Nos primeiros 70 anos do século passado Villaverde [em Madrid] era um bairro completamente rodeado por grandes empresas, sobretudo do setor da metalurgia. Era também, e em parte por isso, um bairro obreiro em permanente mobilização contra a ditadura, já em decomposição. E essas mobilizações nos ajudavam, e muito, as cantautoras e cantautores que, além de amenizar as lutas, nos congregavam por milhares nos espaços mai inverossímeis.
Um dia levamos ao bairro a Elisa Serna. Enchemos o salão de atos que pertencia à Igreja de San Andrés e o ambiente era de agitação e luta, como costumavam ser os concertos destas companheiras/os. Também esteve a autoridade governativa que nos premiou com uma multa de, creio recordar, 20.000 pesetas. A desculpa, a interpretação de “A la huelga” (À greve). O tema, incluído na lista de canções proibidas pelos censores da ditadura, era de Chicho Sánchez Ferlosio, que poucos anos depois o interpretou no Ateneu Libertário de Villaverde acompanhado de Rosa Jiménez…
Quarenta e cinco anos depois, faz pouco mais de dois meses, voltei a encontrar-me com Elisa Serna na Fundação Anselmo Lorenzo (FAL) e lhe dedicamos uns minutos a recordar tão longínqua história. Estava acompanhada de outra grande cantautora que, como ela, segue na canção e na luta: Julia León. Havíamos ido para desfrutar de um concerto de Serge Utge Royo, cantautor libertário de longa carreira na França. Não imaginava que seria a última vez que a veria, pois seguia ativa e com vontade. Como se publicou em diversos meios, iria atuar uns dias depois de seu repentino falecimento em Libertad, 8.
Sua trajetória profissional e sua influência já está publicada em muitos locais. Também quais foram suas referências, como Agapito Marazuela ou Paco Ibáñez. Valha este pequeno resumo pessoal como recordação e homenagem para publicar na FAL onde, sem sabê-lo, me despedi dela para sempre. Também um grande beijo e meu agradecimento por sua contribuição à luta antifascista.
Saudações,
Pascual
Fonte: http://fal.cnt.es/blog/es/node/37000
(*) A cantautora Elisa Serna faleceu no dia 04 de setembro, terça-feira, em Madrid, aos 75 anos.
agência de notícias anarquistas-ana
Uma flor que cai –
Ao vê-la tornar ao galho,
Uma borboleta!
Arakida Moritake
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!