O Ministério Público e a Polícia Nacional solicitam doze anos para três deles e dez para os cinco restantes, todos supostamente envolvidos em altercações depois do concerto nazi realizado no “Hogar Social” (Casa Social) em Fevereiro de 2015. A promotoria os acusa de atentado e desordens públicas, e a Polícia Nacional, além desses delitos, pede que sejam condenados por lesões. A soma total dos anos requeridos para todos eles é de oitenta e seis anos de prisão, algo que a Plataforma Antifascista de Zaragoza qualificou como uma “autêntica barbaridade que apenas pode responder a um intento de criminalização do movimento antifascista e uma agressão à luta pela convivência sem fascismo nem racismo”.
Segundo as próprias palavras de acusação da Promotora “o Movimento Social Republicano havia realizado um show de música RAC – Rock Against Comunnist”, que “teve ampla repercussão nos meios de comunicação, criando grande alarma social no bairro De Las Fuentes”. Inclusive chegou ao plenário da Câmara Municipal de Zaragoza “onde o anterior conselheiro de urbanismo, Carlos Pérez Anadón, anunciou que a Polícia Local em coordenação com a nacional trabalharia para evitar qualquer confronto, o que acabou ocorrendo”, acrescenta Paz. A Promotoria relata que a meia-noite apareceu um grupo de cerca de cinquenta pessoas gritando “fascistas fora de nossas ruas, dentre outras palavras”. “A partir disso, se deu um ataque policial que desembocou em altercações, e, supostamente, os antifascistas lançaram pedras e outros objetos nos agentes, além de agredir vários deles”.
Depois de tomarem conhecimento das detenções, várias associações e coletivos criticaram a celebração do concerto, como é o caso da Federação de Bairros de Zaragoza (FABZ) que tornou pública uma nota na qual denunciava que se havia permitido a realização de um show que “foi realizado em uma garagem que não cumpria as mínimas condições, sendo organizado por um grupo radical que predica o ódio racial, a discriminação entre as pessoas e justifica o uso da violência contra todos aqueles que não pensam como eles, questões completamente contrárias ao nosso ordenamento jurídico e constitucional”. O Partido Comunista se somou às críticas e ressaltou que “um grupo de neonazis saiu ao grito de ‘Sieg Heil, Sieg Heil’ armados com extintores e paus”, e Puyalón de Cuchas e Purna afirmaram que tanto a anterior Prefeitura de Zaragoza quanto o Delegado do Governo “conhecendo a periculosidade de um evento deste tipo o permitiram sem ter as permissões pertinentes e amparando as atividades desses grupos neonazis”.
A detenção desses jovens provocou reações de repulsa em Zaragoza, Uesca e Madrid, e diversos atos, dentre os quais se destaca uma petição de liberdade para a Justiça de Aragão, ocasião em que se entregou um manifesto assinado por mais de cinquenta organizações e mais de cem personalidades, entre as quais estava os Ecologistas em Ação, FABZ, SOS Racismo, Esquerda Unida, Podemos, CHA, Puyalón, MHUEL, ALAZ, Partido Comunista, CCOO e CGT.
A Plataforma Antifascista de Zaragoza assegura que “foi um protesto contra a celebração do evento nazi, que foi recebida com violência por parte dos neonazis e, sem embargo, nenhum deles foi detido”. Em relação à petição da Promotoria e da Polícia Nacional, afirmam que “querem criminalizar o movimento antifascista; querem-nos incriminar e estão fazendo o jogo sujo dos nazis. Faz pouco arquivaram a denúncia da Prefeitura de Zaragoza em razão da celebração de concertos nazis no Camping de Zaragoza, onde claramente se exibiam bandeiras com suásticas e se fazia apologia do holocausto e, agora, pedem semelhantes penas de prisão contra uns jovens que sofreram ataques policiais e uma perseguição pelo bairro de Las Fuentes. Os neonazis não apenas se livraram dos ataques e da detenção, como acompanharam as forças de segurança na perseguição e, inclusive, alguns jovens denunciaram agressões por parte dos neonazis quando já estavam algemados”.
Fonte: arainfo
Tradução > Liberto
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