No sábado, 16 de junho, em Bar-le-Duc, entre 2000 e 3000 pessoas participaram da grande manifestação contra o projeto que visa enterrar lixo radioativo em Bure¹. Este dia foi também uma oportunidade para mostrar força e determinação em um contexto de maior repressão (incluindo as sentenças de detenção preventiva distribuídas aos opositores antinucleares).
Basta dizer que a manifestação parece ter ocorrido em uma cidade fantasma: a maioria das lojas tiveram suas janelas fechadas, com exceção de algumas (inclusive houve uma situação com um comerciante que usava uma bandeira francesa). Por volta das 14 horas, o protesto se eleva com o grito de “Nem em Bure ou em qualquer outro lugar”. Meia hora depois, começam os ataques. No Quai Sadi Carnot, a empresa destruidora “Mangin”, subcontratada da Cigeo, perdeu todas as suas janelas. Entre as outras empresas danificadas, temos a BTP Eiffage, empresa com interesses no futuro centro de resíduos nucleares. Sua fachada foi coberta com adesivos.
Além disso, no bulevar de La Rochelle, uma empresa ligada ao cemitério nuclear foi hostilizada e alvejada com vários adesivos e pichações, e suas janelas quebradas. Um instituto de beleza também foi decorado com vários slogans. Duas agências bancárias também foram atingidas: a milicada se juntou para proteger a agência Crédit Agricole. Numerosas pedras voaram sobre as cabeças dos policiais, que responderam com golpes e balas de fumaça.
Quanto ao número de pessoas na manifestação, a imprensa minimiza, como frequentemente faz (falamos de duas interpelações durante o protesto e outras duas durante os concertos no local de Reggio ao final do dia). Veja o relatório sobre a repressão neste dia no final do artigo. Uma prisão na Praça de Reggio também provocou uma resposta de várias raivas ainda presentes no local.
Na manhã seguinte, o prefeito de Bar-le-Duc, Martine Joly, disse que queria “as paredes da escola limpas de adesivos difíceis de entender para os alunos”. Essa escória não gostaria que as crianças fossem à escola para perceber que elas estão crescendo em uma área irradiada por centenas de milhares de anos. Logo depois, não duvidou em descrever os “terroristas” raivosos: “Atacaram cobertos pelo anonimato pessoas que não pediram nada. Isso é terrorismo. Janelas e paredes se tornam pessoas. Tanto a vida humana como a não humana podem morrer, aparentemente, isso não é problema deles”.
“Também estou zangado com os organizadores, especialmente quando estão em posições que banalizam esse tipo de ação”.
A seguir, uma fala dos organizadores (Cedra, Eodra e Owls-Owls of Bure): “Nós não aprovamos, mas entendemos a raiva expressada. […] Um rótulo desaparece e as janelas quebradas são reversíveis, não um reator nuclear com lixo radioativo durante mais de 100.000 anos”.
contratodanocividad.noblogs.org
Tradução > Liberto
>> Nota:
[1] Bure, um lugarejo de 90 habitantes, resiste firme à intenção das autoridades de depositar dejetos radioativos em suas terras.
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Carregado de flores.
João Toloi
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!