Na guerra social nenhum guerreirx está só. Faixa em um viaduto de Porto Alegre (RS) em cumplicidade com Anahí | Hugo | Nicolas | Kevin | Misha

– Segue em curso a guerra …

– Mas que guerra? Rapaz!

– Ora, essa guerra latente e cotidiana, velada e explícita dos Estados, suas leis, empresas, seus tribunais e forças repressivas, telejornais, mineradoras, agronegócios, proprietários, seu modo de vida imposto, toda sua rede de dominação.

Na guerra social nenhum guerreirx está só

Anahí | Hugo | Nicolas | Kevin | Misha

Ke viva a anarkia

Sempre houveram, sempre haverão aqueles que não baixam a cabeça e respondem frente a guerra que é imposta com toda energia, amor pela liberdade e inflamado ódio contra quem a toma de nós.

Mikhail Vasilievich Zhlobitsky, Misha, respondeu aos ataques das forças repressivas russas, a FSB (Serviço Federal de Segurança), inimiga por natureza dos anarquistas. Que ataques? Com a celebração da Copa do Mundo o Estado russo botou em marcha uma tormenta repressiva contra anarquistas e antifascistas, prendendo, torturando inúmeros anarquistas de distintas regiões da Rússia. A FSB forjou a existência de uma organização terrorista anarquista fantasma obrigando anarquistas a assumir participação através de espancamentos e simulações de execução. Diante de uma tormenta que não passou com a Copa do Mundo e sua farra, Misha, foi visitar a sede da FSB em Arkhangelsk, norte da Rússia, no dia 31 de outubro, acompanhado de um artefato explosivo com acionamento imediato. No saguão de entrada se despediu da vida ferindo junto três agentes da FSB.

Kevin Garrido foi assassinado dentro da penitenciária Santiago 1, no dia 02 de novembro. Segundo a Gendarmeria (policia militar chilena) foi esfaqueado por outros presos. Kevin foi um sujeito indômito, hostil a dominação, foi perseguido pela polícia, acusado de responder a guerra imposta com guerra, foi preso, fugiu, foi recapturado, julgado, condenado, e em cativeiro, novamente, é assassinado sob custódia do Estado chileno, ainda no seu funeral a polícia apareceu para tentar agredir quem lhe dava uma última despedida.

Anahí Esperanza Salcedo não esqueceu que há 119 anos Ramón Falcón, chefe da polícia argentina, organizou uma chacina contra um protesto do 1° de Maio em 1909 em Buenos Aires, fato pelo qual foi morto por Simón Radowitzky que, com 17 anos, jogou uma bomba na carruagem onde o tirano estava. Anteontem, 14 de novembro de 2018, perto das 17 horas, Anahí levou um explosivo até a monumental tumba desse tirano, para que a memória do assassino não fique na paz do sistema. Mas, o artefato detonou antes do tempo, e ela está ferida, hospitalizada e detida.

HugoAlberto Rodriguez estava junto com Anahí na tumba de Falcón, naquela tarde. Com a coragem e o afeto daqueles que arriscam a vida e a liberdade agredindo o que agride, permaneceu com ela depois da detonação, ainda com as previsíveis consequências de ser detido.

Marcos Nicolás Viola foi detido, também no 14 de novembro de 2018, já pela noite, após ter jogado uma mochila com um artefato explosivo na casa do Juiz Claudio Bonadio. Esta “autoridade” é a encarregada do processo contra os 33 detidos pelos protestos no Congresso contra as reformas da previdência, em dezembro de 2017. Entre os detidos, estavam Pablo Giusto¹ e Diego Parodi², os quais receberam companhia e comida de Marcos Nicolás, quando estiveram sequestrados. Marcos Nicolás, indignou-se contra aquele que, assinando um papel, engaiola a vida das pessoas que não se calam diante das agressões democráticas e reformistas.

– Segue em curso a guerra …

E existem aqueles que respondem à guerra com guerra!

No território controlado pelo Estado argentino, os presidentes e líderes econômicos vão se reunir para tomar decisões sobre o mundo. Há quem diga que os dois ataques explosivos tem relação com o G20, reunião macabra que orientará as linhas da dominação, que ostenta segurança e consumismo, mas que saberá, também, que pelo menos existem uns loucos que não permaneceram indiferentes à dominação e… atacaram.

Que a fera não consiga quebrar a gaiola, que não consiga deter o carro, que morra no combate, ou que não ataque conforme às idéias dos “especialistas”, não pode desvalorizar o instinto fundamental de rosnar – não! E bater contra tudo o que oprime.

A apatia frente esta guerra em curso é um caminho quase seguro à submissão. Quando a morte, a tortura, os abusos, não provoquem nada nos corações, saberemos que esses corações estão mortos. Quando os ataques contra a grande máquina da dominação não provoquem pelo menos um sorriso em nossos próximos, saberemos que estão perdendo a cumplicidade da rebeldia. Não manter-se conformado é um sinal saudável de disposição de defender a vida contra a dominação, seus tentáculos, valores, conceitos e imposições… E estamos tão vivos!!!

É certo que “Na guerra social nenhum guerreirx está só”, nós, inimigos de toda autoridade, amantes da liberdade, brotamos de toda terra, não obedecemos as fronteiras criadas pelas guerras dos Estados, suas leis, empresas… Estamos tão vivos que não podemos fazer outra coisa que nos dispor a mandar um aceno para todos os que mostram uma genuína hostilidade contra a dominação.

[1] No protesto contra as reformas da previdência, que teve como característica principal a chuva de pedras contra os agentes da ordem, ele foi identificado, detido e acusado de ter jogado pedras contra os policiais, e de ter jogado uma bicicleta e mostrado uma faca quando o identificaram para detê-lo. Foi solto em 28 de março de 2018.

[2] No mesmo protesto, ele foi identificado, detido e acusado de ter jogado uma bomba molotov contra um policial e obstaculizado a sessão do Congresso, ficou sequestrado até setembro de 2018.

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