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[Grécia] Falemos sobre o fascismo moderno, parte II

By A.N.A. on 6 de Novembro de 2017

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Neste post, publicamos a segunda parte de uma série de artigos temáticos sobre a diacronia do fascismo no território do Estado grego. O artigo original, intitulado “Falemos sobre o fascismo moderno” e subtitulado “atualizar nossa análise e organizar a guerra contra suas raízes e não apenas contra os fascistas declarados”, foi publicado no site da coletividade anarquista de Volos Manifesto. A primeira parte pode ser lida clicando no link abaixo.

Recordemos de como a peste fascista nasceu e aumentou

“A nação não é a causa, mas é o resultado do Estado. É o Estado que cria a nação e não é a nação que cria o Estado… A nação é a luta artificial pelo poder político, assim como o nacionalismo nunca foi nada além da religião política do Estado moderno. Pertencer a uma nação nunca é determinado por causas naturais profundas, como pertencer a um povo. Pertencer à nação sempre tem razões políticas e baseia-se nas razões do Estado por trás das quais sempre estão os interesses das minorias privilegiadas“- Rudolf Rocker, 1937, Nacionalismo e Civilização.

O fascismo apareceu como uma corrente ideológica-política no início do século XX e, algumas décadas depois, assumiu a forma de um Poder estatal autoritário. Tendo como principais eixos de sua influência política no corpo social o nacionalismo e o racismo, ele brindou seus “favores” relativamente rápidos às classes burguesas da época, que o adotaram e o apoiaram plenamente. Em um momento de revoltas sociais e revoluções de classe, em um período histórico crucial para a reprodução do sistema capitalista, o fascismo rapidamente formou as condições sociais políticas e autoritárias apropriadas para reprimir os oprimidos, durante o choque de classe então desenvolvido, entre opressores e oprimidos, e para montar o matadouro dos estratos sociais inferiores em todo o mundo. A “nação” – o Estado e a guerra são irmãos gêmeos. Não pode haver um sem o outro, e eles farão todo o possível para coexistir.

Em geral, a evolução desta guerra mundial é conhecida. Muitas dezenas de milhões de proletários foram massacrados, tendo fé cega em alguma bandeira “nacional”. Milhões de sujeitos fiéis à Soberania e impregnados com a propaganda nacionalista e “patriótica” dos Estados fascistas ou não, sacrificaram suas vidas, sem qualquer forte resistência social e política, constituindo as peças recicláveis ​​no tabuleiro de xadrez do capitalismo internacional. É um tabuleiro de xadrez em que as classes burguesas “nacionais” das coalizões estatais em conflito, bem como a classe governamental burocrática do capitalismo de estado da União Soviética capitalista, disputavam de forma belicista “espaços vitais nacionais” (novos mercados, novas fontes de matérias-primas, vias comerciais, infraestruturas, etc.). Disputaram a extensão territorial de sua soberania e uma posição melhor ou mais privilegiada na divisão do trabalho em todo o mundo no período pós-guerra. Além dos milhões de proletários sacrificados nos campos de batalhas pelos interesses dos soberanos e, além dos milhões de civis indefesos mortos nos constantes bombardeios de cidades e áreas habitadas, com execuções em massa sistematicamente organizadas, com torturas e pogroms, nas dezenas de campos de concentração, trabalho forçado e extermínio em massa, o fascismo-nazismo, já possuindo uma entidade estatal, revelou na prática suas raízes: exploração de classe, racismo, nacionalismo e patriarcado.

Os batalhões de assalto organizados pela socialdemocracia alemã antes da guerra (Freicorps) para reprimir as revoltas de classe e as revoltas sociais constituíram o germe da criação dos respectivos batalhões de assalto nazistas (SA). Milhões de judeus, pessoas de fala eslava, ciganos, comunistas, anarquistas, homossexuais, bem como pessoas de identidade cultural, política e religiosa diferentes da dominante, foram colocadas na mira com a lavagem cerebral de Goebbels, acusado de “seres inferiores”, “animais”, “terroristas”, “traidores da nação”, “inimigo interno” e “miasmas”, foram presos em campos de concentração e trabalhos forçados, constituindo por muitos anos o potencial obreiro que trabalhava gratuitamente para a burguesia, até que, no final, a maioria deles foi levada para os crematórios, onde foram exterminados massivamente. O sangue de dezenas de milhões de pessoas regava a horrenda árvore do fascismo-nacionalismo e aumentou dramaticamente os lucros dos soberanos. Ao lado desta imagem horrível dos campos de concentração nazistas, há outro que os vencedores desta guerra mundial conseguiram apagar da história: um dos campos de concentração montados nos EUA durante a guerra. Seu conceito (inspiração) era semelhante ao dos nazistas. Naquela época, os cidadãos americanos de origem japonesa morreram neles. Além disso, dezenas de milhares de “americanos-japoneses” sofreram por muitos anos (após a guerra) o “patriotismo” e o racismo do Estado “democrático” dos Estados Unidos.

No território do Estado grego, a ditadura de Metaxás (regime fascista estabelecido em 4 de agosto de 1936), seguindo os passos do fascismo italiano e do nazismo alemão, tendo o apoio da corte (que, no entanto, pertencia a esfera de influência britânica), constituiu uma receita similar de gestão política por parte do Capital “nacional”, cujo objetivo era a repressão imediata e absoluta do movimento operário daquela época, de suas organizações e dos partidos comunistas, que aspiravam à derrubada revolucionária do capitalismo. Naquela época, a Inglaterra “democrática” não teve problemas para colaborar e ajudar um regime fascista. Esse fato demonstra mais uma vez no curso da história quão hipócrita e falso é o chamado “antifascismo” da democracia burguesa contemporânea e quão vil é sua versão moderna: o “espectro institucional”.

O texto em grego:

https://manifesto-volos.espivblogs.net/2017/09/18/about-fascism/

O texto em castelhano:

http://verba-volant.info/es/hablemos-del-fascismo-moderno-parte-ii/

Tradução > Liberto

Conteúdo relacionado:

https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2017/10/25/grecia-falemos-sobre-o-fascismo-moderno-parte-i/

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Yeda Prates Bernis

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