Escute o novo álbum extraordinário do trio de Liverpool, The Unlawful Assembly, e prepare-se para a luta de classes que se aproxima.
Por Kim Kelly
“O Anarquismo tem um lema infalível e imutável, a ‘Liberdade’. Liberdade para descobrir qualquer verdade, liberdade para se desenvolver, para viver plenamente e de maneira natural.”
Assim disse a escritora, organizadora e ícone anarquista, Lucy Parsons, quase um século atrás. E suas palavras ainda permanecem verdadeiras sobre a distopia em decadência na qual aqueles com quem ela se aliou – mulheres, negros, trabalhadores, revolucionários – ainda buscam. O Anarquismo, como filosofia política, já foi tão distorcido pelo Estado, pela mídia e pelo seu próprio obscurantismo atual do espectro esquerdista, que a maioria daqueles que busca entender – ou criticar – seus princípios e táticas ainda não conhece os conceitos pelos quais todos os anarquistas lutam: a liberação. Liberação do Estado, dos chefes, da hierarquia – liberação de todos os sistemas opressores e para todas as pessoas.
Embora o metal extremo esteja pendendo para a direita reacionária, seu senso de rebelião inerente, desprezo pelas autoridades e valorização pela liberdade individual tem muito mais a ver com a filosofia política esquerdista – concordem ou não os imorais neonazistas e enaltecedores do nazismo. Dawn Ray’d entende isso perfeitamente, canalizando seu espírito revolucionário em uma corrente de black metal, que deve tanto a Iskra e Anti-Cimex, quanto às tradições de folk da classe trabalhadora do norte da Inglaterra e ao black metal clássico norueguês. O novo álbum do trio de Liverpool, The Unlawful Assembly, reaquece a pequena, mas resistente tradição esquerdista do black metal, criando músicas com uma atmosfera potente de violino que se transforma em hino de batalha para a luta de classes.
Músicas mais pesadas, como “Held in a Lunar Synthesis”, soam como um vento congelante e se equilibram com músicas mais introspectivas, tristes lamentos, como “Future Perfect Conditional”. Ao unir cordas e vozes suaves – aprimoradas pela antiga banda de dois dos integrantes, o quarteto pós-hardcore We Came Out Like Tigers – suaviza os momentos mais agressivos do álbum, adicionando profundidade, nuances e uma complexidade geral, que por si só seria um excelente disco de black metal. O violino adiciona certa rusticidade celta às passagens melódicas do álbum (o que não surpreende, devido à origem da banda), mais notável na emocionante “Island of Cannibal Horse” e na maravilhosa “The Ceaseless Arbitrary Choice”, somando uma pitada de tristeza. Não é um álbum animado, de modo algum. Na verdade, rompe sua fúria com tristeza e uma determinação sombria. Uma revolução não se faz sem dança, mas essa é mais uma valsa lúgubre, do que uma energética dança.
A disposição de Dawn Ray’d em forçar os limites musicais com suas convicções políticas os distingue do cenário que geralmente se mantém estagnado. E considero, com segurança, The Unlawful Assembly como um dos melhores álbuns de metal extremo de 2017. (Claro que sou um pouco tendenciosa, já que sou fã da banda há algum tempo e é uma das únicas bandas de black metal atual que reflete minhas próprias escolhas políticas, mas – mesmo que você seja uma daquelas criaturas bizarras que insiste que “metal não é política!” e muda de canal toda vez que a notícia aparece, deveria explorar esse disco).
— The Unlawful Assembly traz um entendimento sobre o que e quem é a banda, — contou o vocalista e violinista Simon B. à Noisey. — Nosso EP de estreia, A Thorn, A Blight, foi nosso primeiro lançamento juntos como uma banda de black metal e estou orgulhoso disso. Mas esse disco para mim é o exemplo claro do que essa banda precisa ser. É a banda de black metal que eu quero ouvir, é a política que estou procurando, mas nunca encontro nas músicas. E é sua sutileza e também seu drama, que eu acredito que o black metal deva ter.
Não poderia ter dito melhor. A pré-venda do álbum está disponível pelas gravadoras Halo Of Flies e Feast of Tentacles. Seu lançamento oficial será no dia 2 de outubro.
Clique abaixo para ouvir e nunca se esqueça: até que todos sejamos livres, nenhum de nós é livre.
https://soundcloud.com/user-467405464
Tradução > Amanda Laet (linkedin.com/in/amanda-laet-8733ba114)
agência de notícias anarquistas-ana
Lanche no pátio –
Pombinhas famintas
ao toque do sino!
Lais Dias dos Santos – 11 anos
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!