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[EUA] Ninguém Virá nos Salvar: Uma Resposta Anarquista à Eleição de Donald Trump

By A.N.A. on 14 de Novembro de 2016

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Aliança Anarquista Primeiro de Maio – Fist of May Anarchist Alliance

Novembro de 2016

A surpreendente vitória de Donald Trump na última terça-feira apresentou rapidamente as pessoas neste país (e em todo o mundo) uma paisagem política muito diferente do que esperávamos. Estamos vendo um aumento nos ataques de direita ao mesmo tempo em que a extrema-direita está insuflada pela vitória eleitoral, de forma muito parecida com o que aconteceu no começo do ano após o sucesso do referendo do Brexit no Reino Unido. A incompetência e rendição do Partido Democrata forçou muitos de seus antigos partidários a reconhecer que a luta contra a extrema-direita não pode ser vencida mediante a política lib eral eleitoral. Esta nova realidade força antiautoritários de todos os tipos a enfrentar o desafio de construir movimentos fortes para a autodefesa da classe trabalhadora nessa nova atmosfera.

Muitos escritos nas próximas semanas serão dedicados a resolver, desde a perspectiva Democrata, “o que deu errado”. Muitos autores já argumentaram que o sucesso de Trump é unicamente o resultado do nacionalismo branco e da misoginia. Parte do apelo de Trump é que suas ideias são uma resposta racista à existência atual de um presidente negro. A adesão aberta de Trump à supremacia branca e ao patriarcado foram cruciais para sua vitória, mas não acreditamos que isso possa explicar toda a história. Não pode, por exemplo, explicar por que Trump recebeu mais votos de latinos, mulheres e negros do que outros Republican os recentes.

Outra narrativa afirma que tanto no cinturão industrial, como na Europa, os efeitos devastadores de décadas de austeridade, acordos comerciais neoliberais e uma orientação direcionada a corporações multinacionais foram desafiados. Este desafio nos EUA e em outros lugares veio na forma de nacionalismo xenófobo. Há uma quantidade significativa de verdade em tudo isso também, mas não se pode explicar o sucesso de Trump sem reconhecer o sério apelo que o nacionalismo branco e a misoginia aberta ganharam nesta eleição.

Talvez o aspecto mais revelador deste momento é que, após passarem meses descrevendo Trump como uma grave ameaça às vidas das mulheres, pessoas de cor, pessoas queer e trans e aos deficientes, o Partido Democrático inteiro imediatamente capitulou diante dele. Deixaram claro o que sempre sustentaram: que preservar seu sistema quebrado é muito mais importante que nossas vidas. Muitos em sua base estão pela primeira vez vendo as verdadeiras cores de seu partido e estão procurando organizações radicais com o interesse de carregar a luta que os Democratas tão rapidamente abandonaram. Já estamos vendo ataques a muçulmanos, imigrantes, pessoas de todas as cores além de pessoas brancas, queer e trans. Isto nã ;o é abstrato, já está acontecendo. Devemos esperar mais deste tipo de coisa e precisamos fazer da organização para o combate uma alta prioridade.

Para os antiautoritários, isto representa um desafio fundamental que precisamos enfrentar. Muitos na esquerda continuarão a advogar pelos candidatos independentes, terceiros partidos ou Democratas “progressistas” como Bernie Sanders. Em resposta, precisamos não só articular que isto é uma estratégia sem saída, mas oferecer alternativas sérias para as pessoas engajarem-se e compreenderem o que queremos dizer com nosso lema de Autodefesa Comunitária.

Através dos EUA, de cidades à áreas rurais, é imperativo que anarquistas e antiautoritários empenhem-se em construir organizações para lutar contra a insuflada extrema-direita, para defender por meio de ações militantes as necessidades das comunidades da classe trabalhadora e para combater a repressão estatal. Precisamos encorajar ampla participação daqueles que estão agora procurando uma alternativa à estratégia falida que nos trouxe a este momento. Ao prosseguir, precisamos assegurar a resistência contra a pressão de organizações sem fins lucrativos e eleitoralismo, que certamente bloquearão as atividades radicais uma vez que o Partido Democrata se recuperar.

Trump é um oportunista que entendeu a frustração de pessoas brancas com dificuldades e se aproveitou desta raiva. Ele não é no momento um fascista, mas tem tendências fascistas que encorajam fascistas e autoritários de muitos tipos. Chamá-lo de um deles limita nosso entendimento de fascismo, que precisamos desenvolver para melhor combatê-lo.

Estamos encorajados com o fato que tantas pessoas tomaram as ruas através do país. Esperamos que mais façam o mesmo. Os ataques de Trump na forma de política e os ataques físicos e intimidações de seus apoiadores precisam ser combatidos desde o primeiro dia.

Nossa organização precisa ser efetiva. O sentimento de desespero que muitos estão sentindo é baseado na realidade de uma extrema-direita ascendente. Agora, encontram pouca resistência. O senso de urgência que muitos de nós sentimos é um reconhecimento da necessidade de construir esta resistência. Está na hora de assumirmos esta tarefa, de encontrar novos companheiros dispostos a lutar e lutar. Ninguém virá nos salvar – não podemos usar este sistema eleitoral para lutar contra a extrema-direita de forma efetiva. Está na hora de parar de esperar e começar a defendermos uns aos outros nas ruas!

O Que Precisa Ser Feito:

1. Não à “cura” Nacional, trabalhar com ou permitir um período de graça ao Regime Trump.

2. Tomar as ruas – construir uma resistência militante.

3. Construir organizações de defesa da classe trabalhadora que resista a ataques racistas, agressões sexuais, ataques da segurança interna contra imigrantes e deportações, brutalidade policial e repressão estatal.

4. Agitar e organizar ações de trabalhadores – incluindo uma greve geral contra Trump.

5. Não confinar a luta de novo no Partido Democrata, no eleitoralismo e no Complexo Industrial e Sem-Fins-Lucrativos (ONG’s).

Fonte: http://m1aa.org/?p=1268

Tradução > PF

Conteúdo relacionado:

https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2016/11/04/eua-lutando-contra-a-extrema-direita/

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Tânia Diniz

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