Por Redneck Revolt
Esta situação é séria e terrível. Tirar a vida de qualquer pessoa precisa ser entendido como algo que é sem igual quando comparado a qualquer outra ação agressiva que podemos empreender.
Mais de quinhentas pessoas foram mortas pela polícia nos Estados Unidos até agora somente neste ano. Os números são cada vez mais assimétricos. Menos policiais morrendo, mais civis, majoritariamente negros, acabam em sacos de corpos nas mãos da polícia. Na medida em que o trabalho dos policiais ficam mais seguros a cada ano, o terror infligido sobre as comunidades, majoritariamente comunidades de não-brancos, cresce exponencialmente.
Neste momento podemos apenas supor sobre as motivações, ou até mesmo a maioria dos fatos em razão do que aconteceu hoje [07/07] a noite em Dallas. Mas uma coisa deve ser clara para todos: Foi somente uma questão de tempo até que alguém carregasse a tocha deixada por Christopher Dorner ou Cristopher Monfort. As comunidades estão no limite do colapso. Raiva preenche os corações de muitos. E na medida em que entramos numa era de entes queridos transmitindo ao vivo a morte de familiares nas mãos da polícia, muitos vão começar a se encontrar na beira do estouro.
Como podemos continuar justificando o reinado sangrento de terror que a aplicação da lei dos EUA não só embarcou, mas existe para embarcar, ao mesmo tempo que não entendemos que algumas pessoas podem finalmente sentir-se encurraladas e sentir a necessidade de responder no mesmo nível? Como podemos continuar a dar desculpas para policiais treinados agindo “emocionalmente e impulsivamente” com nenhuma consideração pela a vida humana, e então atacar aqueles que podem ter finalmente sido levados a ações emocionais e impulsivas por estarem lutando por suas vidas?
O país está no abismo de um conflito civil massivo. Ninguém pode debater isto. À medida em que as realidades política, social e econômica das pessoas se tornam mais e mais divergentes uma da outra, e o país se divide e estratifica… À medida em que a lacuna entre os ricos e os pobres cresce à proporção em que a divisão entre os que procuram liberdade e justiça em um lado, e as reações reacionárias a problemas complexos no outro… À medida que nós assistimos este país enfrentar seu passado racista, horroroso e genocida enquanto realiza noite após noite ataques contínuos contra comunidades negras… Como podemos não entender porque as ações em Dallas desta noite foram inevitáveis?
Até mesmo agora, neste momento, os mesmos reacionários de direita que chamaram as pessoas para armarem-se contra seus governos despóticos correrão para a defesa da lei, da ordem, do estado e da polícia que serve a estes fins. Eles vão difamar, atacar, condenar qualquer um que seja negro, esquerdista, gay ou muçulmano ou que não seja um branco reacionário que possa ter se envolvido nas ações que eles afirmam ser justificadas contra os perversos tiranos.
Mas a verdadeira questão: Aqueles de nós que professam amor pela liberdade, justiça e um mundo de liberdade e equidade para todas as pessoas irão se alinhar com esta lógica? Iremos nós virar as costas para pessoas marginalizadas e permitir que nos tornemos porta-vozes da monopolização da violência nas mãos dos executores racistas do estado? Ou vamos tentar compreender as reações violentas, entender que John Brown e Nat Turner são heróis, pois se levantaram violentamente contra a opressão? Iremos entender que resistência e rebelião não se encaixam em pequenas e belas caixas que vão sempre nos deixar confortáveis e encaixar nossas sensibilidades?
Iremos nos posicionar ao lado daqueles que estão cansados de serem meras vítimas do terrorismo sancionado pelo estado? Ou vamos nos alinhar com aqueles que condenam os que tiveram a audácia de finalmente lutar de volta nos termos que foram escritos pelo estado?
Oprimidos e marginalizados não escolheram as regras do combate. Eles não escolheram séculos de genocídio, escravidão, Jim Crow, vidas em reservas, fronteiras militarizadas, batidas contra imigração (ICE raids), deportações, celas de prisões superlotadas, bebês subnutridos e assassinatos policiais racistas. Não escolheram a violência que tem sido a realidade diária de suas vidas. Estas condições, estas regras do jogo foram ditadas por aqueles que encarregam-se e apoiam o terror que importuna estas comunidades e pessoas.
Nós precisamos sempre nos posicionar com aqueles que já tiveram o suficiente de opressão e que lutam de volta. É nosso papel auxiliá-los neste processo, ajudar na luta pela libertação de toda a classe trabalhadora e pessoas marginalizadas, não condená-los nem tomar o lado do inimigo neste conflito.
Fonte: https://itsgoingdown.org/inevitable-mass-shooting-police-dallas/
Tradução > PF
agência de notícias anarquistas-ana
Pegadas na areia.
Natural fotografia
de vidas em trânsito.
Lena Jesus Ponte
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!