Por que tentar apagar a tocha?
A figura de dúzias de homens da Força de Segurança Nacional correndo obstinados atrás da tocha, para protegê-lá, é o que basta para expor ao ridículo o fundamento do Estado e do Capitalismo.
As Olimpíadas contam com o forte patrocínio do Bradesco. O banco que “elegeu”, com seu patrocínio da campanha da Dilma o Ministro da Fazenda, Joaquim Levy, o mesmo que afundou a economia do país elevando a taxa de juros causando ao mesmo tempo desemprego recorde e lucros recordes.
As Olimpíadas deixam para nós de presente setenta e sete mil desalojados, que perderam suas casas longe dos holofotes da mídia.
Enquanto os pobres tinham suas casas destruídas, a televisão corria atrás dos “vândalos” horrorizada, porque quebravam uma vidraça.
Agora nas Olimpíadas vemos a repetição do mesmo circo. Toda liberdade de expressão” para bajular as Olimpíadas, nenhuma para mostrar toda destruição que carrega consigo.
É natural que, sendo voltado para os lucros, a Globo transforme, sem a menor vergonha, seus jornais em verdadeiros panfletos de propaganda das Olimpíadas: recebe para isso financiamento do Bradesco. Logo, tudo é arco-íris.
Não é dado direito daqueles que se opõem expressarem seu ponto de vista, provavelmente porque os “patrocinadores” sabem que dando essa pequena liberdade eles buscariam outras e passariam a questionar toda a série de arbitrariedades impostas a força.
Sou impedido e arrastado a força pela “Força de Segurança Nacional”, pela minha tentativa de me expressar, resistir à transformação de seres humanos a meras engrenagens visando criar capital, ou seja, reproduzir sua condição de engrenagens. Quer dizer, meu direito de expressão conta menos que o uso do espaço público para a “transmissão de um evento”, que é só uma farsa para aumentar o poder de uma meia duzia de grandes corporações. Há literalmente uma batalha na televisão para esconder das pessoas o mundo real, e o poder que está bem nas suas mãos de contesta-lo.
A mídia, junto com a polícia e o exército, são os grandes apoiadores do capitalismo, já que este depende das pessoas reconhecerem um símbolo cujo poder é arbitrário, o dinheiro. Só o medo das pessoas de resistir a ele, e a ilusão de que seu poder é absoluto forjado pela mídia, o mantém de pé. Mais uma vez foi mostrado que no capitalismo nada mais natural, como todos trabalhadores sabem, do que mutilar o ser humano em nome de símbolos.
Assim como nos curvamos diante da tocha, que rouba nossa voz na televisão, nossa oportunidade de comunicação, toda vez que aceitamos o dinheiro e a propriedade privada e a autoridade do Estado de nos mandar, estamos abdicando de nossa responsabilidade de mudar o mundo.
Espero ver as pessoas perceberem que as “leis” impostas devem ser contestadas, e se unam para transformar o mundo, como seres livres se apoiando mutuamente, sem patrões nem líderes. Precisamos dar um primeiro passo: “a jornada de milhares de milhas começa com um passo só”, e vimos isso nas Ocupações das escolas, em que tive a felicidade de participar.
> Vídeo – Manifestante tenta apagar tocha olímpica em Porto Alegre (RS):
Questione Tudo
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Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!