Irregular Rhythm Asylum (IRA) é um infoshop aberto em 2004. Mantendo anarquismo, arte e ativismo como assuntos principais, conta com livros, zines e outros bens relacionados à movimentos sociais, cultura de resistência e com o cenário DIY, do mesmo modo que serve como espaço para reunir as pessoas envolvidas, tanto do Japão como estrangeiros. IRA também serve de local para eventos: conversações, exposições, mostra de filmes, workshops, festas…
por Jack Heslehurst
As luzes de neon piscando de Shinjuku ilumina um bairro famoso pela multidão incessante em sua estação, seus arranha-céus de vidro e ferro ocupados pela elite empresarial nacional, grandes lojas e a marca distinta de imoralidade que emana de Kabukicho. No entanto, tudo isso engana sobre o passado de Shinjuki como o núcleo do nascimento da contracultura.
Nos anos 60, Shinjuku era uma concentração de radicais, artistas e intelectuais com uma miríade de convicções, um lugar no qual pessoas com as mesmas opiniões podiam se expressar em oposição ao “milagre econômico”, que estava transformando as instituições do Japão rapidamente. Foi o lar do movimento angura (underground), aonde hippies cantaram, beatniks agiram, vanguardistas performaram e esquerdistas protestaram. Em 1968, as ruas de Shinjuku também viraram um campo de batalha, pois as manifestações antiguerra irromperam em violência.
Infelizmente, pouca evidência dessa época sobreviveu às máquinas de demolição e escavação do aperfeiçoamento. Isso é, exceto o Irregular Rhythm Asylum (IRA). Localizado no terceiro andar de um apartamento modesto ao leste de Shinjuku, alguns minutos do Shinjuku Gyoen, o IRA é um dos espaços de contracultura mais importantes de Tóquio.
Kei, o proprietário, descreve o lugar como um “infoshop” — isso é, um ponto para artistas locais e internacionais, ativistas e curiosos com vontade de aparecer e compartilhar ideias, mostrar seu trabalho e passar tempo. Quem quer que você seja, será bem-vindo de braços abertos na pequena loja, aonde Kei sempre estará atrás do balcão. Fluente em inglês e totalmente alegre, Kei sempre está disposto a conversar e mostrar o espaço para as pessoas. Do mesmo modo que funciona como um local para encontros, o IRA também vende uma variedade de livros (incluindo uma boa quantidade de títulos ingleses), zines, CDs (muitos punks) e itens feitos manualmente, como camisetas, bolsas e badges.
O IRA começou a funcionar em 2004 quando Kei assumiu o espaço de um grupo de amigos designers. Ele acredita que lugares como o IRA são importantes para os artistas DIY e músicos, assim como para promover ativismo sem hierarquia e destacar assuntos importantes que possam passar despercebidos pelo mainstream (convencional). Antirracismo e antinuclear (especialmente após o desastre de Fukushima) estão no centro disso, embora recentemente a resistência a alguns elementos destrutivos da Olimpíada de Tóquio em 2020 também estejam agitando o local. Se você quer aprender mais sobre esses problemas, ativismo no Japão de forma mais genérica ou apenas participar, sinta-se à vontade para aparecer.
O IRA também fornece o espaço para eventos regulares e workshops que sempre trazem novos participantes. No começo das noites de quinta-feira (começando às 19h), um grupo chamado A3BC se junta para um workshop de xilogravura, onde pinturas com temas políticos são criadas em coletivo. Mesmo aqueles sem experiências são encorajados a participarem e aprenderem tudo o que precisam saber. Da mesma forma, nas terças-feiras, uma roda de costura se reúne e todo o equipamento é fornecido sem custos.
Além desses eventos, também há palestras periódicas, mostras de filmes e festas. Dois eventos particularmente notáveis aconteceram lá no ano passado: as palestras de arte política no Japão nos últimos 100 anos e uma festa especial organizada pelo coletivo de zine Perzine Blues Syndrome, que contou com a participação de vários criadores de zine de todo o mundo. Também no ano passado o IRA organizou o No Limit, um festival de eventos por Tóquio que durou uma semana. Juntando artistas e ativistas de toda a Ásia, o evento foi elaborado para desenvolver solidariedade e expor artes radicais. Para saber mais sobre isso e tudo que acontece no IRA, cheque a página deles no Facebook.
Não faltam lojas em Tóquio para comprar livros ingleses, mas nenhuma possui um estoque como o do IRA. Claro, títulos de anarquistas famosos como Emma Goldman, Bakunin e Chomsky estão presentes, mas também se encontra uma excelente variedade de livros escritos por autores menos conhecidos e editores independentes para serem pesquisados. Quando perguntam por recomendações, Kei rapidamente pega o My Escapes from Japando Osugi Sakae, um relato das façanhas de um anarquista japonês em Shangai e Paris durante os anos 20. Longe dos livros, os zines feitos à mão, berloques, camisetas e outros itens também são ótimos, e você certamente não vai achá-los em outro lugar pela cidade.
Ao passo que Shinjuku pode ter perdido sua reputação de radical, esse centro multidisciplinar de arte, política e cultura DIY está, certamente, fazendo um bom trabalho em manter a bandeira da contracultura hasteada. O IRA é um pouco de ar fresco e vale a pena a visita.
Irregular Rhythm Asylum
Endereço: 160-0022, Shinjuku, Shinjuku-ku Tóquio, Japão.
Localidade: Shinjuku
Telefone: +81 3-3352-6916
Site: ira.tokyo
FB: irregularrhythmasylum
Tradução > Lucas Insuela
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agência de notícias anarquistas-ana
Grilos saltitantes
São bem divertidos
E cantam alegres.
Pedro Henrique Senkiv – 11 anos
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!