Ação combate grupo que divulgava conteúdo racista no Vale do Itajaí
Revistas, camisetas, vídeos e um desenho de traços até infantis. Armas, um punhado de maconha e cinco pessoas conduzidas para prestar depoimentos, dois com tatuagens pelo corpo com símbolos de grupos supremacistas. Este foi o saldo da Operação Hateless – Menos ódio, em tradução livre – deflagrada pela Polícia Civil de Blumenau para desmontar uma organização acusada de cometer crimes de racismo e fazer apologia ao nazismo. De acordo com o delegado Lucas Gomes de Almeida, da 2ª Delegacia de Polícia de Blumenau, eles atuariam com orientação de um grupo neonazista de São Paulo que estaria tentando se instalar em Blumenau.
Foram cumpridos cinco mandados de busca e apreensão em três cidade do Vale do Itajaí: dois em Blumenau, dois em Itajaí e um em Indaial. Em todos os locais, uma pessoa foi conduzida de forma coercitiva para prestar esclarecimentos à polícia. Segundo Gomes, foram conduzidos quatro homens – dois de Blumenau e dois de Itajaí – e uma mulher, de Indaial.
Ele explica que desde a denúncia apresentada pelo advogado Marco Antônio André, de Blumenau, que se deparou com dois cartazes com ameaças por ele ser negro e praticante do candomblé colados em sua porta e em um poste em frente a sua casa, as investigações tiveram início. Gomes diz que a apuração dos fatos apontou para o grupo, que também seria responsável por cartazes com mensagens de ódio que foram colados pelas ruas de Blumenau no dia 21 de outubro. De acordo com o delegado, um dos rapazes confessou em depoimento que confeccionou e colou os cartazes sem ajuda de ninguém. Esta confissão, de acordo com Gomes, também estaria em uma gravação arquivada no celular apreendido com a garota.
Os cinco foram ouvidos e liberados pelo delegado. Um deles deve responder por porte de arma de fogo em Itajaí, já que em sua casa foi encontrada uma arma durante o cumprimento do mandado. Em Blumenau, o delegado deve concluir o inquérito pelos crimes de injúria e racismo e, se comprovada a participação de todos, podem ser condenados a até 10 anos de prisão.
Relembre o caso
Em setembro deste ano o advogado Marco Antonio André, morador de Blumenau, se deparou com cartazes, um colado na porta de casa e outro em um poste da rua onde vive, no bairro Ponta Aguda, que traziam com símbolos de um grupo supremacista norte-americano e faziam ameaças por ele ser negro e praticante do candomblé. Diante da situação, Marco Antonio publicou um desabafo nas redes sociais que teve mais de 1,4 mil compartilhamentos em menos de 24 horas.
Após o ocorrido, o secretário de Estado da Segurança Pública César Augusto Grubba determinou rigor na apuração e identificação dos autores de cartazes racistas e de intolerância religiosa vistos em Blumenau. Ele também orientou que a equipe de videomonitoramento da SSP fizesse uma busca minuciosa nas imagens captadas pelas câmeras instaladas nos locais onde os cartazes foram colados.
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