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[Itália] A herança jesina dos anarquistas

By A.N.A. on 10 de Agosto de 2017

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“Somos todos filhos do povo”. Entrevista com Giordano Chanpa que fala desde o arquivo de Via Pastrengo com seus cerca de 10.000 documentos, incluindo panfletos, jornais e cartazes, e cerca de nove mil títulos de livros

Por Eleonora Dottori – 25 de julho de 2017

Dentro de uma das instalações na Via Pastrengo em Jesi, onde o Centro de Estudos Libertários Luigi Fabbri está localizado, há um tesouro. Uma herança cultural e literária que conta histórias: histórias de vida, compromisso social, histórias do que éramos e quem somos hoje.

Seria dito que as pessoas entediadas, vítimas de uma sociedade que é muito veloz, rápida em condenar sem julgamento, deveriam conhecer esta realidade. Não só porque o Centro de Estudos abriga uma imensa biblioteca de arquivos com cerca de 10.000 panfletos, documentos, jornais e cartazes, e cerca de 9.000 títulos de livros (não cópias), mas também porque a riqueza aqui está nas pessoas que o mantém vivo.

Giordano Chanpa é um destes: “a história do Centro de Estudos nasceu em meados da década de 1980, recuperando o nome do Círculo de Estudos Sociais Fabbri nascido após a liberação. Em Jesi os anarquistas têm uma forte presença: “O Martelo”, primeiro jornal internacional, datado de 1876 (algumas cópias são mantidas no arquivo) em que escreveu Errico Malatesta, foi impressa em Fabriano e Jesi. Não deve ser esquecido o contexto de toda a Itália central naqueles anos: o proletariado urbano estava nascendo, éramos artesão”. A presença anarquista na cidade é forte: “na primeira câmara municipal de 1944 – diz – havia dois anarquistas. Um era Attilio Santoni, um carpinteiro que junto com um republicano e um comunista (ou anarquista, também? Quem sabe!) tinham içada a bandeira vermelha no Duomo após a proclamação da República espanhola em 1931”. Para esse fato, outro anarquista, Vittorio Civerchia, levou cinco anos de prisão em Ventotene, onde estava Pertini.

Desde a década de 1980, estamos comprometidos a revitalizar o círculo em diferentes frentes: “apoio às lutas territoriais: o Interporto, o turbogás, a defesa da saúde pública, cantinas escolares e lutas estudantis, apenas para falar de um pouco. A reconstrução da memória histórica e social: em 1946 o Centro de Estudos de então organizou um concurso de poesia em vernáculo, significando estar presente a nível social com uma forma literária de manifesto social. Outro exemplo desse sentido de pertença que já não existe hoje: em 30 de abril de 1945, com o momento histórico ainda instável, foi trazido ao teatro Pergolesi o espetáculo “Primeiro de Maio” escrito por Pietro Gori, cujos rendimentos tinham sido destinados ao Comitê Nacional de Libertação. Socialidade e solidariedade: concertos foram feitos para a solidariedade com os desertores jugoslavos, antimilitaristas, em favor dos refugiados sírios e os trabalhadores que estavam desempregados”.

O pai de Giordano, Luigi, foi detido em Carcerette porque ele era um desertor: alistado na aeronáutica em 1942, após três anos, em Nápoles, quando a guerra terminou, cansado decide assinar uma licença falsa e voltar para casa onde ele é preso e condenado. Meio século depois, os anarquistas de Jesi vão encontrar um lugar naquela estrutura. Na atual, na Via Pastrengo, foi a primeira escola industrial criada por Mussolini.

É aqui que está preservado um imenso patrimônio literário: “Supomos que todos os livros merecem respeito por isso temos mantido um pouco de tudo não só livros sobre anarquia. O material deriva de compras próprias, ou fruto de doações ou recuperado de arquivos históricos. Os volumes (mantidos em dupla fila) são divididos em várias seções: conhecimento, do internacionalismo para as lutas das mulheres, passando através das humanidades, filosofia, pedagogia. Uma seção dedicada ao local, de Jesi, à temas em geral. A seção anarquista com jornais, boletins e revistas, algumas peças raras. A seção Ottorino Manni, a mais velha, que se recuperou de Senigallia. Finalmente a biblioteca circulante: qualquer um pode vir e pegar um livro, trazê-lo de volta, trocá-lo ou mantê-lo para sempre sem nos dar nada em troca”. Todos isso aos sábados à tarde.

Fonte: http://www.centropagina.it/attualita/il-patrimonio-jesino-degli-anarchici/

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

Rastros de vento,
escuridão de brasas,
um salto suave.

Soares Feitosa

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