Faz uns dias, doze trabalhadores e ex-trabalhadores de uma fábrica de madeira situada no povoado Patrida da prefeitura de Imathia (norte da Grécia) tomaram a decisão de ocupar a fábrica e pôr em marcha um projeto de autogestão dela. Os trabalhadores estavam de vinte a trinta anos trabalhando na fábrica e chegaram a tomar esta decisão quando a patronal a abandonou deixando uma dívida de 700.000 euros. A história começa em 2009, quando a patronal da fábrica exigiu aos trabalhadores pagar-lhes menos dinheiro à Seguridade Social do que lhes correspondia. Durante os meses seguintes a patronal não só procedeu a esta ilegalidade, senão que deixou de pagar os salários aos trabalhadores.
Em 4 de outubro de 2011 a empresa solicitou declarar-se em falência. O julgamento da questão foi várias vezes posposto até março de 2013. Foi então quando a patronal da fábrica reconheceu por escrito que era devedora aos trabalhadores, ou seja que não havia pago os salários atésetembro de 2011. Dos 700.000 euros da dívida, os trabalhadores receberam um total de 7.000 euros, ou seja, 1% de seus salários. Então alguns dos trabalhadores se abstiveram do trabalho e procederam a ocupação da fábrica.
Em setembro de 2015 apareceu uma pessoa que declarou que tinha a intenção de comprar a empresa. A poucas semanas de tomar posse dela, seguiu a tática da patronal anterior, deixando de pagar aos trabalhadores. Aqui queremos assinalar que a patronal deve dinheiro não só aos trabalhadores, senão também a vários bancos, à Companhia de Eletricidade, etc. No Estado grego quando uma empresa se declara em falência, os últimos que cobram o dinheiro que lhes devem são os trabalhadores dela.
Em janeiro de 2016 os trabalhadores solicitaram a adoção de medidas provisórias contra a patronal da fábrica, para que ela não levasse o maquinário ou a matéria prima da fábrica. A patronal seguiu solicitando declarar-se em falência, mas até agora nenhuma de suas solicitações foram processadas. Apesar de que o tribunal ao qual chegou o caso das medidas provisórias sentenciou que o maquinário (e todo o mobiliário) tinha que permanecer no recinto da fábrica, a patronal fez caso omisso da sentença. Em março de 2016 em uma operação policial foi retirada da fábrica a matéria prima nela armazenada.
Os doze trabalhadores, apesar de sua péssima situação econômica, decidiram pôr em marcha a fábrica ocupada. Se puseram em contato com os trabalhadores de Viomijanikí Metaleftikí (VioMe) e com gente solidária com seus planos de autogestão da fábrica. No fim de semana de28 a 29 de fevereiro realizaram-se duas jornadas de ações e debates. Em 12 de março realizou-se na fábrica a primeira assembleia aberta, convocada pela Iniciativa de Solidariedade. Em 17 de março, Andrés Ruggeri, escritor de livros sobre as fábricas recuperadas na Argentina, visitou a fábrica e participou em um debate sobre sua futura autogestão. Em 28 de março trabalhadores e solidários interromperam a sessão do conselho de vereadores de Berea, deixando o texto de apoio a seu projeto. Em 1º de abril, no centro de Berea, capital da província, se informou por megafone sobre o projeto de autogestão da fábrica ocupada e recuperada por seus trabalhadores. Em 3 de abril se celebrou uma festa com bailes e música ao vivo dentro da fábrica ocupada.
A página web de “Los Rubén de la Madera”: https://robenworkers.wordpress.com/.
O texto em grego:
Tradução > Sol de Abril
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