“Continuaremos até que a justiça seja alcançada”. As palavras de Jorge Merino concluiu a manifestação realizada em seu apoio e de Paul Alberdi, condenados esta semana a 1 e quase 5 anos de prisão após a greve geral do 14N, em de 2012
por Israel Rodríguez Citores | 08/09/2018
Uma tempestade começou ao mesmo tempo em que se iniciava a manifestação em apoio a Jorge Merino e Pablo Alberdi na entrada do novo prédio dos Tribunais de Logroño. Os quase 30 litros por metro quadrado que caíram sobre a capital de La Rioja não conseguiram deter mais de 2.000 pessoas que vieram para mostrar sua indignação com a sentença. Pessoas que também vieram de outros cantos do país, como Córdoba, Zaragoza, Mataró, Ourense ou Gasteiz.
Além da marcha logroñesa, também houve manifestações em diferentes cidades como Burgos, Zaragoza, Mataró, Madrid, Santander, Jerez, Valladolid, Córdoba, Pamplona e Sevilha.
Esta tem sido uma chamada de emergência ante uma condenação “surrealista e injusta” de acordo com o coletivo Stop Represión. Segunda-feira, 03 de setembro, Jorge e Pablo receberam a intimação para tomar ciência no dia seguinte da sentença do julgamento realizado em abril e que veio a encerrar o caso, após quase seis anos, do mais longo julgamento contra manifestantes pela greve geral de 14 de novembro de 2012. Na terça-feira foram ao Tribunal uma centena de amigos e parentes para receber notícias do ocorrido: um ano de prisão para Jorge por indução à desordem pública e quatro anos e nove meses para Pablo por conduta desordeira e ataque à autoridade.
Enquanto iam chegando, os assistentes se refugiaram sob os guarda-chuvas em diferentes grupos. Poucos minutos depois das 18h30 se leu um texto de boas-vindas que destacava como “na sentença da última terça-feira, o juiz copiou descaradamente o relatório inicial da Promotoria de quase seis anos atrás, rejeitando a evidência da defesa”. De acordo com o que coletivo defende, a juíza se dedicou a “desculpar as ações da polícia” ao invés de verificar os eventos pelos quais Merino e Alberdi são acusados. Posteriormente também foram denunciados o retrocesso nos direitos humanos, civis e políticos em La Rioja.
A manifestação começou com uma faixa na cabeça da marcha que dizia “Não há caso. Absolvição de Jorge e Pablo”. A medida que a dianteira da marcha já estava entrando na Gran Vía, ainda estavam saindo pessoas do Tribunal.
Apesar da chuva e do vento os participantes continuaram a expressar sua indignação ante a inesperada sentença gritando “Jorge e Pablo liberdade”, “Julgamento do 14N: vergonha, vergonha, vergonha” ou “Montagens policiais, terrorismo de Estado”.
Durante o percurso na Gran Via, os transeuntes e turistas se abrigavam da chuva nas marquises e lojas, e assistiam como a demonstração transcorria estoicamente sob o temporal. As pessoas não se importaram em molhar os pés nas poças que pontilhavam todo o percurso.
A manifestação chegou à Concha del Espolón depois de uma hora e meia de marcha. Ali se leu a declaração da plataforma Stop Represión de La Rioja divulgada na terça-feira passada, onde não fez nada mais do que dar a conhecer nesta sentença que há uma mensagem clara: “É perigoso pretender que você pode defender a sua inocência… enquanto a promotoria se pode permitir o luxo de não demonstrar a acusação”.
O secretário geral da CNT, Enrique Hoz, também tomou a palavra em defesa do direito de greve. Após as palavras de Hoz chegou a vez de Henar Moreno, advogado de Jorge, que comentou que a juíza “só se preocupa em ratificar o que tem dito o promotor e o promotor só se importa em nos enviar uma mensagem: a saída é o pacto, e é para se curvar, mas temos que continuar para que exista justiça neste país”.
Então Amparo Sacristán, mãe de Jorge, quis agradecer a todos que vieram porque, apesar de ter tido dias melhores e piores, nunca se sentiu sozinha. “Hoje é um dia muito triste: até o céu chora”. Finalmente, ela acrescentou que “quando alguém é inocente e demonstrou tal fato, não merece um dia de condenação”.
Jorge Merino interveio no último momento para lembrar, em primeiro lugar, ao seu companheiro Pablo Alberdi que suporta a maior condenação e não participou do ato para tirar alguns dias de folga com sua família mais próxima. “Nós não podemos falhar”, repetiu “Nós não podemos permitir que acabe na prisão. Nós não vamos tolerar isso”.
Merino quis enfatizar que, em 14 de novembro de 2012, saiu para defender os direitos da classe trabalhadora. Visivelmente emocionado, ele também quis agradecer a todos os participantes pelo apoio recebido: “Agradeço pela presença de vocês que vieram, suportaram o aguaceiro e estão sempre se molhando por nós, porque hoje mostramos que, apesar dos trovões e da chuva, estamos aqui”.
Finalmente, ele observou que as penas impostas pela sentença são “uma condenação própria do franquismo”, mas “continuaremos, continuaremos até que a justiça seja alcançada”.
Tradução > Liberto
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