Na quinta-feira passada (18/10) foi desalojado o CSO Ca La Trava de Barcelona em pleno bairro de Gràcia. A proprietária do edifício, a imobiliária “La Llave de Oro” projeta construir apartamentos de luxo no local. O bairro de Gràcia foi afetado nos últimos anos por fortes processos de especulação capitalista, assim como muitos outros bairros de Barcelona e outras metrópoles. No ponto de mira destes processos estão os centros sociais okupados, como ilhas de resistência frente aos processos gentrificadores e todas as transformações impostas pelo Estado e o Capital. Desde o centro social se realizou nos últimos meses uma intensa campanha de luta contra a especulação, pondo nome e sobrenomes: bancos, imobiliárias… A solidariedade também se fez notar com ataques solidários, também em Madrid.
O desalojo, efetuado pelos Mossos d’Esquadra [polícia catalã] teve como saldo a detenção de duas pessoas e ataques nas imediações. Pela tarde uma manifestação convocada se desenvolveu com enfrentamentos e ataques a bancos e a imobiliárias, resultando em várias pessoas identificadas e um detido.
Reproduzimos desde a conta de Twitter do CSO Ca La Trava o seguinte comunicado após os dias de luta depois do desalojo.
>> Comunicado do CSO Ca La Trava (21/10/2018)
PERDEMOS O CA LA TRABA, PERDEMOS O MEDO
A feroz colonização capitalista do bairro é de uma emergência inquestionável: cada vez somos mais as que nos vemos expulsas de casa ou sentenciadas a intermináveis horas de trabalho para ter um teto. Em resposta a isso, okupamos no meio de Gràcia para ser uma trava a este processo de gentrificação.
Na quinta-feira passada (18/10) às seis da madrugada nos assaltou a Brimo para acabar com dois anos de okupação e atividade política. Devido à resistência houve quatro denunciadas, duas delas detidas. Nossa resposta devia ser clara e contundente, “Desalojos São Distúrbios”. Os distúrbios tem a força de assinalar e atacar os únicos responsáveis pela violência que nos rodeia. Apartamentos turísticos, comércios e apartamentos de luxo, bancos e imobiliárias são os responsáveis pela destruição de nossos bairros.
Todas temos as ferramentas para levar às ruas esta mensagem e na quinta-feira o conseguimos. Atacaram-se três apartamentos turísticos, duas imobiliárias e um escritório bancário. Ademais, também se atacou o antigo “Banco Expropriado” e o antigo “Kan Demonio”, emblemas da Gràcia que queremos, que foram gentrificadas e os converteram em um Carrefour Bio e uns apartamentos de luxo. O cerco policial da segunda convocatória demonstra a efetividade e o poder de nossos atos. A Brimo e as elites políticas e econômicas estavam assustadas, não queriam que voltássemos a mostrar a debilidade de suas infraestruturas ante a contundência de nossos atos.
Desalojaram Ca La Traba mas nós seguimos aqui, em pé de guerra. Voltaremos a okupar, voltaremos a resistir e voltaremos a nos manifestar pelas ruas de Gràcia. O conflito de Ca La Traba não acabou, isto é só o princípio. Querem derrubar o edifício e construir apartamentos de luxo, mas não vamos permitir. Convidamos a todos a dar continuidade a nossa luta. Não podemos esquecer nem deixar ninguém para trás, no transcurso destes dias houve três companheiras detidas. A doçura da batalha é acompanhada pelo sabor amargo da repressão.
Com este comunicado queremos enviar-lhe toda nossa solidariedade, estamos aqui para cuidar-nos e apoiar-nos. Ombro a ombro somos mais fortes.
Ca La Traba nunca será apartamentos de luxo
CA LA TRABA SEMPRE SERÃO DISTÚRBIOS
CA LA TRABA RESISTE
Tradução > Sol de Abril
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agência de notícias anarquistas-ana
“Tremendo de frio
no asfalto negro da rua
a criança chora.”
Fanny Luíza Dupré
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!