Vemos o celeste do céu, o branco das nuvens e o amarelo do sol, mas nem todos veem o vermelho do sangue que o Estado argentino vem arrastando desde seu nascimento.
Por quê nem todos veem essa cor? Serão cegos? Não, pura e simplesmente porque não lhes convêm. Porque teriam que afirmar que este país chamado Argentina nasceu e avançou assassinando, enganando e colonizando a existência de outros seres que apresentam outras formas de ver e praticar a vida. Isto não é um lamento, queria que fosse um ponto de tensão para refletir. Em prol de quê correu tanto sangue? Esse sangue que sempre foi dos despossuídos, pobres, explorados e quase nunca dos que tinham em suas mãos dinheiro e títulos de propriedade.
“Isso tinha que acontecer pelo bem da nação”, “se não tivesse acontecido isso, ainda dormiríamos em choças”, “isso já aconteceu faz muito tempo, agora há mais igualdade”, “eu não tenho nada que ver com isso”, “este governo não tem nada que ver com o outro”. Conservadores, néscios, progressistas, frívolos, cínicos e hipócritas, todos “põem a camiseta”, uns mais que outros, cada qual tem seu discurso conforme o que lhe convenha.
Querem nos unir sob uma identidade que arrasta consigo o extermínio de conhecimentos ancestrais sobre os rios, mares, montanhas, ervas, animais, a aniquilação da contemplação e o desfrute de uma atividade para sobreviver, o envenenamento do território que pisamos. Essa identidade onde não somos mais que um número, onde tuas horas de vida valem o que um chefe diga, que onde queiras pisar tem um custo. Essa identidade do sistema mercantil, do consumo, do trabalho assalariado, enganado sob divisões geográficas e palavrório barato legalista que inventaram e inventam mercenários e defensores deste sistema miserável.
Por quê o sangue que corre sempre é dos despojados? Por quê sempre somos as pobres as que trabalhamos sob o sol ou por um salário miserável? Por quê somos as pobres as que morremos por abortar? Por quê somos os pobres os que terminamos nos cárceres? Por quê estamos condenados a pagar aluguel toda nossa vida? Será porque em 1820, 1878, 1933, 1995, 2014 ou hoje a lógica do progresso é a mesma, mas a gestionam diferentes mercenários.
Os festejos com tua camiseta não me interessam, abaixo o mundial de futebol!
Amemos o território onde vivemos, desprezemos os que nos exploram.
Tradução > Sol de Abril
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agência de notícias anarquistas-ana
No meio da noite,
A voz das pessoas que passam —
Que frio!
Yaha
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!