Por Alcedo Mora Carrero¹
Para todos nós que carregamos a luta pela aparição com vida de meu pai, Alcedo Mora, e dos irmãos Jesus e Eliécer Vergel desaparecidos em 27 de fevereiro de 2015, tem sido muito dolorosa a notícia da descoberta do corpo sem vida de Santiago Maldonado no sul da Argentina. Sem dúvida, é um crime do Estado que o governo de Macri fez todos os esforços para ocultar, tentando a todo o custo encobrir a Gendarmeria [polícia]. Enviamos nosso abraço solidário aos parentes e amigos de Santiago, morto por solidariedade com a luta do povo mapuche. Tem sido exemplar a bravura com que a família e milhares e milhares de argentinos se mobilizaram e desmascararam o governo. O aparecimento do corpo de Santiago foi graças à luta.
Aqueles na Venezuela que lutam contra o desaparecimento forçado e exigem o aparecimento de Alcedo, Jesus e Eliécer, infelizmente também encontram com autoridades que se recusam a investigar o crime porque são cúmplices. Alcedo Mora foi um revolucionário desaparecido por relatar atos de corrupção na PDVSA [petroleira estatal da Venezuela], juntamente com os irmãos Vergel, camponeses colombianos refugiados na Venezuela. O pai dos irmãos Vergel também foi sequestrado em maio, mas conseguiu escapar e declarou que seus captores eram membros do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional e paramilitares colombianos e que lhe disseram que o meu pai e os irmãos Vergel tinham sido mortos e que o mesmo aconteceria com qualquer um que investigasse o caso. Apesar de todos estes fatos e ameaças contra nós, de todas as alegações que fizemos a nível nacional e internacional, o governo continua não investigando.
Por tudo isso, é muito escandaloso que a Chancelaria venezuelana tenha emitido uma declaração criticando a repressão do governo argentino e a violação dos direitos humanos e até mesmo reivindicações de direitos do povo mapuche. Em primeiro lugar, porque o governo venezuelano exerce grande repressão contra os setores populares, viola os direitos humanos e não investiga os desaparecimentos forçados por motivos políticos como o caso do meu pai e dos irmãos Vergel. E em segundo lugar, porque o governo venezuelano aprisionou o cacique do povo yukpa Sabino Romero em 2009, e policiais de Machiques sob o governo municipal do PSUV [partido governista ligado ao presidente venezuelano Nicolás Maduro] matou-o em 2013. E porque o aprisionaram e mataram? Pela mesma razão que está preso Facundo Jones Huala, simplesmente por defender o direito ao território de seu povo. Então é uma mentira que o governo venezuelano se solidariza com os povos indígenas, e exigimos que reconheça o território dos povos indígenas venezuelanos e pare de entregar suas terras para as transnacionais com o projeto do Arco Minero do Orinoco, que deixe de reprimir os yukpa e outros povos indígenas e que liberte todos os prisioneiros políticos indígenas como os filhos de Carmen Fernández. Se o governo repudia os métodos ditatoriais então que não os empregue contra o nosso povo e que o Defensor do Povo e Procurador-Geral, Tarek William Saab, realize uma investigação sobre o desaparecimento forçado de Alcedo, Jesús e Eliécer.
Reiteramos a nossa solidariedade com o povo mapuche e os familiares e amigos de Santiago Maldonado. Estamos irmanados na mesma luta.
[1] Texto escrito pelo filho da vítima do caso mais emblemático de desaparecimento forçado na Venezuela chavomadurista.
Fonte: http://periodicoellibertario.blogspot.com.br/2017/10/con-maduro-como-con-macri-hay.html
Tradução > Liberto
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