[Espanha] 1º de Maio: continuar avançando

Já nada será igual. Este 1º de Maio foi diferente dos outros; este 1º de Maio foi feminista, e a partir de agora todos serão assim. Vínhamos de uma convocatória de greve feminista em 8M [8 de março], um marco histórico, e a conhecida sentença do caso de “La Manada¹” não fez senão desnudar o patriarcado que sofremos. Nós as mulheres estamos em pé de guerra e nada nos parará.

Mas cuidado.

Os dias passados temos visto como representantes de diversos âmbitos denunciaram o sexismo hegemônico. Não obstante, a transversalidade que se deduz de tantas vozes é enganosa. Alguém acredita que um julgamento por agressão sexual seria o mesmo se a vítima fosse a herdeira de um banqueiro e não a filha de uma família trabalhadora?

Não nos enganemos.

A Justiça não é operária. O vemos continuamente quando temos que defender nossos direitos trabalhistas, vendo-nos obrigadas a buscar as brechas apresentadas por umas leis que encarnam os interesses de nossos exploradores. Podemos, portanto, confiar nos tribunais que as interpretam? Podemos esperar igualdade de condições em uma sociedade capitalista?

De que nos servem uma Margaret Thatcher, uma Angela Merkel ou uma Inés Arrimadas mostrando o sorriso do patriarcado?

Só nos resta seguir lutando por uma justiça social e trabalhista.

Secretariado Permanente do Comitê Confederal

Fonte: http://cnt.es/noticias/1-de-mayo-continuar-avanzando

[1] Um estupro coletivo cometido por cinco homens contra uma jovem de 18 anos, durante as celebrações da famosa festa de São Firmino, em Pamplona. Na última quinta-feira (26/04), os jovens foram condenados a nove anos de prisão cada um por abuso sexual. Desde então, milhares de manifestantes se reuniram em diversas cidades espanholas para dizer que “não é abuso, é estupro”.

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agência de notícias anarquistas-ana

Uma árvore nua
aponta o céu. Numa ponta
brota um fruto. A lua?

Guilherme de Almeida