Nos dias 08, 09 e 10 de março de 2016 se celebrará na Audiência Nacional em Madrid o julgamento contra os anarquistas Mónica Caballero e Francisco Solar. Ambos estão em prisão preventiva a mais de dois anos, à espera de julgamento.
As acusações que pesam contra eles são três estragos, conspiração e pertencer à organização criminosa com fins terroristas, pelos quais a promotoria pede uma condenação de 44 anos para cada um.
Estas detenções foram as primeiras de uma série de operativos antiterroristas na Catalunha, Madrid e Valência, operativos conhecidos pelo nome de Operação Pandora e Piñata, que juntas somam mais de 40 pessoas indiciadas por fazerem parte de suposta organização “terrorista”.
Mas o que é esta organização?
A sigla da coordenação de grupos anarquistas (GAC) foram as utilizadas nas operações policiais para construir esta imaginária organização.
Mas o que é concretamente a GAC?
É um projeto de coordenação, a nível nacional, de grupos anarquistas cuja intenção é criar um movimento anarquista forte e coeso. Uma coordenação baseada nos princípios da solidariedade, apoio mútuo e ação direta, que realizou campanhas públicas em apoio à presos anarquistas, que durante o ano de 2013 publicaram um livro chamado “Contra a Democracia”, no qual se analisam diferentes estruturas políticas, seguidas de propostas realizadas sob o prisma da liberdade individual e o antiautoritarismo, etc.
Seja como seja, o fato é que em nenhum caso se trata de uma organização terrorista, posto que nenhuma das ações pelas quais acusam Mónica e Francisco ou aos outros imputados no resto dos operativos, foram reivindicados por esta sigla.
A suposta organização terrorista “GAC” é uma construção puramente policial, que os promotores e juízes lhe dão crédito, sendo uma boa oportunidade para desacreditar, criminalizar e limpar do mapa uma ideologia e práticas que contribuíram historicamente e contribuem na luta contra o poder e os seus múltiplos mecanismos.
Faz tempo, antes mesmo da detenção de Mónica e Francisco, em novembro de 2013, em um período de tensão crescente e descontentamento social nas ruas, se puderam observar como a repressão aumentou contra aqueles que lutam contra a opressão, com os anarquistas incluídos. Nesse contexto, também se operaram significativas alterações legais para incrementar a repressão, como a lei de segurança cidadã, a reforma do código penal e a assinatura de um novo pacto antiterrorista.
Também fomos testemunhas de como essas mudanças se traduzem em novas e constantes detenções, processos e condenações contra pessoas que lutam; recordemos os vários processos abertos em razão da greve de 29M, a de Can Vías, as do caso do Parlamento, dos 3 de Lleida, etc, bem como contra todos aqueles que ousam mostrar seu descontentamento, sem esquecer outros processos por coisas tão ridículas como meros comentários nas redes sociais ou letras de canções, inclusive, evidenciando até aonde chega a piada quando alguns marionetistas foram presos por “enaltecimento” do terrorismo, quando criticavam em sua obra a repressão enfrentada pelos anarquistas.
O julgamento contra Mónica e Francisco não é o julgamento final, mas em verdade um início, pois pode semear um precedente que pode repercutir nas lutas atuais e futuras:
– Criando uma organização fictícia onde todos nela caibam;
– O que parece ser uma burla ao sentido comum, o deixa de ser quando cada vez mais pessoas enchem as prisões do estado espanhol;
– A acusação de terrorismo, ou seu “enaltecimento”, serve como uma espécie de vareta mágica com a qual o Estado busca fazer desaparecer as diversas formas de oposição a sua onipresença e repressão.
Fazemos um chamado à solidariedade com os companheiros Mónica e Francisco na semana de 29 de fevereiro a 06 de março, para informar e visibilizar sua situação! E, logicamente, para que Mónica e Francisco sintam que não estão sozinhos frente a esta situação que quer devorar sua liberdade e suas vidas!
Liberdade para Mónica e Francisco!
Para mais informações: efectopandora.wordpress.com
Tradução > Liberto
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A chuva passou.
A noite um instante volta
A ser fim-de-tarde.
Paulo Franchetti
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!