer manifestações. O Ayuntamento deixou de recolher o lixo e nos meios de informação local o bairro começa a ser descrito como um lugar marginal e perigoso.
Em 2013 começa a nova fase do Bairro e da luta de Okupação, quando numa assembleia de universitários que tinha decidido okupar como forma de ter casa enquanto estudavam, uma ação inserida no combate à crise e na luta pelo direito à habitação, é decidido falar com as pessoas de Errekaleor. O Bairro foi escolhido como local ideal pela localização e pela sua história com a qual muitos se identificam. As diretrizes são autogestão; socialismo de base; criação de espaços para a grupos de intervenção social (anti racismo, anti capitalismo, anti sexismo, grupos de libertação animal, grupos de pais, grupos culturais, etc…)
O primeiro bloco a ser ocupado foi o nº 26. A decisão foi tomada depois de reuniões com todos os moradores, proprietários e okupas, que viam a tomada de posse do bairro como uma união contra a política de Espanha e do Partido Popular. As primeiras casas a serem ocupadas foram abertas com as chaves dos antigos proprietários, que as passaram ao grupo Okupa. A primeira ação depois da ocupação do bloco foi iniciar uma queixa contra o grupo que geria o bloco 26 por abandono e negligência: o processo foi decidido a favor dos Okupas. Mas o recente alcaide (4) recorreu da sentença e a partir daí começa-se a recuperar mais blocos e a abrir casas para as pessoas que vão chegando com a mesma linha de pensamento de ocupação “política” de intervenção. A assembleia de moradores em 2014 tinha apresentado no Ayuntamento, o Projeto Errekaleor Vivo, onde o partido PNV absteve-se, o PP chumbou e o PSOE apoiou.
Entretanto a Ensanche 21 abre falência, mas o concelho político que a formava continua a gerir o bairro. Depois de um incêndio no bloco 5, que está ocupado mas fora do projeto social e político de intervenção, é formada uma equipa por parte do estado para pressionar uma intervenção no bairro por falta de segurança para os moradores. Um dia o Ayuntamento leva uma inspeção ao bairro e os moradores mostram os andares e as instalações provando que está tudo bem ao nível de segurança nos espaços habitados e utilizados por eles. A polícia local começa, então, a espalhar pelos órgãos de informação que não vai ao bairro por medo e insegurança…
Em todos estes anos de expropriação, o Ayuntamento já gastou 22 milhões dos dinheiros públicos e há 11 anos que não intervêm no bairro (a não ser para despejos, cortes de luz, etc.), sendo os moradores que o mantêm habitável, com 192 casas, divididas por 16 blocos, 33 portas com 6 andares em cada bloco.
Em 2015 como forma de forçar o desalojamento dos restantes proprietários e dos Okupas, o Ayuntamiento, com a desculpa de “numerosas e muito graves irregularidades que ameaçam a segurança das pessoas que moram nas casas”, entra no bairro com a empresa Iberdrola para cortar a luz dos blocos ilegais. Os jovens tentaram falar com os empregados da empresa e tentaram travar os cortes e a resposta da polícia basca foi violenta. A mediatização da ação policial contra os jovens levantou pois uma onda de apoio na cidade ao movimento popular de reabilitação do bairro. “O que se passou nesse dia no bairro foi mediaticamente bom para nós” disse “Zé”, morador do bairro.
Na visita ao bairro falamos com “Zé”, há 8 meses morador do bairro, com a parte política de intervenção bem marcada no seu modo de se exprimir. Falou-nos no centro social ocupado onde agora funciona a biblioteca, a cozinha comunitária (porque muitos blocos ainda não têm luz depois dos cortes), armazém, local para trabalhos manuais de antigos proprietários e novos inquilinos e de encontro de 4 grupos de pais e mães. Falou-nos na igreja que foi construída para missas católicas romanas e mais tarde, depois da saída da maioria dos proprietários, a comunidade cigana fez dela a sua igreja. Hoje é a sede do centro social ocupado (Gaztetxea) espaço para o grupo feminista e de teatro, onde o antigo altar é uma mesa de ping-pong. Num anexo da igreja está projetada uma sala de ensaios para bandas locais e a cruz, prévia e altivamente colocada na entrada, está a servir de espantalho na horta comunitária… “Zé” mostrou-nos orgulhoso o Fronton local para jogar a “pelota basca”, que como salientou: “é o segundo maior da província de Alava e foi construído pelos habitantes”. O bairro tem dois parques para crianças, completamente preservados pelos residentes, que também montaram uma piscina portátil para as crianças no campo de futebol. Passeamos pela horta que tem 1 hectare, mas que conta já com planos de okupação de uma maior área selvagem livre e demos uma vista de olhos rápida ao galinheiro comunitário.
Depois o “Zé”” salientou que vivem cerca de 100 pessoas no bairro, “mas só cerca de 80 estão dentro do protocolo assumido pela assembleia popular do bairro. Depois vivem mais 10 okupas fora do projeto de intervenção social e alguns proprietários”. Nesse grupo de pessoas estão bascos, extremenhos, galegos, ciganos, romenos, argentinos, junkies, ex-presidiários, universitários, etc… com idades compreendidas entre os 22 e os 70 anos. Disse também que “cada bloco é diferente, como também a gestão” e quando necessário organiza-se uma assembleia geral do bairro para “resolver assuntos individuais entre vizinhos, famílias, blocos, e/ou problemas que possam afetar a estabilidade no bairro.” explicou. Falou-nos na parte organizativa que está ser trabalhada desde há 1 ano no bairro. Organizaram-se vários grupos de trabalho como o Grupo de Comunicação (que trata da comunicação com o exterior do bairro, mantêm a página web, acompanha o que se diz sobre o bairro nos jornais, escreve para grupos, revistas, dá entrevistas, etc.), o Grupo de Cultura (que organiza sessões de filmes, teatro, troca de saberes, apoio ao conhecimento tradicional popular basco, concertos, ações de rua, apoio nas manifs, apoio às crianças, etc.), o Grupo de Relações (para mediação de conflitos, tentar equilibrar a multiculturalidade que existe no bairro, as diferentes visões politicas e anti politicas, problemas entre vizinhos e mediar contatos com grupos exteriores ao bairro), o Grupo da Horticultura (para manter a horta, preparar terrenos para serem ocupados para a horta, atrair as pessoas para a importância do auto cultivo e da agricultura biológica, workshop´s e sessões de informação) e por último, talvez o mais difícil de equilibrar, o Grupo de Autodefesa (para preparar as pessoas para se defenderem das perseguições e intervenções policiais no bairro, apoiar as famílias imigrantes contra a perseguição do Estado ou de grupos racistas/nacionalistas anti imigração, ajuda ao grupo feminista para combater a violência sexista, evitar confrontos e roubos entre habitantes do bairro e defender casas habitadas ou devolutas de invasão por elementos não desejados).
Como nos confessou “Zé”, “houve uma fase de muita tensão, de quase agressão mútua entre grupos de moradores quando foi necessário confrontar uma família que andava a roubar os fios de cobre da instalação elétrica e dos tubos de gás, janelas em alumínio etc… foi um momento muito difícil para nós como indivíduos e para a linha política do projeto de ocupação organizada do bairro. Punhos cerrados, ameaças diretas, foi um momento…”. Os elementos que andavam a roubar acabaram por sair do bairro para evitar confrontos que podiam oferecer à polícia uma desculpa para intervir no bairro e as coisas acalmaram.
“Não vai ser fácil, mas é o trabalho que temos pela frente, descentralizar as decisões do bloco 26 e que a assembleia geral seja só de moderação” disse, com uma ideia politica baseada nos princípios marxistas…
Depois existe a intenção de reforçar ideias e movimentos que complementam os grupos acima referidos: como o grupo de mulheres RKmeak (contra a visão patriarcal do mundo), o grupo ideológico com bases marxistas Errekagorri, o grupo de alternativa ao capitalismo La Comunal, o grupo para a música Musigerrila e 4 associações de pais alternativas. Fazem do bairro um local onde grupos alternativos, sem espaços na cidade para se exprimir, possam vir e utilizar as instalações e os espaços para apoiar e criar com as diferentes culturas e energias de Errekaleor. Um exemplo disso foi o início dos acampamentos de verão em Errekaleor Bizirik pelo Grupo de Tiempo Libre de Arratia, com crianças de várias idades ou o encontro dos trabalhadores da Michelin, concertos ou teatros em 2015.
Quando perguntamos ao “Zé” o que pensam fazer se a polícia voltar para despejar o bairro, a sua resposta mostra a força dos jovens que acreditam no projeto político-social para Errekaleor. “Devido à situação política e social em Vitória e em Euskera (País Basco) um ataque da polícia ao bairro levantaria um bloco de acções de diferentes ideologias, que chegariam às ruas de Vitória e a outras áreas do País Basco, e mesmo, talvez, a outras zonas autônomas de Espanha”.
O dia no bairro é passado a abrir blocos e apartamentos, restaurar, reciclar, recolher o lixo, tratar da horta, receber visitas, organizar concertos, tentar manter uma sessão de cinema semanal, passar documentários, ensaiar, apresentar peças de teatro, aulas de explicações e história e viver aquilo a que muitos chamam de Utopia…
Todas as entradas para ocupar passam pela assembleia geral do bairro…
Falamos também com “Manuel”, outro jovem com cerca de 30 anos que vive no bairro há 13 meses. Ele já vivia em casas ocupadas na cidade de Vitória. Perguntamos como se juntou ao grupo de ocupação de Errekaleor; “Éramos um grupo de estudantes fartos de só colar cartazes, ir a concertos, fazer pintadas (graffitis) e decidimos começar a okupar”, respondeu. Morava numa Okupa (Los Arquillos) no centro da cidade quando o convidaram para fazer parte do projeto de requalificação de Errekaleor.
“Manuel” levou-nos numa visita guiada aos espaços e às casas… havia movimentação por todo o lado, rebarbadoras abriam brechas nas portas empedradas e em algumas janelas ouviam-se os martelos… lixo era acumulado na entrada dos blocos e novas casas apareciam de um dia para o outro prontas a serem reabilitadas para receber residentes. Janelas eram retiradas dos blocos mais degradados e colocadas nas novas casas okupadas, armários eram levados para completar uma cozinha, uma sala ou um quarto, ou criar um espaço comum para os moradores do bloco. Falou-nos dos blocos que “têm cozinha, casa de banho e sala de convívio em conjunto”. Perguntamos porque veio para o bairro e respondeu-nos que acreditava na ação direta e na intervenção social como forma de criar “uma comunidade alternativa”.
Assim, um grupo de jovens sonha e continua a resistência à submissão, à entrega das suas vidas a representantes e continua a luta do povo basco com milhares de anos. Continuam a manter viva a chama da cultura basca, não vendo os jovens do bairro mortos na luta de classes como mártires, mas sim como companheiros. Acreditam num socialismo libertário, na luta de classes, na força popular, na vida em comunidade (comunal). Acreditam no que estão a fazer, acreditam neles, em ti e em mim… Acreditam na organização popular e na necessidade de combater a repressão, o capitalismo e a democracia representativa… São jovens do bairro!!!
1. O adjetivo “vil” vem do sistema de leis estaduais por uma questão simbólica: a decapitação estava reservada aos nobres e às pessoas mais ricas, enquanto o garrote era uma forma mais vulgar de execução, aplicada a todos os criminosos “do campo”. Alguns anos depois de sua criação, o garrote foi alterado pela colocação de um colar de ferro que tinha um pequeno buraco, por onde entrava um parafuso que quebrava o pescoço da vítima.
2. Semelhante a Câmara Municipal
3. Partido Nacionalista Basco (Direita)
4. Presidente da câmara
Fonte: http://www.jornalmapa.pt/2016/02/06/8132/
agência de notícias anarquistas-ana
morro alto
sobre o som do mar
o som do grilo
Ricardo Portugal
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!