O último parque infantil em Exarchia se encontra no Parque de Navarinou. Apoie-nos em torná-lo maior.
No coração de Exarchia, o Parque Autogestionado de Navarinou respira, joga, cria e sonha. À propriedade monopolista do espaço, o Parque antepõe o direito aos bens comuns e responde a uma concreta necessidade social: a existência de espaços públicos e abertos de encontro e de lazer.
Em um estacionamento abandonado plantamos árvores, criamos um jardim e um espaço para eventos culturais e políticos, e construímos um parque infantil. Ainda que modesto em dimensões, esse se tornou o único parque infantil em Exarchia. Após uma década de intenso esforço solidário, e desafiando a miséria e a decadência, o Parque está tomando uma forma nova.
Os pais do bairro mesmo se organizam e se tornam ativos, cuidam do lugar, criam brinquedos e coordenam eventos infantis. À história do Parque como um lugar aberto de encontro e de cocriação se soma o parque infantil como um exemplo de autogestão social.
Este dinamismo impressionante e o impacto positivo em Exarchia nos inspiram a transformar o parque em um grande parque infantil. A ele vai se acrescentar o seguinte:
• balanços
• estruturas infantis
• quadra de basquete
• uma mesa de pingue-pongue
• um sistema de irrigação automática
• bancos
• mesas
• cerca
• iluminação renovada
Todos poderão utilizar o Parque, ninguém é excluído. Permanece aberto aos pais, aos avós e às crianças desde bebês até adolescentes, ao mesmo tempo que ampliamos as múltiplas funções do espaço para seu uso comum no bairro e mais além. Para consegui-lo, necessitamos sua ajuda.
Se há algo que nos anima a seguir adiante, é o impacto de nosso projeto não só em teoria mas na prática: na transformação construtiva de comportamentos, consciências, práticas e vidas cotidianas. Depende de nós aproveitar as oportunidades que nos são apresentadas. Se nós mesmos não lutamos por criar as utopias com as quais sonhamos, nunca existirão. Os convidamos a que nos apoiem nessa iniciativa.
Parque de Navarinou: Uma breve história
O Parque Autogestionado de Navarinou nasceu em 7 de março de 2009 quando centenas de residentes do bairro ateniense de Exarchia e de outros bairros ocuparam um estacionamento abandonado, propriedade da CTG (Câmara Técnica da Grécia), e o converteram em um espaço verde, de brincadeiras e de encontro. Desde então, o parque abrange múltiplos usos: horta, parque infantil e um lugar para ver filmes, fazer debates e organizar eventos.
O Parque foi e segue sendo o resultado de decisões tomadas por uma assembleia aberta de residentes do bairro e de outras partes de Atenas. Desde seu início, se baseou no trabalho coletivo e na contribuição dos participantes. Se mantêm independente de agentes estatais, municipais ou privados, e suas condições de operação estão configuradas de maneira coletiva pelos participantes. Como projeto, se origina na dinâmica geral que ganhou a autogestão social na Grécia durante o levantamento de dezembro de 2008.
Durante este levantamento, muita gente saiu às ruas não só para protestar contra o assassinato de Alexandros Grigoropoulos, mas também para buscar formas de comunicar-se, e para compreender e dar respostas a tudo o que estava sucedendo. Surgiram novas iniciativas coletivas e formas de autogestão, e se realizaram diversas iniciativas: comedores sociais, ocupações políticas, recuperação de espaços públicos (Parque entre as ruas de Kiprou e Patision), etc.
O Parque reflete com clareza a necessidade de retomar o controle sobre nossas vidas e o cotidiano, assim como sobre nosso lugar e tempo, e fazê-lo em termos anticomerciais, anti-hierárquicos e sem intermediários. À propriedade do espaço, o Parque antepõe a criação coletiva e horizontal da cidade e o direito aos bens comuns, e responde a uma concreta necessidade social: a existência de espaços públicos e abertos de encontro e de lazer. Em uma metrópole que foi literalmente saqueada pelo “desenvolvimento” urbano e todo tipo de atividades com finalidade de lucro, o Parque toma forma através da consulta democrática direta e o trabalho coletivo, longe de qualquer mentalidade de atribuir responsabilidades e tarefas a “especialistas” e “agentes”.
Contra todo prognóstico, o Parque de Navarinou já completou dez anos. No entanto, na atualidade nos vemos obrigados a operar em um entorno totalmente diferente. Dez anos depois da criação do Parque, o bairro de Exarchia se encontra à beira da decadência, correndo o risco de converter-se em um gueto. Tais condições geram práticas de violência autoritária por parte dos mais fortes contra os mais fracos, e geram fenômenos de canibalismo social. Condutas delitivas e antissociais que antes eram impensáveis (disparos, perseguições aos moradores, assaltos a pequenos comércios, ataques contra pessoas que se identificavam como homossexuais e transexuais, linchamentos de uma brutalidade inconcebível) agora fazem parte de nossa vida cotidiana. Em todas as ruas de Exarchia sem nenhuma exceção, o comércio de substâncias ilegais prospera, atraindo a sua clientela de toda a região de Ática, o que supõe um lucro enorme e permite às narco máfias reclamar o domínio absoluto sobre o espaço público. Ao mesmo tempo, são cada vez mais os residentes que se veem obrigados a abandonar seus lares, para que estes últimos se transformem imediatamente em aluguéis a curto prazo para turistas do “mundo desenvolvido” em busca da aventura que supostamente oferece esta peculiar “experiência urbana” de Exarchia.
Neste contexto, e graças à determinação e o compromisso dos participantes, o Parque conseguiu ser um espaço de uso comum que segue gozando do apreço e a esperança dos habitantes e dos coletivos.
Além disso, algo importante aconteceu aqui este último ano. O parque infantil atual, que agora ocupa uma pequena parte do parque, se converteu no único parque infantil de Exarchia. Depois de anos de duro trabalho para criar, manter e operá-lo, e o fato lamentável de que todos os demais parques infantis na zona foram destruídos ou abandonados, o parque infantil do Parque de Navarinou já é o único meio para cobrir a necessidade social principal das crianças e de seus pais de ter acesso a um espaço comum e acolhedor.
Mas há algo ainda mais importante. As mamães e os papais do bairro mesmos se organizam e assumem a gestão e o funcionamento do parque infantil. Um público mais amplo está sensibilizando-se, envolvendo-se e ocupando-se da limpeza e da iluminação do parque, cria e repara brinquedos e organiza eventos (para crianças). O Parque Infantil do Parque de Navarinou já representa um modelo de autogestão social e de planificação urbana para a zona.
Apesar de todas as expectativas e o ceticismo, o Parque está criando novas formas de comunicação e de socialização, integra as pessoas do bairro e dá respostas tangíveis a necessidades reais.
Este dinamismo impressionante e o impacto positivo em Exarchia nos inspiram a transformar o parque em um grande parque infantil. Todos poderão utilizar o Parque, ninguém será excluído. Permanece aberto aos pais, os avós e as crianças desde bebês até adolescentes, ao mesmo tempo que ampliamos as múltiplas funções do espaço para seu uso comum no bairro e mais além. Sendo um lugar de brincadeira, eventos e concertos, um lugar onde se pode cultivar plantas, ler, praticar esportes e reunir-se, ou simplesmente como um espaço verde e acolhedor, o Grande Parque Infantil permanece aberto a qualquer uso que não exclua outros usos.
Esta iniciativa já foi adotada por muitas pessoas em Exarchia, e não só aqui. No entanto, é um novo desafio para todos nós. Vivemos em um período de mobilização social em declive, de desilusão geral, de resignação e de decadência. Chegamos até aqui após um imenso esforço e uma luta constante. Se há algo que nos anima a seguir adiante, é o impacto de nosso projeto não só na teoria mas na prática: na transformação construtiva de comportamentos, consciências, práticas e vidas cotidianas. Depende de nós aproveitar as oportunidades que nos são apresentadas.
Parque Autogestionado de Navarinou
>> Vídeo (02:31), “Parque Autogestionado de Navarinou”:
https://www.youtube.com/watch?v=lQBCenHZKvw
>> Vídeo (03:00), “História do Parque de Navarinou”:
https://www.youtube.com/watch?v=UxqLYwspJjw
>> Para apoiar financeiramente (vaquinha online), clique aqui:
https://www.firefund.net/parkonavarinou
>> Contatos:
E-mail: parkingparko@espiv.net
Website: parkingparko.espivblogs.net
Facebook: Αυτοδιαχειριζόμενο πάρκο Ναυαρίνου / Navarinou self-managed park
Twitter: @pnavarinou
Tradução > Sol de Abril
agência de notícias anarquistas-ana
sementes de algodão
agora são de vento
as minhas mãos
Nenpuku Sato
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!